segunda-feira, 25 de julho de 2011

CONTEINERES DA IGNORÂNCIA

contêineres da ignorância

Os novos contêineres de lixo - Foto de Eduino de Mattos

12/07/2011 - Implantação do Primeiro Contêiner da Coleta Automatizada do Lixo. Foto: Ricardo Giusti/PMPA
A prefeitura municipal de Porto Alegre decidiu implantar a “Coleta Automatizada de Lixo“, inicialmente no Centro Histórico e mais dez bairros ao redor: Bom Fim, Cidade Baixa, Farroupilha e parte do Menino Deus, Praia de Belas, Azenha, Santana, Rio Branco, Moinhos de Vento e Floresta.
Trata-se de um sistema de coleta de lixo orgânico domiciliar, mas para muitos cidadãos isso foi muito mal explicado, pois os contêineres estão sempre cheios e não apenas com lixo orgânico, também existe muito lixo reciclável sendo depositado nos contêineres. A idéia não é ruim, na verdade é muito boa, pois um dos grande problema da cidade é o acúmulo de sacos plásticos com lixo nas calçadas esperando a coleta. Basta cair uma chuvarada para que muitos desses sacos com lixo sejam levados pela água até os bueiros e então bloqueiam sua entrada, causando muitos alagamentos.
O temor da prefeitura inicialmente era o vandalismo que poderia ocorrer, como depredação e queima dos contêineres de plástico. Isso já ocorre em outras cidades que já tem esse sistema em funcionamento e como cada contêiner custa aproximadamente 4 mil reais, era a grande preocupação do executivo.
O mais importante, porém, a prefeitura esqueceu de dar maior atenção: explicar claramente para que se destinava e como o cidadão deveria usar os contêineres. Resultado: a grande maioria da população dos bairros contemplados com a “coleta automatizada” desconhece que eles são destinados apenas para lixo orgânico. Outra falha do sistema é que não há recolhimento diário do lixo e como estão colocando lixo reciclável (que faz muito volume) além do orgânico nos contêineres eles normalmente estão sempre cheios e com sacos de lixo em volta.

Contêiner de lixo na João Telles, próximo da Av. Osvaldo Aranha - Foto: Cesar Cardia
A colocação de contêineres de lixo nas calçadas, em algumas ruas, mostra também a preocupação que nossa prefeitura tem em tirar espaço para os pedestres para não prejudicar o espaço dos automóveis.

Contêiner na calçada. Bairro Bom Fim - Foto: Cesar Cardia
O cidadão comum ignora que os contêineres devem ser usados apenas para o lixo orgânico e o executivo municipal ignora sua obrigação de fazer a coleta diária e de esclarecer convenientemente a população sobre a separação de lixo, seu acondicionamento e o uso adequado dos contêineres.

Atrapalhando o trânsito de pedestres - Foto de Eduino de Mattos
Talvez nossos atuais administradores devam dar uma olhadinha para o passado, aí descobrirão uma antiga administração (e no tempo da ditadura) que até usou a frase “Aqui o que importa é a pessoa” como slogan para

Centro Histórico (2010) - Foto: Cesar cardia
seu governo. O prefeito nomeado da época, Guilherme Socias Villela, fez muito para que seu “slogan” não soasse vazio. Criou a primeira Secretaria Municipal do Meio Ambiente, pioneira no Brasil. Foi o autor da Lei do Impacto Ambiental, que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente no município.
Incentivou de maneira exemplar a criação de Parques e Praças, entregando à população o Parque Marinha do Brasil e o Parque da Harmonia, hoje rebatizado como Maucício Sirotski Sobrinho. Mas não ficou só nisso, também foram abertos o Parque Vinte de Maio e o Parque Mascarenhas de Moraes, além de 35 novas praças e feitas ampliações no Parque Moinhos de Vento e no Parque Farroupilha, totalizando o plantio de 1,15 milhão de árvores em oito anos de governo.

Brique da Redenção - criado na administração Villela. Foto de Cesar Cardia
Como “o que importava era a pessoa”, entregou obras como o Centro Municipal de Cultura, onde se situam o Teatro Renascença, a Sala Álvaro Moreyra, o Ateliê Livre e a Biblioteca Pública Municipal Josué Guimarães. Foi também o responsável pela conclusão de 15 mil casas no complexo habitacional da Restinga. Criou as Linhas Transversais de ônibus (Linhas Ts); da Tarifa Social (tarifa única) do sistema de transporte de ônibus; do sistema de Taxi-Lotação contando, ao final do período, com uma frota de ônibus renovada (idade média de 4 ½ anos).
Fez tudo isso (e muito mais) sem ter sido eleito, foi nomeado pelo regime militar!
Mas temos que reconhecer que hoje, mesmo vivendo um regime democrático, a nossa prefeitura e a maioria de nossa Câmara ignoram que a cidade só existe porque existem pessoas que vivem nela

4 comentários:

KahrlaNy disse...

Está um absurdo isso. Já não passa mais caminhão de lixo com tanta frequencia, lixo seco mistura com lixo orgânico, praticamente acabou com coleta seletiva em Porto Alegre. Só não é pior porque existe o catador.

comentários.... disse...

boa!... este slogan: “Aqui o que importa é a pessoa”, se aplicar hoje, soará vázio mesmo!
É como ver um taxista não respeitando um pedestre na faixa de segurança (um possível usuário de taxi, seu ganha-pão), um vendedor ignorando um cliente que apenas olha os produtos (um futuro comprador, seu ganha-pão)... vejo
Porto Alegre assim atualmente, pessoas colocadas em postos adminstrativos por eleitores, ignorando estes eleitores que são os cidadãos que pagam impostos (quer dizer, seu ganha-pão).

Anônimo disse...

Importante a reprodução da reportagem que saiu no Blog POA Resiste. Pena que saiu sem algumas partes que faziam referência a Prefeitura Municipal de POA.

Anônimo disse...

Parabens pelo artigo "conteiners da ignorância", principalmente pelo reconhecimento de uma administração que não seja de seu partido, coisa muito rara em um petista, ainda mais de um regime militar. Realmente o Prefeito Vilela se importava com a pessoa.
Zélia Fontoura