quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Pesquisador pede mais atenção à arte pública

O pesquisador e especialista em arte pública José Francisco Alves pediu, no período de Comunicações Temáticas da sessão desta quinta-feira (22/11) da Câmara Municipal de Porto Alegre, que o Legislativo e a prefeitura dispensem maior atenção às obras de arte públicas. “É preciso cuidar do patrimônio”, disse. “O que Porto Alegre tem ninguém tem.”

Alves contou que, quando viaja para falar sobre arte urbana, geralmente as pessoas não acreditam que Porto Alegre possa ter um acervo tão rico de monumentos e esculturas públicas, inclusive de arte contemporânea. Lembrou que enviou um exemplar de seu livro A Escultura Pública de Porto Alegre para a biblioteca da Universidade de Barcelona e acabou sendo convidado para ministrar um curso por lá, “tal a importância que viram no acervo”.

O palestrante informou que Porto Alegre tem uma infinidade de monumentos que homenageiam datas e pessoas, peças das artes cemiterial e contemporânea e “até daquela arte que visa a dar status cultural” a algum espaço. “Todas essas categorias são muito fortes na cidade, acima da média em relação às outras capitais”, frisou. Alves também citou o fachadismo como característica singular do município. “Não existe na América Latina cidade que tenha uma produção tão grande em estatuaria em fachadas”, afirmou. “Esse fenômeno só ocorreu aqui.”

Segundo Alves, o vandalismo é, infelizmente, outra característica marcante de Porto Alegre, tendo se acentuado nos últimos 15 anos. “Os equipamentos urbanos e as obras de arte sofrem muita depredação; é um problema crônico que não se repete no Brasil nesse nível”, atestou. “Os bancos e lixeiras podem ser substituídos, mas as obras de arte não.”

Na opinião de Alves, ainda é possível reverter a situação de destruição. Ele lembrou de uma audiência pública ocorrida na Câmara sobre obras de arte públicas. “Vi que muitos vereadores estavam preocupados e reconheceram que a Câmara deve fazer mais sobre esse assunto”, disse. Também recordou do público que destacou o quanto importante é cuidar do patrimônio.

Alves citou que as obras de arte públicas de Porto Alegre têm diversas origens: concursos, eventos - como a Bienal – e autorizadas pela Câmara. Dessa forma, na sua opinião, seria fundamental a criação, pela prefeitura, de uma comissão específica de avaliação das peças. Lembrou que, para a inserção de qualquer monumento ou obra ao ar livre, precisam ser levados em conta diversos aspectos, entre eles qualidade plástica e segurança para a população. “São questões que envolvem as áreas da cultura, do planejamento urbano e meio ambiente”, considerou.
O palestrante

José Francisco Alves é doutorando e mestre em Teoria, História e Crítica de Arte pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), especialista em Gestão do Patrimônio Cultural pela Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), graduado em Escultura pela Ufrgs e professor concursado do Atelier Livre. Entre os livros publicados, estão A Escultura Pública de Porto Alegre – História, Contexto e Significado, que hoje foi distribuído a vereadores e funcionários, e Fontes D’Art no/au Rio Grande do Sul.
Claudete Barcellos (reg. prof. 6481)

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