terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O principal desafio do pós-Lula será estabelecer coalizão social, avalia André Marenco

O cientista político André Marenco abriu nesta segunda-feira à noite os festejos em comemoração aos 31 anos do PT – celebrado no próximo dia 10 de fevereiro -, ao proferir palestra na sede municipal do partido. Na oportunidade, o especialista fez um balanço das eleições e das novas perspectivas que surgem no cenário Nacional e Estadual com as eleições de Dilma Rousseff e Tarso Genro, respectivamente, e fez um alerta: podemos estar entrando numa nova era conservadora.

De acordo com ele, o principal legado da era Lula foi implantar políticas de transferência de renda que reduziram a pobreza absoluta e permitiram a ascensão social de 30 milhões de brasileiros para a classe C. Isso resultou em um maior poder aquisitivo das classes menos favorecidas. Na prática, essas ações mexeram diretamente com a vida da elite brasileira, que passou a dividir espaços com os setores menos favorecidos da sociedade, principalmente nos aeroportos e universidades.

Frente a este cenário, o grande desafio do próximo governo será combinar políticas de transferência de renda com ganhos efetivos oferecidos à classe média. Do contrário, o ressentimento daqueles que não querem ver o “seu” imposto convertido em benefícios sociais poderá representar a usina para um conservadorismo revigorado. “Se o governo Dilma não for capaz de recuperar a simpatia dessa parcela da sociedade, futuramente terá problemas”, alertou o especialista.

Cenário Estadual
Indagado pelo auditório, Marenco tentou explicar o porquê da vitória inédita, em primeiro turno, de Tarso Genro, na disputa ao Piratini. De acordo com ele, José Fogaça (PMDB) era o favorito, numa condição de centro. Mas dois fatores explicam esse resultado excepcional. Um deles é a avaliação do presidente Lula, que está acima dos 80%.

“É interessante observar que Tarso tem picos acima de 60% em cidades em que há forte investimento do governo federal”, disse ele. Outro aspecto diz respeito a ausência de rivais. “A governadora (Yeda Crusius, PSDB) tem uma rejeição muito alta. E Fogaça expôs na campanha fragilidades que ele tinha neutralizado na campanha para a prefeitura”.

Marenco também analisou a ida de Dilma para o segundo turno. Segundo ele, o quadro chegou a ser consolidado para uma vitória no primeiro turno. “Na primeira semana de setembro, tem um dia em que Dilma bate nos 56% de intenção de votos. Nos votos válidos chegaria a 60%, 61%. Com as denúncias, o índice desce um pouco. Nos últimos dez dias o cenário muda. Em parte por erros do PT e em parte por erros de campanha”. Os tropeços, segundo ele, podem ser vistos na própria condução dos programas de TVs, que não dialogaram com a classe média, “falavam apenas com o eleitor já convertido”, analisou o cientista político.

A palestra foi promovida pelo Coletivo da Secretaria de Formação Política do PT de Porto Alegre.

Por Tatiana Feldens – Asscom PT-POA

Um comentário:

Anônimo disse...

O Marenco tem algum livro publicado? Gostaria de ler...