sábado, 10 de abril de 2010

UM DIA DE MILITÂNCIA

Tenho dito e repetido: 2010 será o ano da militância na política. Não desprezo a mídia televisiva sempre muito forte no Brasil, desde os tempos da Lei Falcão, com aqueles santinhos horrorosos dos políticos e currículos piores ainda. E o PT naquela época foi o pior de todos, pois tentava enaltecer alguns predicados, mas que caíam como bombas na opinião pública, pouco ou nada politizada, saindo ou tentando sair de um processo de exceção: a ditadura.

Não desrespeitar, não significa valorizar. Pois eu creio que a população tende a ver e talvez ver mais os militantes dos partidos, não segurando bandeiras de forma desleixada como vimos nas últimas eleiões, a grande maioria de todos os partidos com militancia paga, mal paga, por sinal.

Mas nem adiantaria pagar mais, porque não eram efetivamente militantes, mas cabos eleitorais, no sentido mais arcaico e tradicional. E o meu PT também fez isto. Pior, aqui na afã de vencer, trouxe gente completamente despreparada do interior do Estado, sem entender o que se passava.

Quando eu falo de militancia estou incluindo todas as formas de militar políticamente. Desde a distribuição de um folheto - de porta em porta numa vila, batendo no portão, pedindo licença, conversando com o eleitor, recebendo críticas, cobranças, respondendo -, até o sujeito que na solidão da noite possa estar clicando letras no seu computador, passando seu recado a uma imensa rede de pessoas, conectadas no mundo virtual.

Ou seja, este será o ano do partido que souber fazer uso de sua militância real. E o PT está voltando a ter estes militantes, mais preparados, mais habilitados que a maioria dos partidos.

Apesar de nosso distanciamente da juventude e da classe média em POA, podemos mesmo assim ir longe. Mas é claro que eu prefiro voltar a ter relação direta e ousada com estes setores.

Ouvi ainda hoje numa reunião de formação um discurso que eu discordo, o de que temos que ter uma "análise marxista", de leitura de classe, calcar nossa campanha nos pobres.

Ora, a periferia de Porto Alegre já não é mais tão pobre. Com as políticas do governo Lula, incluimos um contingente de pessoas ao mundo do consumo mínimo do tamanho de uma Argentina. Estou falando de pelo menos 30 milhões de pobres, que agora não são mais tão pobres assim.

Outrossim, as políticas do governo Lula criaram uma nova e ampla classe média, que, em Porto Alegre, em especial, é consumista, individualista e conservadora.

Portanto, temos sim que conquistar de volta amplos setores da classe média tradicional, pois seus avanços sociais são frutos de legítimas políticas petistas.

Não será a nossa mídia tradicional e cada vez mais conservadora que elucidará esta nova realidade par ao povo brasileiro. Quem poderá fazer isto será nossa força militante. Agindo no mundo cibernético, criando redes, como pisando o morro morro acima, batendo de casa em casa.

Mas para tal terá que haver também um discurso menos duro, mas cordato, menos raivoso, mais articulado com a cabeça despolitizada das pessoas, mas ao mesmo tempo sem preconceitos, sem achar que de nada adianta falar, pois já estão do outro lado, ou seja, dar a partida por perdida antes de começar a chutar a bola.

Hoje, para fazer jus a tudo isto, comecei a manhã pelas 7h30min, conversando com pessoas com afinidades maiores comigo, num café da manhã, para logo depois estar na sede do PT e iniciar sem muito atraso, às 9h12min, minha fala de boas vindas aos novos filiados do partido.



Participei no resto da manhã de uma concorrida plenária do meu amigo Paulo Ferreira que se prepara para ser nosso deputado federal. Foram mais de 600 pessoas que nos ouviram dar um quadro de nossa conjuntura e nossas possibilidades de vitórias.



À tarde dei uma passada no Encontro Estadual de Mulheres do PT, onde ficou ainda mais claro para mim que a gente continua a exalar uma grande dose de machismo no interior de nosso partido, onde as mulheres são usadas como militantes, muitas e muitas vezes de forma utilitarista, botando pelo chão nossas cotas de 30%, tese que sempre defendi, mas que lastimo dizer, que em muitos casos é algo apenas pro-forma.



Ainda deu tempo para participar, como palestrante, com Raul Pont, Miguel Rosseto, entre outros, de um evento de formação política de militantes na Lomba do Pinheiro.



À noite fui na janta de festejos dos 10 anos do mandato de minha colega Maria Celeste, que agora concorre a deputada estadual.



Ainda tive tempo de conversar pessoalmente e depois trocar idéias por telefone com meus dois candidatos a deputado estadual, Ari Thessing e Mauro Pinheiro.

Entre outros tantos telefonemas, torpedos, clicadas no msn, também falei com o Prefeito Alex de Viamão.

Foi um verdadeiro dia de militância, e assim deverá ser o ano de 2010. Sem deixar de ter um tempinho para um bom cafezinho ou um almoço, como tive, para ver a prova de meu novo livro que sairá em breve.

Já estou entrando no domingo.


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