O Centro de Eventos Iole Kunze, na sede municipal, ficou lotado nesta última sexta-feira 13, quando o PT de Porto Alegre realizou mais uma edição dos seus almoços temáticos. No cardápio, um almoço tipicamente italiano – com salada caprese, massa bolonhesa e vinho - para fazer jus à palestra do dia: como os descendentes de italianos residentes no Rio Grande do Sul podem ajudar a fortalecer a esquerda na Itália e na Europa.
Conforme explicou Claudia Antonini, que concorreu em 2013 a uma vaga de deputada pelo PD no Parlamento Italiano, a Itália é o único país do mundo que elege representantes para o Legislativo que residem em comunidades no exterior. São eleitos 12 deputados e seis senadores. A repartição da América do Sul, por exemplo, elege quatro deputados e dois senadores. Neste ano, as eleições para o Parlamento italiano foram realizadas em 24 e 25 de fevereiro.
“Espalhados pelo mundo, temos 60 milhões de descendentes, sendo que metade mora no Brasil. Com 15 milhões, o estado de São Paulo é o maior colégio brasileiro de italo-descendentes, seguido pelo Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Aqui no Estado somos mais de três milhões de descendentes”, observou.
Votação expressiva
Filiada ao PT de Porto Alegre e ao PD da Itália, Claudia foi convidada em janeiro para concorrer novamente a uma vaga de deputada. “Já havia concorrido em 2008, quando conquistei mais de 10,5 mil votos, uma marca expressiva para 30 dias de campanha e nenhuma experiência política”.
Na época, lembra Claudia, ela foi chamada às pressas para auxiliar o partido na nova eleição. “Isso aconteceu pela minha inserção na comunidade italiana local, na qual trato, desde meu retorno ao Brasil em 1996, de temas ligados à cidadania e aos direitos do cidadão. Eles precisavam de uma candidata mulher residente no Brasil para compor a lista, e eu, como militante engajada, acolhi o pedido”.
Em 2013, uma nova queda de governo e um novo pedido. “Hesitei em aceitar. Não tinha nenhuma pretensão, além da minha usual militância, seja no PD italiano ou no nosso PT. Seria outra campanha construída em 30 dias, sem uma captação de recursos ou planejamento prévio”, lembra.
Sua aproximação com o vereador Marcelo Sgarbossa e com o presidente municipal do PT Adeli Sell a levaram para outros caminhos. “Acabei me filiando ao partido e a escolha foi certa”, comemora. “Minha visão mudou, meu aprendizado foi imenso, e a tomada de consciência, ao ver que novamente as pessoas depositavam tanta confiança em mim, me fizeram refletir muito, trazendo uma grande sensação de responsabilidade. Afinal, as urnas confirmam o reconhecimento da comunidade. Recolhi 13.906 votos com uma verba de 5.000 euros, sem o envio de uma carta, sem grandes viagens, sem os tradicionais instrumentos de campanha”.
Na sua segunda experiência como candidata a uma vaga no parlamento italiano, Claudia contou com o apoio dos companheiros petistas e de amigos. “Com meus 13.096 votos fui a quinta candidata mais votada da América do Sul, ficando com a primeira suplência. O quarto candidato eleito angariou 14,3 mil votos”.
Apesar da campanha de poucos recursos e pouca mobilidade, a votação de Claudia foi a mais expressiva do Rio Grande do Sul, obtendo 3.361 dos 11.974 votos úteis expressos no Estado. Ela também obteve importante votação em São Paulo, conquistando uma votação de 4.482. No Paraná foram 1.371 votos, e no Rio mais 886 votos. Claudia conseguiu outra façanha: obter votos em países da América do Sul. Na Venezuela, por exemplo, foi a quinta candidata mais bem quista, com 794 votos.
Votos no exterior
O Brasil elegeu dois deputados e um senador para o Parlamento italiano. Os italo-brasileiros Fausto Longo, do PMDB, ao Senado, e Renata Bueno, do PPS; além de reeleger o italiano Fabio Porta, do PD. Conforme Claudia, os votos do exterior foram muito importantes neste pleito. “Sem eles, o Partido Democrático não teria tido sequer a maioria. Não seria o partido mais votado da Itália. Nas urnas italianas, o PD obteve 8.644 (523 preferências), e o M5S, 8.689 (458 votos). Somente com a soma dos votos obtidos nas urnas do exterior é que o PD chegou aos 8.932 (615 votos), contra 8.784.499 do M5S. Foram 288.083 votos obtidos no exterior”, informa.
O resultado das urnas foi frágil para a esquerda, na avaliação da candidata. Um resultado que provavelmente levará o país, em breve, a novas eleições. “Desta vez, não quero receber um convite de última hora. Já propus ao partido, e foi aceita pelo coordenador, a minha pré-candidatura. E quero com o PT construir um projeto. Esta construção tem que ser feita com a nossa comunidade italiana daqui, com nossos 30 milhões de descendentes, onde 316 mil são eleitores”, finalizou.
Acompanharam o almoço a secretária estadual de Políticas para as Mulheres Ariane Leitão, o vereador Marcelo Sgarbossa, a secretária-geral do PT/RS Eliane Silveira, além de membros da comunidade italiana no Estado. A próxima atividade será realizada na quinta-feira, dia 26, à noite. Na pauta, as manifestações de junho.
Asscom PT-POA