O livro me fez perceber como temos dificuldades em entender os outros. Saber coisas de outras culturas pode ser utilíssimo para receber bem nossos visitantes. Pensem na legião de estrangeiros que vieram a Porto Alegre para prestigiar as edições dos Fóruns Sociais Mundiais. Por certa tradição recebemos bem, mas poderíamos ter feito muito melhor, tanto para nós quanto para os que nos visitaram.
Com a leitura desta obra caem por terra alguns mitos e estereótipos como "português é burro, argentino é pedante, judeu é avaro, sueco é frio, russo é bêbado, espanhol é grosso, francês é afetado, italiano é espalhafatoso" etc. Ficamos sabendo quem cumpre horários em compromissos e qual o povo que chegará atrasado. Quem é mais objetivo em tudo, a começar pelos negócios e quem não decide num primeiro encontro. Alguns são mais afetivos, tocam o interlocutor e não se importam em ser tocados. Tem até aqueles que beijam no primeiro encontro, outros não.
O mundo dos negócios e das relações internacionais ainda é um mundo predominantemente feminino. É preciso estar preparado para o humor de alguns. Saber que com alguns é melhor não falar de coisas pessoais, pois eles não gostam.
E tenha a certeza que outras nacionalidades acham muito estranho algumas coisas nossas como "Se Deus quiser", o famoso jeitinho brasileiro, bem como a mania de culpar o governo por todas as mazelas, inclusive por problemas somente nossos. Não pense, por exemplo, que só nós enxergamos problemas nos outros. Estes também enxergam muitos em nós. Um aspecto interessante que o livro aborda trata da importância de conhecermos nossa própria cultura, já que durante uma negociação devemos nos preocupar também com a forma como estamos sendo vistos. O negociador deve entender muito bem a sua própria história, seus costumes, hábitos e usar tudo isso a seu favor. Afinal em um ambiente multicultural também estamos sendo analisados pelas outras partes.
Atente quando for dar presentes. Tem regras. Para alguns é normal, outros dependendo do mesmo, ficam sestrosos. E quando der flores aos europeus saiba que é sempre número par, jamais 17, pois é como o 13 nosso. Se a intenção for presentear com arranjos vermelhos, mantenha o cuidado, pois pode sinalizar relação afetiva. Mesma atenção com os vinhos. Eles sabem tudo desta bebida e nós, bem, começamos a aprender.
Impossível ir muito mais longe nesta resenha, pois cada página tem algo interessante a ser lembrado ou aprendido. Faça sua leitura. É uma edição da Artes e Ofícios. Não é um guia. Não é um livro de receitas. Não é autoajuda. É um livro intenso sobre multiculturalismo.
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