Sgarbossa atribuiu o fato de o ciclismo, bandeira que defende há anos, ter crescido muito nos últimos tempos devido às repercussões com os protestos do coletivo Massa Crítica, o atropelamento de ciclistas na Cidade Baixa e a inauguração de um pequeno trecho da ciclovia da Avenida Ipiranga. “São acontecimentos que dão visibilidade à causa”, afirma.
Embora comemore os avanços, o parlamentar avalia que as políticas públicas ainda são muito restritivas, priorizando àqueles que utilizam o carro para se locomover. “Nós queremos que os cidadãos optem pelo transporte coletivo, que ainda é a grande chave para eliminar a epidemia do automóvel”, disse Sgarbossa, ao mencionar o livro Morte e Vida das grandes cidades. Para a autora norte-americana Jane Jacobs a cidade pode morrer quando perde a diversidade, ou seja, quando passa a priorizar apenas um meio de locomoção, como acontece hoje com os carros.
“A política está muito voltada para o fluxo. Basta ver as novas ciclovias de Porto Alegre. Elas estão surgindo graças a um movimento independente que às impulsionou. Mas por outro lado, está havendo uma invasão do pedestre nas ciclovias, que é legítima, mas que irá gerar atrito entre ciclistas e pedestres e enquanto isso o ‘deus carro’ continua ali”.
Por isso, na avaliação de Sgarbossa, a lógica do transporte em Porto Alegre deve ser alterada. “Não acho que uma cidade pensada para os automóveis seja bonita. É necessário discutir com a população essas questões, não apenas privatizar ou sair construindo sem consultar ninguém”, defende.
Em relação aos investimentos em ciclovias, ele não poupa críticas à atual administração. “A Prefeitura não dialoga conosco. A ciclovia da Ipiranga, por exemplo, vai obrigar as pessoas a trocarem de margem várias vezes ao longo de todo o seu trajeto. O que aumenta o tempo do percurso. Se isso fosse algo realmente pensado, teria sido feito na faixa da direita, que é onde costumamos andar. No entanto, se assim fosse, seria necessário retirar espaço dos automóveis, algo que a cultura ‘carrocêntrica’ não permite”, afirma.
Setorial Municipal
Simone Mirapalhete, membro da Executiva Municipal do PT e diretora do Museu de Ciências Naturais (MCN) da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul acredita que só conseguiremos uma cidade sustentável se dialogarmos a exaustão com os múltiplos atores.
“Nosso desafio é pensar ações de políticas com muito diálogo, buscando fazer com que o coletivo seja maior do que o individual. Enquanto partido, temos que consolidar este espaço de discussão numa setorial do meio ambiente para que possamos construir políticas para a cidade”, avaliou.
Atento às demandas, o presidente municipal do PT Adeli Sell se comprometeu em formalizar a setorial municipal do meio ambiente. “Para nós isto será prioridade neste ano”, afirmou.
Da plateia vieram importantes contribuições, como a do ativista Silvio Nogueira, para quem a cidade não possui um planejamento estratégico. “Não se pensa a cidade para 20 ou 30 anos. A discussão continua sendo pontual. Os movimentos sociais ficam pipocando de um lado ao outro. O alvo hoje, por exemplo, são as obras da Anita Garibaldi e não a mobilidade como um todo”, queixou-se.
Já para o presidente da Associação dos Moradores do Centro de Porto Alegre, Paulo Guarnieri, o PT precisa fazer um movimento organizado neste sentido. “Precisamos trazer as pessoas do debate pontual para o debate estratégico de cidade”. Guarnieri também não vê com bons olhos a política do carrocentrismo no centro. “Na época do PT fechamos as vias para os carros, atendendo a vocação do Centro Histórico. Essa nova administração veio na contramão do que conquistamos, abrindo vias, liberando a circulação de carros e edifícios garagens e entupindo o centro de automóveis”, criticou.
Por Tatiana Feldens, Asscom PT-POA
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