Por Carlos Dirnei Fogaça Maidana
A sugestão de novas regras para eleger parlamentares defendidas pelo Vice-presidente Michel Temer é, no mínimo, temerária. A proposta consiste em eleger os parlamentares mais votados, ignorando a regra do quociente eleitoral como critério de distribuição das vagas.
A regra vigente não ocorre por mera liberalidade do legislador. Pelo contrário, o quociente eleitoral é um dos arrimos da democracia, pois dá aos Partidos a importância necessária no processo eleitoral. O que Temer está propondo é a exclusão de um dos pilares de sustentação da democracia brasileira, que são os Partidos Políticos.
Ao propor a eleição do mais votado sujeitará as agremiações partidárias tão somente a executar uma tarefa cartorária exigida pelo Poder Judiciário Eleitoral para inscrever os candidatos. Não haverá, por parte dos Partidos, o controle e, pelos eleitos, o comprometimento e muito menos obediência aos Estatutos Partidários e observância dos princípios ideológicos que norteiam as agremiações.
Se vingar a proposta estaremos prestes a ter “candidato avulso” (aquele que postula individualmente o cargo, sem apoio de partido, o que hoje não é permitido por força do art. 9º da Lei nº 9.504/97) que não deve, a ninguém, satisfação de seus atos enquanto parlamentar. Situação como esta permite que o eleito “negocie/venda” seus votos no parlamento inaugurando mais um canal de corrupção a alimentar os trampolineiros da política.
Todas as democracias do mundo têm como sustentação os partidos políticos fortes e bem organizados, essa situação só ocorre por mecanismos que garantem essa organização e esse vigor. E uma das exigências é a conquista das vagas, primeiro pelo partido ou coligação e, depois, dentro desse partido ou coligação, pelo candidato mais votado. Qualquer regra diferente desta é golpear de morte o nosso democrático sistema eleitoral.
Relegar o Partido para um segundo plano no processo eleitoral é potencializar o fisiologismo, a corrupção, a falta de ética e a imoralidade nas ações políticas e de gestão da máquina pública.
É indiscutível a importância dos Partidos no processo político brasileiro, pois são instituições que garantem e sustentam a democracia.
Enfraquecê-los é comprometer o estado democrático de direito e as liberdades individuais.
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