Vereadores porto-alegrenses do PDT e do PT iniciam diálogo sobre as eleições de 2012

* Por Felipe Prestes / Sul 21


Um dos entraves para a participação do PDT no governo do estado é a capital gaúcha. Em Porto Alegre, os pedetistas já têm um candidato natural para 2012: o atual prefeito José Fortunati. Tanto PDT quanto PT querem evitar uma briga daqui a dois anos pela sucessão. Para isso, vereadores dos dois partidos se reuniram para animada reunião – um happy hour, como definiu Adeli Sell (PT) – no Chalé da Praça XV, no final de tarde de hoje (8).

Mesmo asssim, os vereadores negam que o encontro tenha relação com a conjuntura estadual. Dizem que são duas discussões separadas, uma entre os diretórios estaduais, e outra entre os diretórios municipais. Pedetistas e petistas contam que o próprio prefeito José Fortunati pediu que a questão municipal não interviesse no diálogo estadual. Admitem, contudo, que a reunião é o início de uma conversa para que o PT possa apoiar Fortunati na Câmara e depois nas eleições. Mesmo que os vereadores não coloquem em pauta, isto resolveria um dos entraves para o ingresso do PDT na base governista.

“É apenas o início de uma conversa”, diz o líder da bancada do PDT na Câmara Municipal, Mauro Zacher. Ele diz que o diálogo visa, em um primeiro momento, à aprovação de projetos de interesse da administração municipal. Depois, uma participação efetiva do PT na prefeitura. E, por fim, uma chapa em conjunto para a reeleição de Fortunati.

De forma semelhante, Adeli Sell, vereador e presidente municipal do PT, diz que a administração de Fortunati tem projetos que vão ao encontro do que pensa o PT para a cidade – cita a discussão sobre o Plano Diretor. Além disso, Sell afirma que o diálogo entre a administração e o PT melhorou muito depois que José Fogaça (PMDB) deixou a prefeitura para concorrer ao governo do estado. “Antes tudo passava pelo Clóvis Magalhães (ex-secretário de Gestão e Acompanhamento Estratégico). Aquilo era um bunker do governo”, diz.

Adeli Sell acredita na aproximação não só entre PT e PDT, mas também no ingresso de PSB e PCdo B na base governista em Porto Alegre. Entretanto, para isso é necessário que o PMDB deixe o governo municipal. “O PMDB aqui tinha o PPS com papel importante na Prefeitura, o PSDB, o DEM. Apoiaram aqui José Serra. Não há possibilidade de formar governo com eles”, garante. O PDT, contudo, não quer entrar – ao menos por enquanto – em um imbróglio com o PMDB. “Nosso desejo é formar uma grande coalizão, com o PMDB e com o PT”, disse Mauro Zacher.

Mais “maduros”
A conjuntura atual lembra o que ocorreu em 2000. Naquele ano as eleições para a prefeitura de Porto Alegre foram o estopim para o racha entre PT e PDT, fazendo com que os pedetistas deixassem a base do governo Olívio Dutra. Naquela época, alguns pedetistas como Dilma Rousseff saíram do PDT e ingressaram no PT.

Adeli Sell vê semelhança entre a situação de hoje e a de 10 anos atrás, mas acredita que não irá ocorrer uma nova briga. Ele acredita que o PT está mais maduro, inclusive para tomar a inédita decisão de não ser cabeça de chapa nas eleições para a prefeitura de Porto Alegre em 2012. “Não há mais tabu para o PT, desde que seja bom para o partido e para a sociedade porto-alegrense”. Mauro Zacher descarta semelhança entre 2000 e 2010. “O PDT mudou e o PT mudou. Aprendemos a governar juntos no governo Lula”, diz.