Por Adeli Sell
Artigo publicado no Sul 21
Um dos maiores problemas que enfrenta a cidade moderna é sua rede de circulação e transporte. Sempre ouvimos falar dos congestionamentos do trânsito em São Paulo, mas hoje já é consenso entre todos que o trânsito em Porto Alegre beira o caos.
Temos excesso de automóveis nas ruas e avenidas, ônibus lotados, cenas de desrespeito ao ciclista e ao pedestre. O metrô ainda está longe de se tornar realidade para o usuário. Outro problema enfrentado pela população é a falta de vagas para estacionamento em toda a cidade. Este é o cenário da mobilidade na cidade.
Sabemos que a Capital carece de um planejamento histórico na área da circulação e transporte e obras viárias recentes tem vários problemas que devem ser enfrentados e resolvidos, corrigindo velhos gargalos do trânsito. Cito três exemplos, apenas para exemplificar.
Tivemos uma obra importante, a terceira Perimetral, que corta a cidade de Norte a Sul. Mas desde a sua concepção houve problemas graves, como a não previsão de passagens que evitassem os congestionamentos quando cruza outras grandes avenidas, como a Bento Gonçalves, a Ipiranga e o início da Plínio Brasil Milano.
Tivemos também a ampliação e melhorias na av. Baltazar de Oliveira Garcia, após muitas reclamações da população e como resultado de longos e exaustivos debates. Ao invés de uma evolução gradual, a obra foi iniciada em cinco pontos diferentes e os ônibus foram obrigados a trafegar fora dos corredores, aumentando o caos já instaurado.
As obras feitas na Sertório foram importantes, mas também mal planejadas. Um dos problemas está na área do corredor de ônibus, que é pouquíssimo utilizado e que poderia ter sido melhor estruturado com a integração ao Terminal Triângulo, evitando muitos transtornos.
Apesar do consenso sobre a necessária modificação de algumas vias, medidas concretas e urgentes seguem não sendo tomadas. O que se vê por aí é a cega preocupação envolvendo as obras da Copa. Por isso digo e repito, precisamos pensar com ousadia e responsabilidade a cidade do futuro, a cidade para além de 2014.
Para resolver este imbróglio, o governo precisa articular políticas de transporte, trânsito e acessibilidade, a fim de proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço de forma segura, socialmente inclusiva e sustentável. Do pedestre ao motorista, do ciclista ao usuário de ônibus, todos têm pressa e o direito à mobilidade segura e com qualidade.
* Vereador e presidente do PT de Porto Alegre
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