Por Adeli Sell
vereador e presidente do PT-POA
A Copa do Mundo virou fetiche para alguns. Para outros, um fantasma. Digo que será um tormento para algumas autoridades. Nem fetiche nem fantasma resolvem os dilemas que ela já nos impôs e outros que virá a impor. Mas quanto aos tormentos, bem, isto é com as autoridades.
A Copa não admite adoradores, mas gestores capazes. Odeia pirotecnica, agrada-lhe a ação concreta. Como também nem mete medo nem assombra ninguém competente, mas pode escrever, vai dar sustos nos incompetentes. E aí virá o tormento.
Nas obras da Arena, que parecem estar caminhando bem, já tivemos duas greves. Foi preciso ação rápida dos empreendedores e negociação sindical para estancar o problema. No Inter, há problemas com a empresa que vai tocar a obra. Mas nada que não se recupere no tempo. Isto se não houver outros tropeços.
Já no setor público, parece que ali as coisas não vão tão bem assim. Nada parece avançar nas obras de ampliação de ruas. Algo quase invisível foi feito na Beira Rio. E o resto? Sem notícias. Pelo menos não públicas.
E na questão da Grande Cruzeiro, com as obras de ampliação da grande avenida que corta o bairro Cruzeiro do Sul? Até agora não vi moverem uma palha, um grão de areia. Não fossem as lideranças comunitárias da região nada teria acontecido. Os locais de realocação foram encontrados e/ou apontados pelos moradores. Se algum local foi perdido é culpa de algum gestor do Demhab.
Quem propôs as edificações para garantir que nenhuma das 1.800 famílias tenha que sair dali fui eu, assim como propus, através de um Projeto de Lei, o Bônus Moradia para quem quiser sair do local.
Eu tenho buscado, de todas as formas, colaborar para que as coisas evoluam nas obras da Copa, que sejam superados os problemas. Mas fico pasmo que até agora o Demhab não tenha garantido os recursos do Minha Casa, Minha Vida para esta região. Como fico mais perplexo ainda com a Smam, por não ter dado ainda a Licença Ambiental para esta obra.
Mas a "Copa" não se resume apenas na execução de algumas obras. Tudo o que venha a ser feito tem que ficar para o bem-estar dos nossos moradores, para muito além dos jogos mundiais. Por isso, obras de infra-estrutura, novas vias, preparação de mão obra, algo mais do que precário nos dias de hoje, tudo tem que ficar para o futuro.
Será que já não seria hora de treinar os nossos taxistas? E o que dizer dos demais serviços? Quando isto vai começar de fato? Este ProJovem Trabalhador é o mesmo fracasso que foram as outras edições. Sem falar nos cursos do chamado PETI (Programa de Erradicação de Trabalho Infantil). Parece que também não deu certo ainda. Afinal, quando vamos fazer um bom balanço e ver onde erramos e partir para outras formas de capacitar as pessoas?
Iniciada a Copa, não haverá “o jeitinho brasileiro” para aquilo que não foi planejado e pensado. Além da qualidade dos serviços, como vamos encantar turistas em inglês, espanhol, italiano, francês e mandarim? Parece que ainda pensamos como na República do Piratini, onde o gauchês era a língua oficial.
Não só de futebol vive o Brasil, nem só de futebol vai se fazer uma Copa do Mundo.
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