O Dia Internacional dos Museus
Jorge Barcellos
A memória é um espaço de lutas, conforme sinaliza Andréas Huyssein. Basta ver o que aconteceu no site do Memorial do Rio Grande do Sul, após a saída de Voltaire Schilling: retirado do ar para reformas, o site retornou remodelado, mas seu principal acervo, a Coleção dos Cadernos do Memorial, herança de Schilling, foi simplesmente deletado. Textos de importantes autores, pesquisa obrigatória na internet, sumiram às vésperas do Dia Internacional dos Museus. É surpreendente: um Memorial que apaga a sua memória! Que a ex-secretária da Cultura não gostasse do artigos vá lá, mas privar a comunidade do acesso à pesquisa, aí já é outra coisa. Acervos virtuais espalharam-se pela internet afora. Instituições públicas e privadas têm disponibilizado e retirado do ar documentos à revelia do interesse público. Acervos disponibilizados impõem responsabilidades, principalmente ao poder público, que incluem sua manutenção no ar e ampliação. Retirar acervos da disponibilização pública é crime e cabe às entidades de acervos e profissionais de memória lutar pela sua preservação.
A data impõe uma reflexão. Sem uma política para memória, acervos virtuais são objetos indefesos nas mãos de políticos de plantão. Melhor é lutar pela aprovação do Plano Nacional de Arquivos Digitais, que busca regular o setor e proteger nossos acervos digitais. As tecnologias de informação vêm para o bem ou para o mal: está na hora dos profissionais de museus atualizerem suas discussões, pois tão importante quanto acervos reais são os acervos digitais, mais frágeis que os primeiros, mas de importância fundamental em um País com pouco acesso à memória.
Doutorando em Educação/Ufrgs
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