domingo, 2 de maio de 2010

Abandono e desleixo na Redenção

Abandono e desleixo na Redenção


Adeli Sell*

Porto Alegre tem um espaço emblemático, onde as pessoas se encontram, independente de idade ou condição financeira. Tudo o que acontece na cidade repercute ali. Palco e vitrine de artistas populares, ponto de encontro para a roda de chimarrão ou capoeira, lugar para passear, namorar, aprender a andar de bicicleta ou fazer esportes. Passeio obrigatório para conhecer e entender o espírito da cidade para os que vêm de fora.

Pois esse espaço, que deveria ser cuidado com carinho e atenção, sofre com o desleixo da administração pública. O Conselho de Parque Farroupilha nos procurou pedindo providências, já que não consegue ser ouvido pelos órgãos da prefeitura que têm a obrigação de zelar pelo local.

Numa caminhada atenta por toda extensão do parque se comprova o estado de abandono em que está a Redenção. A poda das árvores parece ter sido feita de forma aleatória, sem planejamento ou orientação. Foram criados grandes vazios onde antes eram caminhos verdes, pois inúmeras árvores foram cortadas e seus tocos e troncos deixados no lugar, quando o correto seria a remoção da antiga e o plantio de novas mudas.

A que antes era uma paisagem verde, agora está tão desfigurada que olhando desde o lago é possível avistar o trânsito de carros na avenida Setembrina. A justificativa de que isso se deva a questões de segurança, para evitar que moradores de rua se instalem ali, não tem cabimento, pois seguindo essa lógica, a Redenção deveria ser transformada em descampado.

Há lixo acumulado em vários pontos, inclusive nos espelhos d’água; ambulantes ilegais vendem toda sorte de bugigangas e alimentos sem qualquer fiscalização da SMIC ou da vigilância sanitária. Faltam lixeiras, luminárias queimadas e depredadas, as floreiras têm de tudo, menos flores. Os vendedores de artesanato indígena, autorizados a vender seus produtos no início da avenida José Bonifácio, se espalharam e já chegam quase à rua Santana. Também os monumentos estão degradados e pixados, inclusive o Monumento ao Expedicionário, marco de entrada no parque.
O estado do Parque Farroupilha, bem público tombado pelo Patrimônio Histórico e Cultural, reflete o desrespeito com que a administração pública vem tratando a população da cidade, ao deixar ao abandono o principal espaço de lazer da cidade.

Adeli Sell é vereador - PT/Porto Alegre

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