Adeli Sell*
As praças são, por definição, para todos, lugar de brincadeiras, esportes e de encontro de todas as idades. Já dizia Castro Alves, que a praça pertence ao povo como o céu ao condor. Mas o que o consenso afirma, a realidade desmente.
Muitos espaços públicos acabaram ocupados pela miséria dos que não têm onde morar. Praças viram quarto, cozinha e banheiro de alguns, afastando aqueles que deveriam ser seus freqüentadores habituais. O viaduto Otávio Rocha, cartão postal e monumento histórico da cidade, está loteado por “residentes”, que ali permanecem as 24 horas do dia. Os que fazem da rua sua morada sofrem o frio, o mau tempo e todos os danos que a vida de exclusão social oferece: drogas, doenças, violência, desprezo e, sobretudo, falta de qualquer perspectiva de futuro.
A tolerância, o fingir que não existe, o assistencialismo de um dia só não são a solução para a cidade, e menos ainda para essas pessoas que acabam se adaptando a viver na rua, e vão perdendo dia a dia o que lhes resta de dignidade, amor próprio e esperança. A solução não está em recolher de um ponto e levar para outro de menor visibilidade, em limpar um espaço e fechar os olhos para outros. É preciso políticas públicas que pensem a cidade e seus cidadãos de forma global, devolvendo os locais públicos a todos e buscando alternativas para aqueles que já perderam quase tudo.
A prefeitura precisa promover um trabalho coordenado das secretarias da saúde, educação, habitação, direitos humanos e meio ambiente, juntamente com a assistência social, prevenindo e revertendo a situação que existe nas ruas.
Porto Alegre ainda é uma das cidades mais arborizadas do país, com muitas praças e espaços verdes. É importante que estes espaços fundamentais de convívio permaneçam públicos e de todos. É direito do cidadão exigir a manutenção de nossa qualidade de vida e cabe ao gestor encontrar os meios de garantir que a cidade e o futuro seja de fato para todos.
* Adeli Sell é vereador e Presidente do PT/Porto Alegre
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