sábado, 19 de junho de 2010

Brasil x Argentina ------ (Para não dizerem que não falamos da Copa)



por Vinícius Wu

Nosso blog normalmente trata de política. Mas como não gostamos muito da idéia de ficar fora de moda, tratemos um pouco de futebol. Que ninguém espere uma análise dos esquemas táticos das principais seleções, tampouco previsões sobre o time campeão e os artilheiros da Copa. Mas o tema não será enfadonho.

Afinal, sabemos que em plena Copa do Mundo, não é recomendável esperar que alguém vá ocupar-se da leitura de um artigo chato quando poderia acompanhar mais um “jogo históóóórico” (locutores adoram isto) como, por exemplo, Eslováquia e Nova Zelândia (sic). Não pretendemos, portanto, ocupar o precioso tempo do torcedor com bobagens.

Falemos, então, do assunto preferido da grande mídia por estes dias: a rivalidade entre Brasil e Argentina. Vamos tratar, especialmente, de Dunga e Maradona. E antes que algum chauvinista de botequim acuse-me de “antipatriota”, lembro que essa história de hostilizar argentino é enredo fora de moda pra patuscada de fim de semana, que só interessa a fabricante de cerveja e refrigerante.

Torcer pelo Brasil é natural, e não deixo de fazê-lo, mas não ao estilo Galvão Bueno que, como bem alertou o amigo Migliaccio, parece acreditar que temos um quilo de salsicha recheando nossa caixa craniana. Torcer como sugere o Galvão é impensável para quem possui, ao menos, um punhado de neurônios


Bem, vamos então aos nossos dois técnicos. Ambos foram jogadores e campeões mundiais. Os dois são técnicos estreantes nesta copa. Um e outro se notabilizam pela prepotência e pela língua afiada. Mas as semelhanças param por aí.

Afinal, um fez do futebol espetáculo e da bola um instrumento de sua arte. O outro fez do futebol seu ofício e da bola sua inimiga.

Um é recebido pelo presidente mais popular das Américas – e talvez do mundo – e se recusa a tirar a mão do bolso para cumprimentá-lo. Outro recebe as mães da Praça de Maio, diz que lhes dedicará o título e adere à campanha para que estas recebam o Nobel da Paz – num belo gesto desprezado pela maior parte de nossa grande mídia.

Não quero dizer com isso que um é “bom” e de esquerda e outro “mau” e de direita. Provavelmente, ambos nem saibam direito o que é direita e esquerda. Menos ainda espero de Dunga o apoio à Lula. Mas estamos tratando do Presidente de uma República que se mobiliza pra torcer por sua seleção e assim cria as condições para que se paguem os bons salários da nossa brilhante comissão técnica. Além disto, espera-se, de qualquer um, ao menos um gesto de boa educação numa situação como esta.

Ao definir os nomes de sua seleção Maradona optou pelo talento, Dunga preferiu a obediência.

Dunga é fruto do controle absoluto e lastimável da CBF por seu eterno presidente-proprietário que lhe ofereceu a Copa como estágio. Maradona é novato em Copas, mas já havia dirigido um dos maiores clubes argentinos. Além disto, entende e, principalmente, gosta de futebol.

Vamos parar. Não é boa essa comparação para o Brasil. Torcerei sim pela nossa seleção, por vários motivos. A começar pelo fato de ter um bom motivo para encontrar e tomar uma com os amigos nos dias de jogo do Brasil. Ver as pessoas com as quais convivo felizes, amar o meu país e nosso povo também são outros bons motivos.


Mas não me peçam para acreditar que Dunga é arrogante por que é “profissional” e “exigente” e que Maradona é prepotente por que é argentino. Também não quero detestar a Argentina, declarar guerra à Bolívia e oprimir o Paraguai. E fico por aqui antes que digam que sou eu quem está misturando política e futebol.

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