Porto Alegre poderia ser denominada a cidade da cultura. Temos inúmeros eventos, tanto promovidos pela iniciativa privada quanto pelo setor público, e muitas atividades utilizando as leis de incentivo. No entanto, um dos problemas centrais para o desenvolvimento da cultura na capital é a carência de divulgação associada à falta de transversalidade do setor com outros segmentos econômicos na cidade. Pode-se dizer também, que a própria relação das instituições com seu público alvo precisa ser revista. A experiência numa biblioteca, por exemplo, pode ser tão prazerosa quanto um passeio a um parque, mas o que vemos é uma entidade fria, com funcionários sem treinamento que controlam o comportamento do seu público, quando deveria orientar e instigar a visita.
Só agora estamos conseguindo, através de uma ação da Câmara Municipal, montar um calendário oficial de eventos. A Prefeitura, de acordo com a legislação vigente, seria obrigada a realizá-lo, mas se omite e nada faz, divulgando mal suas próprias atividades, como as inúmeras feiras da Economia Solidária, do Gibi ou do Vinil que são realizadas mensalmente no Mercado Público e que carecem de divulgação e ações promocionais.
São valores altíssimos gastos em publicidade inócua, para assuntos sem real importância, e as verbas deixam de ser usadas para divulgar os serviços, especialmente nas áreas de turismo e cultura.
Outra deficiência da cidade é não haver divulgação dos seus museus, apesar de termos acervos extremamente importantes. O Júlio de Castilhos, por exemplo, que a maioria dos porto-alegrenses sequer sabe onde fica, esteve fechado por diversos períodos, seu horário de atendimento é extremamente restritivo e não tem apelo ao visitante. Mesmo o Margs, no Centro Histórico de Porto Alegre, é conhecido por pouquíssimas pessoas.
É como se os gestores públicos da cidade não apostassem no quão interessantes estes passeios culturais são ou deveriam ser.
Sem contar o Museu de História da Medicina. Já realizamos inúmeras agendas com o Município e o Estado buscando auxílio na aquisição de um novo espaço para a Instituição. Embora sua estrutura física já exista há três anos - a sede fica no prédio do Hospital Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, na Av. Independência, 270 - seu espaço é pequeno e abriga em apenas duas salas a memória da Medicina, com toda a sua riqueza de documentos, objetos raros e depoimentos. Por isso, a entidade quer e está buscando, com o meu apoio, junto ao Executivo Municipal e Estadual, uma área própria que se transforme em um local de referência para a sociedade.
Falta um esforço conjunto das secretarias municipais de Educação e Cultura e do governo do Estado para estimular os estudantes a frequentar museus, a visitar a Prefeitura, o Mercado Público. Se o jovem não for instigado a apreciar a cultura artística e histórica que essas instituições abrigam, ao se tornar adulto não terá aprendido a apreciar museus, e com certeza sequer lembrará de levar um visitante de fora a fazê-lo. É preciso criar uma cultura para a visitação.
Por Adeli Sell
Vereador e presidente do PT-POA
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