terça-feira, 4 de outubro de 2011

Um dia para os animais não basta

Por Adeli Sell 
vereador e presidente do PT-POA 

Dia 4 de Outubro é o Dia Municipal da Proteção Animal. Um tema que continua urgente, pois não há um único dia sem que a brutalidade imposta aos animais nos chegue em forma de e-mails ou telefonemas. As notícias se espalham por uma rede tecida entre pessoas que não suportam ver o sofrimento alheio. De mão em mão, estes casos vão rodando Porto Alegre e despertando alguns do estado de amortecimento. Ao menos, existem os que fazem todos os dias uma luta contra os maus-tratos.

A população de animais que vive na cidade é grande. Refiro-me aos domesticados ou escravizados pelo nosso sistema de vida. Há um cálculo que diz que para cada criança que nasce, nascem 15 cães e 45 gatos. E a Organização Mundial de Saúde indica, ainda, que a Capital tem pelo menos 300 mil cachorros na rua. Sem castração e controle, a tendência é aumentar. São milhares de bichos que vivem a própria sorte num ambiente pouco adequado às suas necessidades. Frio, fome, violência, atropelamento e até violência sexual. Cães, gatos e cavalos são algumas das espécies que vivem as agruras da cidade numa experiência de abandono, tortura e crueldade.

Há uma combinação de fatores que nos leva a esta realidade e eles vão desde a venda de animais como produtos até a falta de rigor nos crimes de abandono e maus-tratos. Na prática, os bichos estão nas ruas porque ali nascem ou ali são deixados. O abandono tem desculpas vazias e motivos fúteis: animais adoecem e dão trabalho ou os donos mudam seu estilo de vida e aquele bichinho não se enquadra mais. Há, também, mitos e ignorância que prendem os animais a uma dura realidade. No caso dos cavalos, por exemplo, há falta de vontade política e há politicagem que reforça a mentira de que algumas famílias só podem ter renda por meio da carroça. Não há lógica em determinar que pessoas não podem ter ou aprender novo ofício. Desculpas e mais desculpas.

Diante de tudo temos que continuar desenhando um caminho com mais esperança, alicerçado em estruturas públicas e leis que pensem uma relação ética entre animais de todas as espécies. E ainda é preciso enfrentar assuntos como trocar a compra de animais pela adoção, restringir feiras e criadores, dar fim às carroças, dar fim à coisificação dos bichos comprados e desfilados como grife e debater os Direitos dos Animais.

Animal não é brinquedo. Animal não é fashion. Ele tem um corpo vivo a ser cuidado.

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