sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O lamaçal do Acampamento Farroupilha

Adeli Sell*

Apesar de existir verba prevista no Orçamento municipal, no valor de R$ 500 mil, a Prefeitura não conseguiu fazer a drenagem do Parque Harmonia antes da instalação do Acampamento Farroupilha deste ano.

Isto significa que, assim que caírem as chuvas, que nunca faltam nesta época, o lamaçal estará formado, com todos os seus inconvenientes. Quem quiser circular pelos piquetes, pelas bailantas e pelas áreas de comércio, ou pretender apreciar um bom carreiteiro ou churrasco num piquete, vai ter que trotear pela lama.

Mas esse lodaçal ainda é pequeno se comparado à falta de estatura ética e moral de alguns dirigentes do Acampamento e da Semana. Não estamos falando da Prefeitura nem do Governo Estadual, que podem ter lá seus problemas, mas sim numa meia dúzia de figuras indignas de conduzir qualquer processo cultural na cidade e no Estado.

Não nasci aqui, sou catarinense, como muitos que aqui vivem. Fui acolhido por esta terra maravilhosa há 40 anos, tornando-me porto-alegrense e gaúcho de coração e por opção. Assim, não serão provocações baratas que irão me desviar do que considero correto e necessário. Para sentir-se parte de uma cultura e abraçar suas tradições, é preciso bem mais do que um local de nascimento.

Junto com outros vereadores e centenas de tradicionalistas, verdadeiros homens de bem, estou empenhado em acabar com as pilantragens que se instalaram há tempos no Acampamento e na Semana. Ciosos de nossa atribuição de fiscalizar o uso do dinheiro público, convocamos alguns dirigentes do Movimento Tradicionalista Gaúcho – MTG a prestar contas e apresentar documentos comprobatórios na Câmara Municipal. A resposta foi o deboche de dizer que não iriam fazê-lo e que não nos devem satisfações. Parece que a ideia de uma pátria Farroupilha instalada no parque Harmonia subiu-lhes à cabeça, e já se consideram pequenos príncipes de um reino sem leis.

Mas, como a realidade é bem diferente e se impõe, as explicações terão que ser dadas, mas agora ao Ministério Público, ao delegado de polícia, à Justiça.

As falcatruas virão a público, e nem de rebenque vão me impedir de estar na entrada do Acampamento, onde distribuirei uma Carta Aberta ao Povo Gaúcho, denunciando as irregularidades.

Pois, este é o meu dever e direito de vereador.

*Adeli Sell é vereador de Porto Alegre.

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