De acordo com Assis Brasil, Secretário de Formação Política e um dos organizadores do evento, os fatos que marcaram esta eleição – como a escolha de uma mulher para a Presidência da República, discussões sobre machismo, aborto, moralismo religioso e preconceito contra os nordestinos – colocam o partido na obrigação de debater essa nova era. “Precisamos ver se isto é passageiro ou se este pensamento esta florescendo e se enraizando na sociedade. A palestra servirá para preparar as pessoas para esse debate”, salienta.
Em artigo publicado recentemente na imprensa gaúcha, Marenco ressaltou sua preocupação quanto a possível volta de uma era conservadora no país. Segundo o cientista político, “o principal legado da era Lula foi, sem dúvida, políticas de transferência de renda que reduziram a pobreza absoluta de 28% para 15% da população e permitiram a ascensão social de 30 milhões de brasileiros para a classe C”. Frente a este cenário, ressalta, “o grande desafio da era pós-Lula será combinar políticas de transferência de renda com ganhos efetivos oferecidos à classe média. Do contrário, o ressentimento daqueles que não querem ver o “seu” imposto convertido em benefícios sociais poderá representar a usina para um conservadorismo revigorado. É preciso recolocar os pobres no seu lugar: essa deverá ser a consigna da era pós-Lula, que ouviremos evidentemente com outras palavras, como disciplina fiscal, livre iniciativa, mercado”.
Perfil
André Marenco é cientista social, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde também realizou o mestrado e doutorado em Ciência Política. Atualmente, é membro da diretoria da Associação Brasileira de Ciência Política e professor da UFRGS. É organizador do livro Partidos no Cone Sul: novos ângulos de pesquisa (Rio de Janeiro: Fundação Konrad Adenauer, 2002), junto com a professora Celi Regina Jardim Pinto.
Por Tatiana Feldens – Asscom PT-POA
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