sábado, 1 de maio de 2010

MP tem acesso a carta que revela angústia de Eliseu antes da morte



Documento revelaria um esquema de pagamento de propina pela empresa Reação

O Ministério Público teve acesso a uma carta que revelaria a angústia do ex-secretário de Saúde de Porto Alegre Eliseu Santos dias antes de seu assassinato no bairro Floresta, em 26 de fevereiro. O documento, possivelmente entregue por ex-assessor da secretaria, falaria sobre um esquema de pagamento de propina da empresa de segurança Reação a integrantes do PTB para as eleições desse ano.
Na sexta-feira, o promotor Eugênio Paes Amorim disse à Rádio Guaíba que haveria informações fortes sobre o assassinato do ex-secretário. Questionado sobre possíveis novos rumos da investigação do MP, o promotor afirmou: "Na próxima semana, vem coisa forte aí".

Segundo a carta, o presidente do diretório municipal do PTB, José Carlos Brack, que possuia uma sala ao lado do escritório de Eliseu Santos, teria montado uma espécie de secretaria paralela para desenvolver negócios relacionados ao desvio de dinheiro no partido. O documento afirmaria ainda que Brack "agia de maneira dissimulada" na secretaria e em uma propriedade rural na zona Sul de Porto Alegre.

Ainda segundo a carta, após Eliseu ter sido informado sobre o esquema de propina, teria chamado Brack para uma conversa na qual ele o teria tranquilizado ao afirmar que nada havia acontecido.

De acordo com o documento, poucos dias antes do assassinato, Eliseu mostrou ao autor da carta um coldre e um revólver que trazia na cintura. O ex-assessor afirma que o ex-secretário sabia que sofreria um atentado em alguns dias.

Resposta

Em entrevista à Rádio Guaíba, Brack negou envolvimento no caso. “Eu estou acompanhando pela imprensa, acho que o fato precisa de esclarecimento”, afirmou. "Não há nenhuma evidência que ligue o PTB ao pagamento de propina", completou. “Essa afirmação decorre de uma denúncia feita pela Reação em maio do ano passado para constranger o município”, explicou.

Depoimento

A investigação complementar feita pelo MP inclui o presidente do diretório municipal do PTB. Brack teve um encontro com a promotora Lúcia Helena Callegari neste mês no qual ele foi questionado sobre um possível esquema de propina na legenda, fato que negou.

Entre as pessoas denunciadas pelo MP pela morte de Eliseu estão o proprietário da Reação, policial militar aposentado Jorge Renato Hordoff de Mello, e o gerente operacional da empresa, Marcelo Machado Pio. A Reação prestava serviços de segurança à secretaria.

Assassinato

Eliseu Santos, de 63 anos, foi assassinado quando entrava em seu veículo após deixar um culto religioso, acompanhado da mulher e da filha. Segundo testemunhas, ele foi abordado por um grupo de criminosos em um Vectra preto. Santos estava armado e trocou tiros com os bandidos.
Fonte: Jimmy Azevedo/Rádio Guaíba



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