Para ser um bombeiro, o sujeito destina apenas 30% de seu aprendizado à atividade específica de prevenção e combate a incêndios, sendo o restante voltado às atividades policiais e militares. Este é um dos fatores – e na minha opinião o principal – que respalda a minha defesa de desvinculação dos Bombeiros da Brigada Militar, pois uma formação específica para a área qualificaria os serviços prestados.
O policial militar tem que entender de segurança pública. Sabemos que o serviço prestado por eles é extremamente necessário e também tem seus problemas, mas não podemos permitir que uma corporação com filosofia e doutrina policial administre outra totalmente distinta, pois pela lógica, é claro que ela irá priorizar a sua atividade fim.
Os Bombeiros precisam ter conhecimentos específicos necessários para a realização das suas atividades, como entender de catástrofes; combate ao fogo; salvamento de vidas em incêndios e enchentes. Bombeiro tem que ter conhecimentos técnicos em construções. Tem que ter noções essenciais sobre todos os tipos de inflamáveis, gases, derramamento de combustíveis, ventos e águas violentas. Isto tudo exige conhecimentos de engenharia, arquitetura, química, física, por exemplo. É por isso que me pergunto: de que adianta a um bombeiro ser um exímio atirador? De que adianta a um bombeiro ser um craque em defesa pessoal?
Nosso Corpo de Bombeiros está sucateado e hoje seus servidores estão presentes em apenas 19% do território gaúcho. Ou seja, existem mais de 400 municípios que não possuem serviços de Bombeiros. O processo de desvinculação já ocorreu em boa parte do Brasil, e mundialmente os Bombeiros são independentes, não há lógica ou explicação técnica para a manutenção da entidade na formação que está.
Não poderíamos deixar passar o 2 de julho sem pautar este debate. Pois no País, só restam dois Estados da Federação com bombeiros vinculados ao Comando de sua Polícia Militar e se compararmos eles aos Estados em que foi feito o desmembramento, todos, sem exceção, tiveram avanços sem precedentes, seja na formação específica, quanto no caso da sua estrutura física.
Desvincular o Corpo de Bombeiros de uma hierarquia complexa e desconexa é imprescindível para o segmento. Formar homens e mulheres para a Defesa Civil, e para as múltiplas ações que o Corpo de Bombeiros trata e pode tratar, é também fundamental.
Não foi fortuito, por fim, que este tema foi o primeiro e mais solicitado ao governo do Estado no seu Gabinete Digital.
Adeli Sell é vereador e presidente do PT-POA
4 comentários:
Desconhecia e concordo. E além desta desvinculação é necessário um sálario dígno de quem coloca a vida em risco constante. Fui testemunha, num domingo, às 18h, quando peguei um táxi quem o dirigia na sua folga, um bombeiro. 13 anos de profissão, que para complemntar sua renda, faz bico. Um absurdo e muito vergonhoso. Forte abraço, Lu Baldi
Caro Adeli...meu Vereador e futuro Prefeito, cumprimentos pelo artigo sobre os BOMBEIROS, e apoio totalmente e acho q a GAUCHADA TODA...pois ñ tem nada a ver BOMBEIRO COM POLICIA OU BRIGADA MILITAR.- um grande abraço.- jader martins.-
É algo de extrema importância para o RS avançar nessa questão que já encontra-se ultrapassada para os demais Estados do Brasil.
Infelizmente são poucos os políticos realmente lúcidos e com vontade de auxiliar nessa questão.
Estamos ao lado dos Bombeiros do RS e da ABERGS, pois sabemos que a BM nem a Oficialaria representa os verdadeiros homens do fogo.
Abçss
Caro vereador, concordo plenamente com a necessidade de se desvincular os Bombeiros da Brigada Militar. Penso, inclusive, que os integrantes dos Bombeiros poderiam ser civis de forma a reduzir a hierarquização e as formalidades existentes.
Além disso, desvinculando a corporação da Brigada Militar poderia haver uma maior destinação de recursos. Como jornalista, acompanhei certa vez, a luta do quartel de Estrela na busca de recursos para o conserto do motor de uma das viaturas que atendia cerca de 40 municípios do Vale do Taquari - naquela época, ainda não havia a unidade de Lajeado.
Enfim, espero que se consiga essa desvinculação, a qual, inclusive, já deveria ter ocorrido há muito. Abraços.
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