segunda-feira, 24 de maio de 2010

JUVENTUDE

"Então Adeli, realmente instigante o questionamento tangente à nossa juventude. Quero dizer que essa 'tribalização individualizada' não se ilustra somente na falta de participação política, mas no próprio âmago da sua vida pessoal, prova disso são os jovens de amigos, amores e ilusões virtuais.

Como já há tempos profetizaram os nossos autores da comunicação (presencio muito isso pois faço comunicação), vivemos na “Aldeia Global”, no entanto, a Aldeia se configura global por nós jovens sermos interligados por tecnologias e sistemas de comunicação, mas não por protagonizarmos nela expraiando todo vigor peculiar dessa fase da vida.

Nós jovens, somos globais pela tecnologias, mas não sabemos ser locais com as atitudes. Uma sociedade global se faz de atores locais. Em termos de juventude, então nessa linha de raciocínio, não temos uma sociedade integralmente global, mas fragmentada pelos anseios individuais que não conseguem mobilizar-se para a ação política.

Mas então a juventude atual é inerte? Parece contraditório o que vou afirmar agora, mas na minha opinião, ela não é totalmente estática. Ela é capaz de se “mobilizar”, de protestar, porém quando algo fere o seu anseio individual. Não raro vermos a juventude protagonizando: twitando, orkutanto, enviando e-mails, (embora não indo as ruas) quando uma empresa faz algo de errado, quando o seu produto predileto veio defeituoso, quando foi mal atendido pelo caixa da loja... e assim, lá se vai a tão valiosa reputação de uma marca.

Então por que essa mesma juventude não se mobiliza em prol da política? Na minha opinião, porque a política se configura como algo distante, desconectado do seu mundo, ou seja, não pertence ao contexto dessa “tribo”. Simplesmente a juventude a delega. Por que orkutar, twitar, comentar e, ir às ruas então, por algo que não me pertence, que é assim mesmo, que não tem solução? Ora, odeio política! “ Infelizmente, é isso que eu escuto nos corredores e sala de aula da academia e nos encontros por ai.

E então faltam valores, faltam razões para lutar hoje? Não, falta o sentimento de pertencimento, de entender que se deve participar ao visualizar uma política pública “defeituosa”, para torná-la melhor, de gritar não quando alguém da política atende mal seu eleitorado votando contra os interesses coletivos ou desviando dinheiro...

E de quem é a culpa de tanta inércia?

Sim é de uma juventude inoperante e cega aos seus entornos, parcialmente. Mas é também de falta de partidos realmente comprometidos com esta, que a chamem para o debate, que coloquem em erupção as grandes pautas, que enfim, saibam persuadir um segmento tão cético de tudo, mas tão capaz de transformar se acreditar em sua própria força. Enfim, falta criatividade por parte dos partidos para “tocar” a juventude de maneiras novas, pois afinal 'não somos os mesmos que nossos pais' e as motivações de agora, por conseqüência também são outras."

F. A.
Estudante

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