O ex-secretário dos Transportes Mauri Cruz cobrou maior participação popular nas decisões sobre o Transporte |
“Hoje, as pessoas que vão para a rua pedem que o transporte público seja acessível, seja um direito universal como o acesso à saúde”, analisou o advogado Antônio Castro. Na sua avaliação, garantir o passe livre é um equívoco. “Precisamos garantir eficiência e qualidade. Ninguém se recusa a pagar a passagem. O que as pessoas não querem mais é ficar horas esperando pelo transporte”, completou.
Mauri Cruz, ex-Secretário Municipal de Transporte de Porto Alegre, lembra que durante a administração participativa o PT sonhava em ser estatal, mas passou 16 anos na administração e não estatizou o transporte. “E mesmo assim era bom, era referência em âmbito nacional”, lembrou. Segundo ele, o transporte perdeu qualidade no país, pois não há visão pública, mas não resolve voltar ao que era antes. “O Brasil mudou. O Rio Grande do Sul mudou e assim aconteceu com Porto Alegre. Duplicamos a frota de automóveis, infelizmente investimos mais ainda no sistema individual e pouco no transporte público. Não adianta voltarmos ao que tínhamos antes. Temos que discutir a partir de agora”.
Ele lembra que em Porto Alegre a participação da população foi decisiva para o sucesso da política de transporte público do estado que, à época, tinha o segundo maior salário de motorista do país e a décima sétima tarifa. “Criamos uma empresa de gestão do sistema de transporte de Porto Alegre, que recebia 21% da receita total de todo o sistema (público e privado). Além disso, criamos um consórcio de empresas privadas para oferecer os serviços nas diferentes regiões da cidade. Assim, não havia diferença de qualidade entre o serviço oferecido nas diferentes regiões”, contou Mauri, que hoje é diretor da ONG Camp.
100% estatal
Ubiratan de Souza, secretário de organização do PT, foi além e defendeu um transporte 100% estatal. Outra reivindicação trazida por ele é a abertura das contas anualmente para tornar públicas as planilhas de gastos, com o detalhamento das despesas, insumos e operações dos consórcios, bem como a abertura imediata de contas retroativas, a partir do parecer do Tribunal de Contas do Estado (janeiro de 2012), no prazo de 7 dias úteis.
Silvino Heck, assessor especial da presidência da República também esteve presente na atividade |
Melhor seria se houvesse uma inversão de prioridades. Conforme o presidente municipal do PT Adeli Sell, não basta dar a mesma importância ao modal coletivo - que é responsável pelo transporte de mais de 100 milhões de brasileiros todos os dias - que é dada ao transporte individual - que é responsável por pouco mais de 30 milhões de deslocamentos/diários. “Precisamos dar mais importância ao transporte coletivo, oferecendo melhorias e garantias ao torna-lo um serviço público essencial”, analisou.
O dirigente também se comprometeu, diante de pedidos, de realizar um Seminário sobre o Acesso à Cidade ainda em agosto, sendo um dos pontos de debate a mobilidade urbana e o direito ao transporte coletivo de qualidade.
Por Tatiana Feldens, Asscom PT-POA
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