segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ENTREVISTA - Militância teve papel fundamental nessa eleição

Adeli Sell, presidente do PT-POA
Aos 57 anos, Adeli Sell, atual presidente do PT municipal, já concretizou diversos objetivos de sua vida. Está no seu 4º mandato de vereador em Porto Alegre, cidade que escolheu para viver. Já dirigiu o partido que ajudou a fundar no início da década de 80 nas instâncias estadual e municipal. Escreveu e publicou livros. Casou, descasou e casou novamente. Plantou árvores, mas não teve filhos. - Por quê tê-los?, questiona-se, de forma irônica, sempre que indagado. Falta um grande desejo, segundo ele: estar no comando da prefeitura de Porto Alegre. Para isso, avisa: “estou trabalhando ferrenhamente”.

Filho de pequenos agricultores, Adeli conta que em 1973 pegou a única maleta da família e de carona veio a Porto Alegre. Adotou a capital dos gaúchos e por ela também foi adotado. Cursou Letras na UFRGS, foi professor de vários cursos de Inglês. Lecionou Literatura na Faculdade de Letras, em Osório, e foi livreiro por longos anos. Foi um dos fundadores do PT no Rio Grande do Sul e membro da Executiva Estadual por 15 anos. Em 1996, decidiu sair da esfera estadual para tentar uma vaga na Câmara Municipal. Foi eleito vereador, reelegendo-se em 2000, 2004 e 2008. Atualmente cumpre o seu quarto mandato.

Em meio a este período, por 15 meses (2003/2004) foi titular da Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) de Porto Alegre, onde desenvolveu uma metodologia de trabalho no combate à pirataria, ao contrabando e à falsificação. Nesta entrevista, a última da série com dirigentes e secretários do PT-POA, Adeli faz um balanço de sua gestão no ano de 2010 e projeta o futuro do partido para o biênio 2011/2012.

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PT-POA – Como surgiu o PT na tua vida?
Adeli Sell - Sou um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores. Pertencia a um grupo político chamado Liberdade e Luta. Era uma tendência estudantil de raiz trotskista e que tinha uma série de questionamentos sobre a formação do PT – chegou a dizer, em alguns momentos, que o PT seria um partido tradicional, um pilar da ditadura -, uma grande besteira. Felizmente essa concepção durou pouco tempo e como todos os bons trotskistas, o grupo resolveu fazer entrismo dentro do PT. Participei desde o início da Direção do Partido. Por 15 anos integrei a Executiva Estadual do PT. Fui Secretário de Organização por 2 vezes, Secretário de Comunicação, Secretário de Assuntos Institucionais e Secretário-Geral do partido. Em 1996, decidi sair da Executiva para tentar a vida no legislativo. Me elegi na primeira tentativa de ser vereador em Porto Alegre, fazendo mais de 6 mil votos. De lá para cá concentrei minha atividade na cidade. Eu nunca havia sido dirigente do PT local e estar a frente do PT de Porto Alegre é um grande júbilo.

PT-POA – Qual a razão de sair da esfera estadual e optar por comandar o partido no município?
Adeli Sell – Meu foco já estava voltado para Porto Alegre, por ser vereador, por trabalhar as questões da cidade. Acho que a possibilidade legislativa de um vereador é muito superior a de um deputado estadual. Além disso tudo, me considero um profundo conhecedor dos problemas de Porto Alegre e visualizo um conjunto de soluções para a cidade, como demonstrei recentemente com o lançamento do meu livro “Porto Alegre, a modernidade suspensa”, onde traço um panorama de Porto Alegre: como é atualmente, como já foi, os seus conflitos e quais são as perspectivas para o futuro. Além do mais, não escondo de ninguém o meu desejo de um dia ser prefeito desta capital.

PT-POA – Tu és natural de Santa Catarina e muito cedo decidiu vir para Porto Alegre. Como surgiu esse amor pela cidade? Foi difícil a adaptação?
Adeli Sell –
O amor por Porto Alegre surgiu logo no início, quando cheguei aqui. Claro que sofri um choque cultural muito grande. Migrei na década de 70 de uma cidade muito pequena, rural, do interior de Santa Catarina para uma metrópole em crescimento. Vivenciei o grande boon da construção civil, me envolvi com os movimentos sociais da cidade e, em 1979, comandei a grande greve da construção civil, a maior greve da história dos trabalhadores do Rio Grande do Sul.

PT-POA – Tu já estás completando quase 16 anos no legislativo. Por outro lado, teve uma breve experiência no Executivo como secretário da Smic. Poderia-se dizer que tua praia é mesmo o legislativo?
Adeli Sell –
Gosto muito do legislativo. Me encontro bem por aqui, sei navegar nos momentos de dificuldade, sei como entrar nesse mar revolto que é o legislativo, e também sei surfar nos bons momentos. Mas eu tenho uma paixão muito grande pelo Executivo. Nos meus curtos 15 meses no comando da Smic pude me dar conta de que sou um Executivo por vocação, também. Acho que não são incompatíveis as atividades legislativas e de executivo, mas eu gostaria de voltar, mais dia ou menos dia, para o Executivo municipal, pois ali você pode concretizar muitas coisas que apenas propomos aqui na Câmara como legisladores.

PT-POA – Esse seria um objetivo de curto, médio ou longo prazo?
Adeli Sell –
Se as forças e a conjuntura política me ajudarem será de curto prazo. Eu não posso esconder isso do meu partido de que gostaria de ser o candidato à prefeito. Mas isso vai depender do partido. Respeito profundamente as instâncias partidárias. Respeitei decisões democraticamente tomadas pela sigla. Gostaria de ter sido, neste ano, o presidente da Câmara Municipal de Vereadores. Mas as injunções políticas no início desta legislatura colocaram a minha colega e amiga Sofia Cavedon como a presidenta. Aceitei. Articulei, inclusive, para que parassem as tentativas de puxada de tapete, como se diz, por que eu acho que as decisões partidárias devem ser respeitadas.

Leia a entrevista na íntegra aqui.
Por Tatiana Feldens – Asscom PT-POA

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