Os porto-alegrenses vivem de costas para o Guaíba. Não aprenderam a usufruir os encantos do nosso lago e da nossa orla, que se estende por mais de 70 quilômetros. Temos carência de utilização do Guaíba, dos seus afluentes e da saída para o mar de navios e de embarcações. Também não utilizamos nossas águas para esporte, como remo ou disputas náuticas em geral. Qualquer cidade mediana do mundo afora realizaria competições, aproveitando o espelho de água.
Eu quando aqui cheguei do alto do Morro Santa Tereza, conhecido como Belvedere Rui Ramos, na época seguro e bem cuidado, fiquei deslumbrado com o Guaíba. Foi paixão à primeira vista. E quem aprecia, como eu, hoje é impedido de chegar às margens do rio. Da Zona Sul à Zona Norte, nossa orla está tomada de matagal e sujeira, o que espanta todos de usufruí-lo.
Se para aqueles que residem na Zona Sul a situação é complicada, imagine o que sofre aqueles que residem na Zona Norte, nas redondezas do 4º Distrito. Lá, é quase impossível acessar as águas do Guaíba.
Diz um Secretário Municipal que existe um projeto para a construção naquele local do Memorial da Ponte, de autoria do arquiteto Flávio Kiefer, contratado pela Concepa. A iniciativa preservaria o espaço e a atividade do Parque, além de valorizar a vista do Lago Guaíba, com espaços de contemplação do pôr do sol e da paisagem.
Ora, projetos já se fizeram aos montes. Mas trata-se de uma área do Estado, por isso me pergunto: será que combinaram com as autoridades regionais? Entra governo e sai governo e ninguém resolve o problema do Parque Náutico esta é a verdade. E aí já vai uma profunda autocrítica, porque afinal meu partido já foi governo local e estadual. Ali foi ponto de encontro de várias gerações. Para olhar o rio, para namorar, para curtir a vida, para jantar no belo restaurante que depois virou tapera, ou para participar de competições náuticas. Hoje, a área está completamente abandonada.
Por isso, proponho um plano estratégico de qualificação urbana com a sua imediata revitalização, numa parceria entre a Prefeitura, Estado e Concepa, pelo uso que faz da rodovia e com os altos ganhos pelo pedágio. Minha idéia é criar um Grupo de Trabalho, no qual a Câmara Municipal poderia ser parceira. O que não podemos mais é aceitar a triste situação da cidade que possui uma orla lindíssima, porém sub-aproveitada, isso para não dizer abandonada aos ratos, ao lixo e aos mendigos e marginais.
A rua que dá acesso à Orla Norte depois da Ponte do Guaíba é escura, esburacada e insegura e com uma barreira de matagal e entulhos que cortam qualquer possibilidade de chegar ao Guaíba. Logo, quem vai cruzar a Castelo Branco para nada ver? Nada fazer? Tudo a temer! Já demandei a nossa Smov para arrumar a rua, colocar iluminação pública, como fiz contatos com a Brigada para garantir a sua segurança.
Do contrário, quem vai pegar uma bicicleta e se arriscar a ter os seus dois pneus roubados? De carro? Também não tem jeito. Chegou a hora de exigir, de pedir mudanças, de avançar, de conquistar estes espaços, de dar voz ao morador da região, tão perto, mas tão longe ao mesmo tempo. Não é preciso mágica para resolver este entrave, é necessário inovar. E mais, superando falsos dilemas é possível, sim, resolver problemas.
Em breve a região ganha a Arena do Grêmio e haverá um conjunto habitacional imenso e novo nas proximidades. Mais e mais pessoas vão querer deixar de estar de costas para o Guaíba, portanto, todas as áreas públicas da região deverão garantir acesso ás águas, bem como os espaços privados deverão garantir o fluxo às margens de suas propriedades como manda a Lei.
Estamos ficando para trás, emaranhados no nosso conservadorismo retrógrado!
Mas eu não vou desistir. Seguirei lutando para ter o meu Guaíba de volta, da Zona Sul à Zona Norte!
Adeli Sell é vereador e presidente do PT-POA
3 comentários:
Por que o senhor não respondeu no post do incidente na Câmara Municipal?
Por que o senhor não respondeu no post do incidente na Câmara Municipal?
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