quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Arquiteto defende aproveitamento de prédios ociosos

Apelidado de "esqueleto", 
edifício no centro de Porto Alegre 
está abandonado há décadas 
e poderia ser utilizado para 
comunidades autogestionárias, 
defende arquiteto Marcelo Gotuzzo 
| Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Por Vivian Virissimo, Sul 21

Os prédios ociosos nos centros das grandes cidades precisam ser aproveitados, de modo sustentável, para a criação de habitações populares e espaços culturais. Quem afirma é o arquiteto Marcelo Gotuzzo, mestrando do Programa de Pós-Graduação em Arquitetura da Ufrgs. Defensor da ampliação das comunidades autônomas em Porto Alegre, Gotuzzo tem projetos para geração de renda na comunidade Utopia e Luta e para o aproveitamento do “esqueleto”, como é chamado o edifício abandonado no centro da capital.

“As cidades do futuro não podem conviver com espaços ociosos nos centros urbanos. São locais com alto nível de infraestrutura, acesso a serviços e dotados de grande mobilidade”, defende Gotuzzo.

O pesquisador explica que comunidades autônomas se diferenciam de outras propostas de habitação popular porque, além da destinação para moradia, agregam centros culturais e projetos de geração de renda. “As comunidades autônomas tentam se aproximar de modelos de autogestão, fomentam atividades em todos os campos das artes, além de desenvolver projetos de geração de renda para ampliar as atividades, não para o enriquecimento individual”, diz Gotuzzo.

O arquiteto projetou uma “floresta vertical” a ser implantada no prédio do Utopia e Luta, assentamento urbano instalado em um antigo prédio do INSS no centro de Porto Alegre. A comunidade já desenvolve atividades de hidroponia no terraço do edifício, mas a proposta é ampliar o projeto utilizando o espaço ocioso acima do edifício. “A ideia é que haja um impacto visual com as paredes verdes que terão capacidade de equilibrar a umidade dos ambientes internos, possibilitando maior conforto térmico no verão, além de inibir pichações”, acrescenta Gotuzzo. O projeto também estabelece espaços para economia solidária, bem como um café, um miniauditório e um atelier.

Projeção da "floresta vertical" planejada 
pelo arquiteto para o prédio do 
Utopia e Luta, no centro de Porto Alegre
 | Foto: Divulgação
Outra ideia é que as lojas que funcionam sob as escadarias da Borges de Medeiros, que são concessionárias do local que pertence à Prefeitura, também sejam incorporadas ao projeto com o objetivo de facilitar o acesso à população que circula no local. Gotuzzo destaca a sustentabilidade do projeto que vai empregar materiais leves e pré-fabricados de rápida montagem. “Será uma obra limpa e contrastante com a edificação original, respeitando a sua pré-existência”, explica, acrescentando que a estimativa é que a obra possa ser concluída em 12 meses, após conclusão dos projetos e liberação de verbas.

Esqueleto
Para a revitalização do “esqueleto” da Praça XV, prédio abandonado há décadas no centro de Porto Alegre, o arquiteto defende a criação do Residencial e Centro Comunitário Autônomo Autogéré. O prédio que tem mais de 6.500 m² começou a ser construído há 60 anos e ainda está inconcluso. “O edifício tem potencial de uso nos moldes da participação coletiva. Esta grande estrutura ociosa situa-se em local de fácil acesso a todas as comunidades do grande perímetro urbano da capital”, afirma Gotuzzo. Um laudo técnico atestou a viabilidade da reutilização da estrutura já existente.

Gotuzzo ressalta que as negociações para viabilização do projeto contam com consentimento dos proprietários. “O projeto inicial prevê cerca de 100 apartamentos com com espaços internos contíguos, com possibilidade de versatilidade de arranjos, de acordo com o desejo de cada morador”, explica.

Leia matéria completa aqui

Nenhum comentário: