terça-feira, 9 de outubro de 2012

PT tenta compreender queda no desempenho eleitoral


Por Alexandre Leboutte, Jornal do Comércio

No dia seguinte à pior derrota sofrida pelo PT na Capital, o presidente municipal da sigla, Adeli Sell, ainda não tinha um entendimento claro sobre as causas na queda acentuada de votos dados ao partido nos últimos anos. Depois de governar a cidade por 16 anos e chegar a eleger Raul Pont no primeiro turno, em 1996, com mais de 400 mil votos, a sigla amarga a terceira derrota consecutiva. Desta vez, a legenda sequer disputou o segundo turno. O candidato petista, Adão Villaverde, fez 76.548 votos (9,64% dos votos válidos), tendo ficado em terceiro lugar.

Adeli entende que existe “um somatório de fatores” para a perda de força eleitoral do PT em Porto Alegre. “São questões nacionais, estaduais e locais”, diz Adeli, observando que o julgamento do mensalão, “especialmente nesta última semana (que antecedeu o pleito)”, foi um dos elementos nacionais a impactarem negativamente na imagem do partido. Entre as causas estaduais, cita o desgaste do governo Tarso Genro (PT) com o magistério. “Quem é governo sempre carrega o peso de algum descontentamento”, justifica, revelando que ouviu muitas cobranças pelo não pagamento do piso aos professores. “Todo mundo tem um professor na família”, afirma, “mas não podemos maximizar isso”, pondera.

O líder petista constata que, no plano local, o PT tem encontrado dificuldade para se apresentar como “uma oposição visível”, com uma intensidade maior nas cobranças ao governo municipal. “A cidade tem muitos problemas, mas talvez não tenhamos conseguido expô-los com clareza”, alega. O eleitor teria percebido similaridade nas candidaturas de Villaverde, José Fortunati (PDT) e Manuela d’Ávila (PCdoB), uma vez que todos pertencem à base dos governos estadual e federal, acredita Adeli.

O diretório municipal do PT se reunirá na próxima terça-feira para iniciar um ciclo de debates, com o intuito de analisar o resultado da eleição. “A minha ideia, como presidente do PT, é regionalizar este debate. Nós temos que envolver a militância”, defende Adeli, reclamando que “um elemento que pesou foi a pouca presença militante” na campanha majoritária. “Não sentimos o mesmo vigor e determinação, a estrela no peito, o adesivo, a participação nas caminhadas”, enumera.

Perguntado se teria influenciado o fato de Villaverde ser uma liderança menos conhecida do eleitorado, Adeli respondeu que o partido, como um todo, teve uma queda, inclusive perdendo duas cadeiras na Câmara Municipal - o PT elegeu sete vereadores em 2008 e cinco neste ano. O dirigente foi um dos prejudicados com o resultado do pleito. Depois de quatro mandatos no Legislativo, ficou de fora da futura composição da bancada petista.

A construção de alianças com as siglas que historicamente acompanharam o PT, como o PCdoB e o PSB, refutada pelo partido neste pleito, também deve ser analisada. “Mas tudo isso são hipóteses, que, no máximo, a gente pode somar uma à outra, pois não existe uma única questão”, avalia.

Nenhum comentário: