quinta-feira, 18 de julho de 2013

Transporte Público ainda gera controvérsias entre petistas


O ex-secretário dos Transportes Mauri Cruz cobrou maior participação popular nas decisões sobre o Transporte 
Os membros do diretório municipal e militantes de base voltaram a debater nesta quarta-feira (17.07) à noite o transporte público em Porto Alegre. Para muitos, falar em mobilidade urbana é ter responsabilidade sobre o que o partido irá defender tendo em vista os 16 anos do PT na administração da cidade. Para se ter uma ideia, em maio deste ano, quando houve a primeira onda de protestos em Porto Alegre, a tarifa de transporte público da cidade já era a segunda mais cara do país e o salário de motorista, já ocupava o nono lugar entre os mais baixos.

“Hoje, as pessoas que vão para a rua pedem que o transporte público seja acessível, seja um direito universal como o acesso à saúde”, analisou o advogado Antônio Castro. Na sua avaliação, garantir o passe livre é um equívoco. “Precisamos garantir eficiência e qualidade. Ninguém se recusa a pagar a passagem. O que as pessoas não querem mais é ficar horas esperando pelo transporte”, completou.

Mauri Cruz, ex-Secretário Municipal de Transporte de Porto Alegre, lembra que durante a administração participativa o PT sonhava em ser estatal, mas passou 16 anos na administração e não estatizou o transporte. “E mesmo assim era bom, era referência em âmbito nacional”, lembrou. Segundo ele, o transporte perdeu qualidade no país, pois não há visão pública, mas não resolve voltar ao que era antes. “O Brasil mudou. O Rio Grande do Sul mudou e assim aconteceu com Porto Alegre. Duplicamos a frota de automóveis, infelizmente investimos mais ainda no sistema individual e pouco no transporte público. Não adianta voltarmos ao que tínhamos antes. Temos que discutir a partir de agora”.

Ele lembra que em Porto Alegre a participação da população foi decisiva para o sucesso da política de transporte público do estado que, à época, tinha o segundo maior salário de motorista do país e a décima sétima tarifa. “Criamos uma empresa de gestão do sistema de transporte de Porto Alegre, que recebia 21% da receita total de todo o sistema (público e privado). Além disso, criamos um consórcio de empresas privadas para oferecer os serviços nas diferentes regiões da cidade. Assim, não havia diferença de qualidade entre o serviço oferecido nas diferentes regiões”, contou Mauri, que hoje é diretor da ONG Camp.

100% estatal
Ubiratan de Souza, secretário de organização do PT, foi além e defendeu um transporte 100% estatal. Outra reivindicação trazida por ele é a abertura das contas anualmente para tornar públicas as planilhas de gastos, com o detalhamento das despesas, insumos e operações dos consórcios, bem como a abertura imediata de contas retroativas, a partir do parecer do Tribunal de Contas do Estado (janeiro de 2012), no prazo de 7 dias úteis.

Silvino Heck, assessor especial da presidência da República
também esteve presente na atividade
Vice-presidente do PT-POA, Rodrigo Oliveira parabenizou a coragem do governo estadual em reduzir o valor do transporte e garantir passe livre aos estudantes gaúchos. Já o jornalista Adroaldo Bauer Corrêa ampliou a pauta e pediu que o partido discuta não somente o transporte público, mas o direito à cidade. “Por que temos que levar 3 horas para ir trabalhar? Enquanto não discutirmos a especulação imobiliária, não poderemos falar da possibilidade de morar na cidade, mas sim apenas em trabalhar nela”.

Melhor seria se houvesse uma inversão de prioridades. Conforme o presidente municipal do PT Adeli Sell, não basta dar a mesma importância ao modal coletivo - que é responsável pelo transporte de mais de 100 milhões de brasileiros todos os dias - que é dada ao transporte individual - que é responsável por pouco mais de 30 milhões de deslocamentos/diários. “Precisamos dar mais importância ao transporte coletivo, oferecendo melhorias e garantias ao torna-lo um serviço público essencial”, analisou.

O dirigente também se comprometeu, diante de pedidos, de realizar um Seminário sobre o Acesso à Cidade ainda em agosto, sendo um dos pontos de debate a mobilidade urbana e o direito ao transporte coletivo de qualidade.

Por Tatiana Feldens, Asscom PT-POA

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