No início dos anos 80, se a memória não me trair, havia dois locais que serviam expresso: um na Rodoviária e outro na Montaury. Nem se perguntava se "expresso" era com "x" ou se havia a grafia com "s", pois se pedia um "café expresso", que agora virou expresso. Sim, com "x", pois a outra grafia é italiana.
Café em Porto Alegre era sinônimo de RIAN, onde políticos e artistas incluídos ficavam em torno do balcão aguardando as xicrinhas quentes e o fumegante líquido negro, que chegava numa bule, a rodo... Tradição esta que fechou ali na Rua da Praia, mas que continua viva na Nilópolis com o Di Rihan Bistrô. Este agora com o "h".
As coisas mudaram. Sorte que para melhor. Desapareceu o hábito, provavelmente copiado dos paulistas, de tomar café em copo de pinga. Respeitosamente, hora de mudar, sem arrogância. Agora, não faltam bons cafés na cidade.
Temos cafés para todos os gostos. Expresso pode ser carioquinha, pouco mais fraco que o tradicional. Temos o normal, o curto, o típico italiano ou o cubanito. E há os especiais, como o tradicional cappuccino - que nem padre ousa tachar como pecado de gula se o sujeito pedir dois, mesmo que com chantilly. Tem até frio ou servido com sorvete.
Outros gaúchos preocupados com sua saúde já tomam expresso sem açúcar, o que nos permite sentir o verdadeiro aroma do café.
Não quero ser injusto ao citar apenas alguns poucos cafés espalhados pela cidade, mas quem reclamar e me ofertar um bom café vou atrás e faço uma segunda edição.
No Mercado Público sempre há cheiro de café, até moído tem, e juntar os amigos no deck do Café do Mercado depois do almoço é uma obrigação.
No Centro não dá para deixar de falar da tradicional ‘A Brasileira’, onde pode se tomar no balcão, saborear nas mesas, ou entrar no reservado para não fumantes, o contrário do que normalmente se vê.
No Moinhos de Vento, o mais tradicional é o Café do Porto. Pontos para a Cacaia. Temos também o Domitila, não apenas pelo agito do Claiton, suas pétalas de rosa, mas pelos tipos excitantes de cafés.
No Menino Deus, no Praia de Belas, não dá para deixar de tomar o ristretto do Press. E se tiver com fome, então nem se discute: tem o Pão da Nona, na José de Alencar, onde se tem o melhor expresso grande com leite, tirado como só lá.
Na Tristeza, com ou sem fome, tem o Machry Armazém e Bistrô. Em Petrópolis, para um papo e um café, o Z Café.
Ora, com dor na consciência paro por aqui, porque terei que escrever mais alguns roteiros de café por Porto Alegre. Não vou nem entrar na questão sobre quem produz o melhor café, se é o Brasil ou a Colômbia. Mas se for a Bogotá, tome Juan Valdez.
ADELI SELL é professor, escritor e consultor
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