domingo, 14 de fevereiro de 2010

Minha luta pelo fim das carroças, em defesa da vida


Minha luta pelo fim das carroças, em defesa da vida


Por Adeli Sell*


Fui criado na roça, no meio de bichos variados. Chorei quando mataram meu cachorro Baito, envenenado. Não conseguia entender esta maldade de tirar a vida de um bicho tão bom e companheiro. Muito usei a carroça na roça. Puxada por bois. Havia o chicote. Contraditório, chorei a morte do cachorro, mas usava o chicote do pai. Mas ele, iletrado, mas sábio, alertava: nunca "judia" dos bichos. Felizmente, a lição ficou.

Hoje, milito por convicção, pelo bem estar animal, pois animal tem que ser bem tratado, é um ser vivo como a gente, sofre como a gente, com o calor, com o frio, com maus tratos etc.

Castigar um cavalo como se vê em nossas ruas é uma questão cultural. Não se trata do sujeito ser ou não um sujeito culto. Tem gente letrada e culta que odeia gato e cachorro, bate e chuta os bichos como se chutasse uma boa por prazer.

É a cabeça das pessoas.

E nós que sabemos que está errado maltratar, temos que tomar atitudes. Sim, o mundo só muda com atitudes.

Por isto, minha atitude é a militância diária, cotidiana, pelo bem estar animal.

Não sou o melhor exemplo de protetor, deixo por razões várias, por outras atividades, de afazeres, da pressa, passar batido algumas barbaridades. Não quero aqui dar uma de populista, como fazem alguns políticos, que mais parecem deuses vindos do Olimpo: nunca erraram, fazem tudo perfeito, errado é que são os outros.

Não, nós todos somos limitados, falhos e pecamos.

Mas como muitos quero o fim das carroças em nossa cidade. Pelo trânsito. Sim, até por isto. Mas essencialmente pelo fim do sofrimento animal. Não se coaduna o veículo de tração animal neste caos urbano.

E o homem, a mulher, as pessoas que dependem do cavalo? Olho com carinho por eles, pois fazem um trabalho servil, desumano, não apropriado aos dias que vivemos. Temos que garantir dignidade às familias de carroceiros, catadores, recicladores, que vivem do seu trabalho, de outra forma. Temos que criar imediatamente um Fundo Municipal de Reinserção na Atividade Produtiva para carroceiros, carrinheiros e catadores de nossa Porto Alegre.

Votei pela Lei que dá 8 anos para o seu fim. Eu até tinha uma Emenda que propunha ser mais radcial, acabar com elas em 4 anos. E nós podemos hoje em dia fazer com que todos os que vivem da carroça e do cavalo em poucos meses possam viver com outro afazer. Sobram empregos em Porto Alegre. Falta qualificação de mão de obra. Mãos à obra, portanto, gestores públicos municipais, sem tergiversações, sem falsas promessas, sem populismo eleitoral, já que estamos num ano eleitoral.

E que todos nós continuemos assim, lutando pelo bem estar animal.

Pelo fim das carroças em 8 anos

Novos empregos e trabalho digno aos carroceiros, carrinheiros e catadores.


* Adeli Sell é vereador do PT em Porto Alegre, RS

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