Nosso prefeito José Fogaça volta e meia vem a público dizer que o governo federal tem má vontade em financiar os Portais da Cidade. Com certeza o prefeito está mal informado, não há má vontade. O problema é que os Portais da Cidade, tais quais foram pensados e até aqui apresentados, são uma afronta ao bom senso e uma excrescência técnica. Servem apenas para pirotecnia e botar dinheiro público pelo ralo.
Antes, tudo girava em torno de uma solução milagrosa no largo Zumbi dos Palmares. Os ônibus viriam pela Protásio Alves e depois de inúmeras voltas desembarcariam seus passageiros para transbordo no Largo Zumbi dos Palmares, onde tomariam outro ônibus para o Centro. Houve revolta da população e provavelmente um assessor sensato mostrou que isso não passava de um projeto grosseiro e insustentável.
Apesar de aparentemente ter desistido do terminal Zumbi dos Palmares, o prefeito ameaça ir à Brasília tentar convencer a ministra Dilma a incluí-lo nas obras do PAC para a Copa. Como se a mera menção à Copa – muito bem-vinda – fosse uma panacéia para salvar Porto Alegre do caos do trânsito e de um transporte público cada vez mais caótico. Como também não se justifica a construção dos portais Cairu, a menos de cinco minutos do Centro, e Azenha, que terá o metrô passando na região
O que parece estar por trás disso tudo é atender a interesses econômicos ao privatizar espaços públicos através da construção dos shoppings. Aí entra outra questão: o impacto destes trambolhos nos comércios locais, que serão esmagados, e a conseqüente perda da identidade cultural das regiões.
Nada disso parece preocupar o secretário Senna, o secretário que mais viaja deste governo; viaja tanto que conhece melhor as ruas de Londres e Washington do que as de sua cidade. Sua prioridade é vender o projeto Portais no exterior, em explanações requintadas para acadêmicos, esquecendo de olhar a realidade da cidade e de ouvir os moradores que diariamente sofrem com o caos do trânsito.
Se a Prefeitura vinculasse paradas e integrações às planejadas estações do Metrô agiria corretamente, investindo num projeto permanente e comprometido com a cidade.
Os Portais fazem mal para Porto Alegre. Por isso, vamos nos mobilizar contra sua construção.
Soluções para o caos no trânsito
As soluções são muitas. Mas é preciso começar pelas mais simples e o quanto antes. Urge reestudar paradas de ônibus, fluxo de ruas, articular os binários que não foram concluídos e integrar as linhas de ônibus compatíveis no Terminal Triângulo, que foi planejado para isto e onde o dinheiro público já foi gasto. A partir dali, de forma equilibrada, é possível fazer os ônibus circularem pela Assis Brasil ou pela Sertório; além de receber o fim de linha dos T da Carris, que estão na Roque Callage.
Obras, como um corte da Santo Antonio na altura da Independência, são fáceis de fazer e ajudariam em muito; o mesmo poderia ser feito na Ramiro com Independência. Urgente também é fazer a passagem por vão subterrâneo na Ramiro com a Protásio, com uma alça de entrada na Protásio. São exemplos simples, com os quais gastaríamos pouco.
Mas a atual administração prefere obras grandiosas de efeito pirotécnico para o público externo, não se preocupando com o dia a dia da população. As faixas de pedestre não são repintadas, ônibus cheios e sem horários não têm fiscalização, placas ou sinaleiras não são trocadas.
O prefeito Fogaça não pode se omitir e fingir não ver o que todos percebem. Há pessoas, como o atual secretário, cujo embasamento teórico não leva a entender a realidade cotidiana. Melhor deixá-las, portanto, cuidando da teoria acadêmica. A cidade precisa de alguém que conheça seus problemas e queira enfrentá-los com coragem e dedicação. Isso se faz nas ruas da cidade, não em palestras no exterior.
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