Por Zé Reis, Secretário Geral do PT de Porto Alegre
A matéria “Como Tarso pretende dobrar o PT”, publicada em Zero Hora, nesse domingo (31/07), informa que o Gov. Tarso Genro usará seu prestígio de quem ganhou a eleição de 2010 no primeiro turno, para defender que o PT, em Porto Alegre, não só abra mão de ter candidatura própria ao pleito municipal de 2012, mas, apoie a Dep. Federal Manuela em sua intenção de chegar ao Paço Municipal.
Muito embora, a reportagem não traga nenhuma declaração expressa do Gov. Tarso Genro, ela traz à tona aquilo que se houve intramuros no PT. Isto é, a opinião do companheiro Tarso em favor do apoio á Manuela. Mais, ainda cita os recados da Presidenta Dilma e do Presidente Lula no mesmo tom.
É inegável que são opiniões importantes em qualquer decisão sobre a tática e a estratégia eleitoral do PT em 2012. Mas, a própria matéria alerta para o fato de haver um caminho de convencimento e debate a ser percorrido. Também é destacado que a tendência Democracia Socialista, acena com a possível indicação do Dep. Est. Raul Pont, como candidato, e registra que o Ver. Adeli Sell, presidente do PT de Porto Alegre, já registrou sua pré-candidatura.
Talvez tenha faltado a matéria mais informações de como estão se posicionando outras tendências internas do PT e ouvir os membros da Direção Executiva Municipal. Dos 16 integrantes da Executiva Municipal, ao menos 10 já manifestaram o entendimento em favor da Candidatura própria. Também poderia ser revelado que além da DS as tendências Articulação de Esquerda e Movimento PT já se posicionaram em favor do PT apresentar candidato ou candidata em 2012.
Assim, se é verdade, que existe uma posição do companheiro governador, não é menos verdade, que tal posição não é majoritária. Ao contrário, tudo indica que é minoritária nas instâncias e entre os militantes do município de Porto Alegre. Aliás, não seria a primeira vez que a base petista optaria por uma solução diferente da pretendida pelo seu governador, prefeito ou presidente.
Lembremo-nos de alguns desses episódios.
Em 2000, o então ex-prefeito Tarso Genro, disputou e ganhou as prévias do então prefeito Raul Pont e do vice-prefeito Fortunati, para ver quem seria o candidato a prefeito.
Em 2002, o então prefeito Tarso Genro, disputou e ganhou as prévias para concorrer a Governador, disputando contra o Governador Olívio Dutra.
Em 2009, após um processo debates internos e um encontro extraordinário, o companheiro Tarso Genro foi escolhido candidato a governador às eleições de 2010, mesmo que a opinião do Presidente Lula fosse por uma aliança com o PMDB, para fortalecer a aliança da então candidata Dilma.
Esses episódios são emblemáticos na história recente do PT e demonstram a capacidade de sua base militante em construir caminhos próprios e independentes. E antes que alguém menos avisado tenha esquecido, em dois destes episódios, os caminhos apontados foram vitoriosos.
Ora, pensar a eleição de 2012, como momento de sustentação e confirmação dos acertos da eleição de 2010 e do governo do estado é importante, sem dúvida. Mas, não menos importante é pensar no capital político e no futuro do PT como um todo. E aí, não temos dúvida de que abrir mão de uma candidatura própria poderá ser muito custoso ao PT em Porto Alegre. O ato do PT abrir mão de uma candidatura própria poderá ser visto como um gesto de grandeza e de não hegemonia. Mas, também, significará deixar de lado as melhores condições vividas para conquistar o governo municipal desde a derrota de 2004.
Certamente, o PT não poderá abrir mão de seu papel de principal partido de esquerda e para bem representá-lo apresentar uma alternativa de candidatura própria. Essa definição deverá ser feita de forma segura e cautelosa, evitando turbulências junto aos aliados dos governos estadual e federal, principalmente, no 1ºturno, onde poderão concorrer mais de uma candidatura da base governista.
Quanto à questão de nomes para a disputa é inconcebível aceitar-se a ideia que vem sendo plantada de que o PT não tem nomes viáveis. Um partido com lideranças como Olívio Dutra, Raul Pont, Maria do Rosário, Adão Villaverde, Henrique Fontana, Adeli Sell e Sofia Cavedon não está carente de opções. Ao contrário.
Dessa forma, espero que daqui alguns dias, publique-se uma matéria onde o título seja: “Como o PT convenceu Tarso” ou “Como o PT e Tarso encontraram uma solução própria”.
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