Por Anna Luiza Duarte
Professora e Bacharel em Sociologia
Várias são as opiniões sobre este tema que de novo não tem nada. Esse tipo de agressão que ocorre entre colegas, independente da faixa etária é conhecida há muito tempo por professores, coordenadores, diretores, familiares, pessoas que direta ou indiretamente estão ligadas ao ambiente escolar. Há alguns anos atrás, lecionando na educação infantil, me percebia comentando: “crianças às vezes são más, perversas...” claro que, me referindo exatamente aquilo que considerava, sem maior reflexão, brincadeira de mau gosto, devido a pouca idade de meus alunos que já classificavam os colegas de “gordos”, “feios”, “lentos”, “quatro-olhos” e tantos outros adjetivos pejorativos e excludentes.
Por serem crianças de 5 ou 6 anos não eram capazes de entender que feriam a auto estima de outros?? Entediam sim, e sofriam também com a rejeição quando viravam o alvo destas palavras de menos valia. Era preciso mais percepção para entender que o limite entre a brincadeira e a violência, nesses casos era tênue.
Este exemplo pode ser ampliado para as demais idades e séries que compõe o conjunto de uma escola, o que mudam são os adjetivos, que crescem no nível da agressão na medida em que crescem etariamente os agressores. E não podemos esquecer que este tipo de prática não ocorre somente no ambiente escolar, crianças, adolescentes e até mesmo adultos, estão expostos a esta possibilidade sempre que exista a convivência em diferentes grupos – grupos formados nos condomínios, nos clubes, na família, trabalho, etc.
Brincadeira de mau gosto, agora conhecida e afamada pelo termo bullying, que podemos traduzir do inglês como “intimidar”, “amedrontar”, caracteriza-se por ser freqüente, repetitiva e intencional. É cada vez mais alvo do estudo de médicos, psicólogos, pedagogos, que procuram entender suas raízes para trabalhar com prevenção destas ações e minimizar o prejuízo que elas podem causar na formação de caráter e da auto-estima de uma pessoa.
Segundo Cléo Fantes, professora e autora do livro “Fenômeno Bullying: Como Prevenir a Violência nas Escolas e Educar para a Paz” (ED. Versus, 2005) o Bullying é uma das formas de violência que mais cresce no mundo. Em seu livro Cléo Fantes propõe um programa de ações práticas que acredita levarem a uma geração mais pacífica.
Uma das formas de perceber o bullying é através da observação da mudança de comportamento dos alunos. As vítimas do bullying via de regra são as crianças mais inseguras, as consideradas diferentes por sua aparência física, que fogem aos padrões aceitos pelos fortes apelos estéticos que regem nossa sociedade.
Estas ao sofrerem a violência, quase sempre oculta, podem isolar-se dos demais, perderem o apetite, apresentarem dificuldades no aprendizado e até mesmo podem desenvolver transtornos de ansiedade, pânico ou outras doenças com conseqüências graves.
A exemplo da educadora Cléo Fantes, acredito que a melhor maneira enfrentar o problema seja através da conscientização de todos os envolvidos no ambiente em questão, (no caso a escola) de que este é um sério problema e que esta é uma prática destrutiva, merecedora da atenção e esforço conjunto para mudança. As escolas devem promover discussões abertas, que envolvam a todos, buscando a produção de ações que resgatem o valor do outro, o respeito às diferenças e a valorização da vida.
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