Adeli Sell
Passado o Fórum Social Mundial, a pergunta que não quer calar: o que restou deste e dos dez anos de buscas por Um Mundo Melhor Possível? Indiscutivelmente, o FSM foi fundamental para os debates nos inícios deste século. No mínimo, confrontou-se com o Fórum Econômico de Davos e este, como disse o presidente Lula, perdeu muito de seu glamour.
Davos perdeu glamour porque as teses que vinham sendo defendidas furaram. O que queriam como modelo virou pesadelo com a crise econômica mundial. E o nosso FSM, no mínimo, mostrou outros caminhos, como o que foi aplicado no Brasil na gestão de Lula. E melhoramos.
Mesmo aqueles da tese "se há governo, sou contra" são forçosos a reconhecer avanços no Brasil, pós-FHC. Ninguém nega a política econômica de equilibro da moeda, iniciada com FHC, mas todo brasileiro deve chorar pelas boas empresas que ele vendeu por uma ninharia. Não temos saudosismo da época da ditadura quando havia empresas que nada tinha a ver com ações de governo. Nem achamos que o Estado deva ser dono de tantas empresas, mas privatizar por preço de banana é que não se pode concordar.
Por isso, quero buscar aqui abrir um debate sobre os espaços de cidadania numa cidade dividida.
Aqui, mais do que no resto do país, há questionamentos sobre o FSM, sobre formas de democracia participativa, como o Orçamento Participativo. Mas eu pergunto, onde foram constuidos espaços tão democráticos e participativos?
No início do govenro Fogaça, foi aberto um processo chamado de Governança. Nada obsto a outras formas de gestão e de participação. Mas o govenro atual foi deixando de lado os Fóruns de Serviços, as Plenárias de Serviços, além de a Prefeitura não ter organizado decentemente as grandes assembléias do OP, fazendo o povo penar em filas intermináveis.
A cidade vive cindida entre espaços exíguos para os transeuntes e os carros que agora já tomam calçadas. E cidade com carros em calçadas é a cidade que começa a finar.
O automóvel ocupa o grosso dos espaços de rua em detrimento da circulação de ônibus e lotações. Tudo gira em torno do automóvel. Nada contra buscar espaços de estacionamento, por exemplo, uma de minhas pautas cotidianas da Câmara. Mas como andam as paradas para quem toma ônibus? Destruídas .A parada coberta e com iluminaão e limpa é um espaço seguro e de respeito às pessoas.
Assim, grandes debates são necessários. O presidente deve ir defender nossas teses em Davos.
Temos que trazer o FSM de volta a Porto Alegre todos os anos de forma integral, com grandes debates. Mas espero que os organizadores do FSM façam esta e outras reflexões. Por exemplo, como cobrou o presidente Lula: " entre o fim deste Fórium de 2010 e o outro em 2011 na África, que tal organizar a solidariedade a Haiti".
Por isso, eu digo, temos que estar sintonizados com a tragédia de Haiti sem perder a ternura pelo nosso povo.
Nossa solidariedade e nossa ação de solidariedade e cidadania deve ser sempre global. Assim Um Outro Mundo é Possível!
Adeli Sell é vereador do PT de Porto Alegre/RS
Tel. 51-99335309
http://www.blogdoadeli.blogspot.com/
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
O último a sair apague a luz…
Feb 25th, 2010
by Marco Aurélio Weissheimer.
A sala de cinema Norberto Lubisco foi fechada. O auditório Araújo Vianna foi fechado. A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) ficou sem sala. No governo do Estado e no governo da capital gaúcha, admiram-se as palavras “choque”, “moderno” e “zero”, entre outras. Ser moderno é dar choques para garantir alguns zeros. Para isso, é preciso fechar coisas, vender bens, desfazer-se do que é (supostamente) secundário. Esse é o padrão de eficiência de gestão que vem sendo perseguido pelos últimos governos no Rio Grande do Sul. Há quem fale de um profundo retrocesso cultural em curso no Estado. As autoridades da área rejeitam veementemente essa afirmação e garantem que o Estado cavalga na direção do último grito da modernidade. E fica tudo por isso mesmo. O clima de apatia que estacionou sobre a Província de São Pedro se encarrega do resto. E o resto, no caso, é silêncio.
Tempo de matar cavalos - Juremir Machado da Silva
Coluna de Juremir Machado da Silva, publicada hoje no Correio do Povo:
Tempo de matar cavalos
Meu avô era um sábio analfabeto. Certas coisas ele não compreendia: as mulheres que via na televisão bronzeando-se ao sol do meio-dia e homens cansando cavalos inutilmente. Antes de os cientistas darem o alerta ele já conhecia os perigos do sol para a pele dos humanos e para o fôlegos dos animais. Meu pai seguia a mesma lei: no verão, não se encilhava cavalo das 11 horas da manhã até quatro e meia da tarde. Salvo extrema necessidade. Por isso, levantavam muito cedo. As principais lides campeiras tinham de ser feitas antes de o sol ganhar o alto do céu. Andar a cavalo sem necessidade no calor era para eles coisa de gente da cidade. Pior do que isso, era algo condenável. Bárbaro.
As notícias de que dois cavalos morreram na tal cavalgada do mar horrorizariam meu avô e meu pai. Eles adoravam cavalos. Cuidavam deles com muito carinho. Veriam nessa exibição de cavaleiros urbanos, num dos verões mais quentes dos últimos tempos, um exibicionismo despropositado, uma falta de conhecimento escandalosa e uma maldade intolerável com os bichos. Para quê? Mais espantoso é o lema da brincadeira deste ano: “mulheres a cavalo pelo Rio Grande”. Um gaúcho verdadeiro, da campanha, diria com algum deboche: parem com isso, soltem os cavalos pelo Rio Grande. Com um solaço desses só há uma coisa a fazer: ficar mateando ou sesteando embaixo de um cinamomo. O resto é frescura de gente maturranga.
A secretária da Cultura, Mônica Leal, está contribuindo para maltratar cavalos na beira do mar. Ela é entusiasta desse tipo de ação cultural. Enquanto ela ajuda a estafar cavalos, sentindo-se uma nova Anita, a cultura do Rio Grande do Sul estrebucha. A sala de cinema Norberto Lubisco foi fechada. Tem cinema no shopping. Voltaire Schilling, um dos nossos intelectuais mais brilhantes e tradicionais, foi demitido da direção do Memorial do Rio Grande do Sul. Parece que ele não tinha o que conversar com a chefe. Afinal, não é de andar a cavalo na praia com sol quente. A casa está caindo, os cavalos morrendo, o circo pegando fogo. Mas a secretária Mônica Leal está firme na montaria. Sempre. Ela é dura na queda. Corresponde a todos os clichês imagináveis.
Agora, entre nós, há sem dúvida um ponto obscuro, um elemento que exige investigação séria: por que mesmo Mônica Leal tornou-se secretária da Cultura? É um tempo estranho este. Quando não há mais necessidade alguma de movimento, todos querem se deslocar. Especialmente pelos meios mais anacrônicos. Pode haver algo mais excitante do que permanecer no lombo de um cavalo, com o sol a pino, até o bicho morrer? Tudo isso em nome da tradição! Os franceses do século XVIII usavam perucas empoadas. O Ministério da Cultura da França devia lutar pela recuperação dessa tradição eliminada pela modernidade. Vou comprar um cavalo para matar na próxima cavalgada.
Tempo de matar cavalos
Meu avô era um sábio analfabeto. Certas coisas ele não compreendia: as mulheres que via na televisão bronzeando-se ao sol do meio-dia e homens cansando cavalos inutilmente. Antes de os cientistas darem o alerta ele já conhecia os perigos do sol para a pele dos humanos e para o fôlegos dos animais. Meu pai seguia a mesma lei: no verão, não se encilhava cavalo das 11 horas da manhã até quatro e meia da tarde. Salvo extrema necessidade. Por isso, levantavam muito cedo. As principais lides campeiras tinham de ser feitas antes de o sol ganhar o alto do céu. Andar a cavalo sem necessidade no calor era para eles coisa de gente da cidade. Pior do que isso, era algo condenável. Bárbaro.
As notícias de que dois cavalos morreram na tal cavalgada do mar horrorizariam meu avô e meu pai. Eles adoravam cavalos. Cuidavam deles com muito carinho. Veriam nessa exibição de cavaleiros urbanos, num dos verões mais quentes dos últimos tempos, um exibicionismo despropositado, uma falta de conhecimento escandalosa e uma maldade intolerável com os bichos. Para quê? Mais espantoso é o lema da brincadeira deste ano: “mulheres a cavalo pelo Rio Grande”. Um gaúcho verdadeiro, da campanha, diria com algum deboche: parem com isso, soltem os cavalos pelo Rio Grande. Com um solaço desses só há uma coisa a fazer: ficar mateando ou sesteando embaixo de um cinamomo. O resto é frescura de gente maturranga.
A secretária da Cultura, Mônica Leal, está contribuindo para maltratar cavalos na beira do mar. Ela é entusiasta desse tipo de ação cultural. Enquanto ela ajuda a estafar cavalos, sentindo-se uma nova Anita, a cultura do Rio Grande do Sul estrebucha. A sala de cinema Norberto Lubisco foi fechada. Tem cinema no shopping. Voltaire Schilling, um dos nossos intelectuais mais brilhantes e tradicionais, foi demitido da direção do Memorial do Rio Grande do Sul. Parece que ele não tinha o que conversar com a chefe. Afinal, não é de andar a cavalo na praia com sol quente. A casa está caindo, os cavalos morrendo, o circo pegando fogo. Mas a secretária Mônica Leal está firme na montaria. Sempre. Ela é dura na queda. Corresponde a todos os clichês imagináveis.
Agora, entre nós, há sem dúvida um ponto obscuro, um elemento que exige investigação séria: por que mesmo Mônica Leal tornou-se secretária da Cultura? É um tempo estranho este. Quando não há mais necessidade alguma de movimento, todos querem se deslocar. Especialmente pelos meios mais anacrônicos. Pode haver algo mais excitante do que permanecer no lombo de um cavalo, com o sol a pino, até o bicho morrer? Tudo isso em nome da tradição! Os franceses do século XVIII usavam perucas empoadas. O Ministério da Cultura da França devia lutar pela recuperação dessa tradição eliminada pela modernidade. Vou comprar um cavalo para matar na próxima cavalgada.
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
A conquista das mulheres ao direito de votar
Há 78 anos, exatamente no dia 24 de fevereiro de 1932, as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto. Mas não eram todas que podiam, apenas as casadas e com a autorização dos maridos e, exceção, algumas solteiras e viúvas que tivessem renda própria.
Em 1934, na Assembléia Nacional Constituinte, entre 254 constituintes havia apenas duas mulheres: Carlota Pereira de Queiroz, eleita pelo Estado de São Paulo, e Almerinda da Gama, escolhida delegada classista pelo Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos. Na Constituinte de 1946 não havia mulheres legisladoras, já na de 1988 eram 25 as mulheres.
A primeira Lei que instituiu o sistema de cotas, em 1995, nas eleições municipais, determina um mínimo de 20% de candidatas mulheres. Em 1997 a Lei 9.504/97 amplia para o mínimo de 30% e no máximo 70% o número de candidatos de cada sexo. Mas, o resultado das eleições evidencia a debilidade da lei, pois os partidos e/ou coligações apresentam número inferior a 30% de mulheres nas chapas, não apoiando nem estimulando candidaturas de mulheres. Uma razão é a fragilidade da lei, que não prevê sansão alguma para o seu não cumprimento.
Na presidência municipal do Partido dos trabalhadores, quero levantar essa discussão de forma ampla, com a participação dos grupos de mulheres, que têm acúmulo nessa área, e com todos os companheiros e companheiras. É preciso fortalecer as candidaturas de mulheres e sua participação em todas as instâncias do partido, é preciso mudar um quadro eminentemente machista em que muitas vezes as companheiras são chamadas apenas para compor chapas, mas não para assumir posições de fato e direito. Com a colaboração de todas e todos, vamos buscar aumentar a participação política das mulheres em todas as instâncias.
Sabemos da capacidade de nossas companheiras quando assumem qualquer espaço, seja no Executivo, Legislativo ou na direção partidária. O Partido dos Trabalhadores tem em sua história personalidades que comprovam isso, nossas parlamentares, companheiras que estão nas direções do governo nacional e governos municipais. Lembrando todas aqui, quero referir Dilma Rousseff, Ministra-Chefe da Casa Civil e as companheiras Iria Charão, primeira mulher presidente do PT Municipal, e Maria Eulália Nascimento e Margarete Moraes, únicas mulheres a presidir o PT Estadual.
Adeli Sell
Em 1934, na Assembléia Nacional Constituinte, entre 254 constituintes havia apenas duas mulheres: Carlota Pereira de Queiroz, eleita pelo Estado de São Paulo, e Almerinda da Gama, escolhida delegada classista pelo Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos. Na Constituinte de 1946 não havia mulheres legisladoras, já na de 1988 eram 25 as mulheres.
A primeira Lei que instituiu o sistema de cotas, em 1995, nas eleições municipais, determina um mínimo de 20% de candidatas mulheres. Em 1997 a Lei 9.504/97 amplia para o mínimo de 30% e no máximo 70% o número de candidatos de cada sexo. Mas, o resultado das eleições evidencia a debilidade da lei, pois os partidos e/ou coligações apresentam número inferior a 30% de mulheres nas chapas, não apoiando nem estimulando candidaturas de mulheres. Uma razão é a fragilidade da lei, que não prevê sansão alguma para o seu não cumprimento.
Na presidência municipal do Partido dos trabalhadores, quero levantar essa discussão de forma ampla, com a participação dos grupos de mulheres, que têm acúmulo nessa área, e com todos os companheiros e companheiras. É preciso fortalecer as candidaturas de mulheres e sua participação em todas as instâncias do partido, é preciso mudar um quadro eminentemente machista em que muitas vezes as companheiras são chamadas apenas para compor chapas, mas não para assumir posições de fato e direito. Com a colaboração de todas e todos, vamos buscar aumentar a participação política das mulheres em todas as instâncias.
Sabemos da capacidade de nossas companheiras quando assumem qualquer espaço, seja no Executivo, Legislativo ou na direção partidária. O Partido dos Trabalhadores tem em sua história personalidades que comprovam isso, nossas parlamentares, companheiras que estão nas direções do governo nacional e governos municipais. Lembrando todas aqui, quero referir Dilma Rousseff, Ministra-Chefe da Casa Civil e as companheiras Iria Charão, primeira mulher presidente do PT Municipal, e Maria Eulália Nascimento e Margarete Moraes, únicas mulheres a presidir o PT Estadual.
Adeli Sell
PT promove Mês de Luta pela Saúde em Porto Alegre
Em café da manhã nos altos do Mercado Público, promovido pela Bancada dos Vereadores do Partido dos Trabalhadores e PT Municipal, na manhã desta terça-feira, dia 23 de fevereiro, foi lançado um movimento que institui março como o mês de luta pela saúde em Porto Alegre. Jornalistas da mídia alternativa, como jornais de bairro, mídia segmentada e blogueiros foram convidados a participar de um primeiro encontro este ano que, de acordo com Adeli Sell, presidente do PT Municipal, deve se tornar uma atividade habitual para que os vereadores possam prestar contas de suas atividades e relatar ações institucionais que, por vezes, não chegam ao conhecimento da população. Neste caso, é a Saúde o tema que preocupa os vereadores do PT.
O vereador Engenheiro Comassetto, líder da Bancada do PT na Câmara, apresentou um documento resumido que relata os passos do assalto à saúde de Porto Alegre, que tiveram início, em 2007, com o convênio firmado entre a prefeitura e o Instituto Sollus para gerenciar o Programa de Saúde da Família, indo até o dia 7 de janeiro deste ano, quando a Polícia Federal denunciou a Secretaria Municipal de Saúde e o Instituto Sollus por um rombo nos cofres públicos de mais de 9,6 milhões de reais. A bancada do PT na Câmara, juntamente com os movimentos sociais da área da saúde, há muito vem alertando para a irresponsabilidade de contratar uma empresa que não apresentava a necessária idoneidade, bem como a forma irregular como esta contratação foi feita, sem licitação nem consulta ao Conselho Municipal de Saúde ou às entidades de Trabalhadores da Saúde. Um dossiê com todos os dados vem sendo reunido com o objetivo de abrir uma sindicância que esclareça todos os pontos obscuros.
(Fotos de Rosane Scherer - Jornal Fala Brasil!)
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010
Gerson Almeida: Para onde vai a oposição?
Gerson Almeida: Para onde vai a oposição?
Ao ler a coluna escrita por Barbara Gancia (FSP de 12/02), a minha primeira reação foi a de ficar espantado com os ataques pessoais, feitos de forma grosseira e arrogante, contra Marco Aurélio Garcia. O pretexto para tal virulência é a afirmação que teria sido feita pelo dirigente do PT, em reunião interna do partido, de que “quase tão importante quanto a 4ª Frota (da Marinha americana) são os canais de TV a cabo que nós recebemos aqui. Eles realizam, de forma indolor, um processo de dominação muito eficiente. Despejam toda essa quantidade de esterco cultural". A colunista preferiu não se dar ao trabalho de apresentar as suas críticas ao trecho - pinçado por ela da fala de Marco Aurélio – e, ao invés de entrar no mérito de tal afirmação e discutir o seu conteúdo, partiu prá cima do autor, com afirmações do tipo: “ouvi-lo ou até mesmo parar para perceber sua existência significa jogar pela janela momentos preciosos do tempo que ainda me resta neste mundão...”. Não satisfeita, conseguiu espaço entre as 503 palavras contidas no seu libelo para avançar ainda mais na tentativa de desqualificação de Marco Aurélio e tascou a pérola: “se já não ligo para o que ele faz no governo, que dirá do meu interesse pelo que diz quando está entre os seus? Esquisito alguém fazer uma coluna inteira para destratar alguém tão desinteressante.
Essa fúria só pode ser ação de quem supõe possuir superioridade moral, social, ou intelectual e, assim, sente-se no direito de assumir atitude prepotente ou de desprezo em relação aos outros, o que é, precisamente, a postura definida por Houaiss como própria do arrogante. Creio, no entanto, que a arrogância explícita, colocada na sua forma mais genuína, não explica completamente as emoções expostas por Barbara Gancia.
O Marco Aurélio é um dos principais dirigentes do PT e assessor especial do presidente para assuntos internacionais. Além disto, é o responsável pela apresentação da primeira versão do Programa para a campanha da ministra Dilma, o que torna o personagem atacado digno da atenção de todos aqueles que não desejam estar alienados do que ocorre na política nacional e não desejam alienar seus leitores, ou, ainda, não pretendem disseminar preconceitos e interditar debates importantes, valendo-se da torpe prática de desqualificar as pessoas, ao invés de tratar das suas opiniões.
Ao perceber que a virulência do artigo não poderia ser explicada apenas pela arrogância da autora, entendi que os seus ataques furiosos apenas reverberam as recentes manifestações feitas pelos próceres tucanos, FCH à frente, que deixaram de lado qualquer consideração política programática e passaram a assumir atitudes prepotentes e de desprezo em relação aos líderes do PT. O senador Tasso Jereissati, chefe nacional do PSDB, por exemplo, ao referir-se à ministra Dilma, deu o tom de como quer que seus adeptos tratem os petistas: “essa liderança de silicone que está sendo construída, precisa começar a ser desmascarada”. Pois é neste contexto que o artigo começa a ser entendido.
A idéia de que a sociedade civil e sociedade política exercem funções diferenciadas na produção e reprodução das relações de poder, constituindo o que Gramsci chamou de Estado ampliado: sociedade política + sociedade civil, ou, em outras palavras, coerção e hegemonia como formas de disputa da liderança, é uma das mais interessantes contribuições que a ciência política produziu. Por sociedade civil, compreende-se o conjunto das instituições responsáveis pela elaboração e/ou difusão de valores simbólicos, como os partidos políticos, as corporações profissionais, os meios de comunicação, entre outras; por meio das quais as diferentes maneiras de compreender o mundo procuram ganhar aliados para seus projetos.
Foi esta idéia, apresentada de forma bastante didática, que deu nos nervos da articulista.
A reverberação de determinadas formas de perceber as coisas faz das diferentes formas de comunicação lugares onde também são produzidas estratégias incidentes no processo social. Na maioria das vezes, no entanto, de forma mais sutil e inteligente do que a escolhida por Bárbara. Neste caso, quando a articulista decidiu tratar sobre o conteúdo do discurso e não destratar quem discursou, não obteve desempenho melhor, limitando-se a comparar exemplos de baixa qualidade de produção cultural: “Pode ser que o lixo cultural deles seja mais atraente do que o nosso, será esse o problema?”, pergunta com a certeza de quem supõe possuir superioridade intelectual e, assim, sente-se no direito de assumir atitude prepotente ou de desprezo em relação aos outros. Não, não creio que a questão seja escolher entre Paris Hilton e Xuxa, dilema que menospreza a percepção da audiência e desconhece que os consensos estabelecidos em determinado período podem ser desagregados e dar lugar a novos consensos, que impliquem atender outros interesses que não os tradicionais.
É, por exemplo, o que ocorreu com a pobreza e a fome no país. Depois de décadas sem qualquer movimentação significativa na distribuição de renda, exceto para concentrá-la, um conjunto de políticas e ações do governo passou a alterar esse ciclo perverso. Os diferentes programas voltados para estimular o mercado interno e aumentar o poder de compra dos setores tradicionalmente excluídos; assim como as ações internacionais que diversificaram as relações comerciais e políticas para além da dependência para com o mercado americano, não foram conquistados com uma postura subalterna e conformista, mas colocaram o país num patamar que ainda não havia obtido no mundo.
Foi exatamente para não ficar prisioneiro do dilema de ser atraído sempre pelo menos ruim, é que o povo brasileiro decidiu eleger Lula como presidente e escolheu construir outro caminho, que não está sendo construído sem grandes dificuldades e ferozes críticas, inclusive pessoais aos seus dirigentes. Afinal, para construir novos consensos, baseados na luta contra as desigualdades sociais e na incorporação de setores excluídos historicamente, é preciso desfazer as redes que mantinham os privilégios de poucos: econômicos e sociais. Talvez seja esta a razão essencial que fez a Bárbara, que tão pouco interesse tem pelo Marco Aurélio, sentir-se “obrigada a comentar suas ilações” e não tenha deixado de colocar o sugestivo título: How do you do, Dilma?"
Gerson Almeida é sociólogo
gerson.a.silva@terra.com.br
Ao ler a coluna escrita por Barbara Gancia (FSP de 12/02), a minha primeira reação foi a de ficar espantado com os ataques pessoais, feitos de forma grosseira e arrogante, contra Marco Aurélio Garcia. O pretexto para tal virulência é a afirmação que teria sido feita pelo dirigente do PT, em reunião interna do partido, de que “quase tão importante quanto a 4ª Frota (da Marinha americana) são os canais de TV a cabo que nós recebemos aqui. Eles realizam, de forma indolor, um processo de dominação muito eficiente. Despejam toda essa quantidade de esterco cultural". A colunista preferiu não se dar ao trabalho de apresentar as suas críticas ao trecho - pinçado por ela da fala de Marco Aurélio – e, ao invés de entrar no mérito de tal afirmação e discutir o seu conteúdo, partiu prá cima do autor, com afirmações do tipo: “ouvi-lo ou até mesmo parar para perceber sua existência significa jogar pela janela momentos preciosos do tempo que ainda me resta neste mundão...”. Não satisfeita, conseguiu espaço entre as 503 palavras contidas no seu libelo para avançar ainda mais na tentativa de desqualificação de Marco Aurélio e tascou a pérola: “se já não ligo para o que ele faz no governo, que dirá do meu interesse pelo que diz quando está entre os seus? Esquisito alguém fazer uma coluna inteira para destratar alguém tão desinteressante.
Essa fúria só pode ser ação de quem supõe possuir superioridade moral, social, ou intelectual e, assim, sente-se no direito de assumir atitude prepotente ou de desprezo em relação aos outros, o que é, precisamente, a postura definida por Houaiss como própria do arrogante. Creio, no entanto, que a arrogância explícita, colocada na sua forma mais genuína, não explica completamente as emoções expostas por Barbara Gancia.
O Marco Aurélio é um dos principais dirigentes do PT e assessor especial do presidente para assuntos internacionais. Além disto, é o responsável pela apresentação da primeira versão do Programa para a campanha da ministra Dilma, o que torna o personagem atacado digno da atenção de todos aqueles que não desejam estar alienados do que ocorre na política nacional e não desejam alienar seus leitores, ou, ainda, não pretendem disseminar preconceitos e interditar debates importantes, valendo-se da torpe prática de desqualificar as pessoas, ao invés de tratar das suas opiniões.
Ao perceber que a virulência do artigo não poderia ser explicada apenas pela arrogância da autora, entendi que os seus ataques furiosos apenas reverberam as recentes manifestações feitas pelos próceres tucanos, FCH à frente, que deixaram de lado qualquer consideração política programática e passaram a assumir atitudes prepotentes e de desprezo em relação aos líderes do PT. O senador Tasso Jereissati, chefe nacional do PSDB, por exemplo, ao referir-se à ministra Dilma, deu o tom de como quer que seus adeptos tratem os petistas: “essa liderança de silicone que está sendo construída, precisa começar a ser desmascarada”. Pois é neste contexto que o artigo começa a ser entendido.
A idéia de que a sociedade civil e sociedade política exercem funções diferenciadas na produção e reprodução das relações de poder, constituindo o que Gramsci chamou de Estado ampliado: sociedade política + sociedade civil, ou, em outras palavras, coerção e hegemonia como formas de disputa da liderança, é uma das mais interessantes contribuições que a ciência política produziu. Por sociedade civil, compreende-se o conjunto das instituições responsáveis pela elaboração e/ou difusão de valores simbólicos, como os partidos políticos, as corporações profissionais, os meios de comunicação, entre outras; por meio das quais as diferentes maneiras de compreender o mundo procuram ganhar aliados para seus projetos.
Foi esta idéia, apresentada de forma bastante didática, que deu nos nervos da articulista.
A reverberação de determinadas formas de perceber as coisas faz das diferentes formas de comunicação lugares onde também são produzidas estratégias incidentes no processo social. Na maioria das vezes, no entanto, de forma mais sutil e inteligente do que a escolhida por Bárbara. Neste caso, quando a articulista decidiu tratar sobre o conteúdo do discurso e não destratar quem discursou, não obteve desempenho melhor, limitando-se a comparar exemplos de baixa qualidade de produção cultural: “Pode ser que o lixo cultural deles seja mais atraente do que o nosso, será esse o problema?”, pergunta com a certeza de quem supõe possuir superioridade intelectual e, assim, sente-se no direito de assumir atitude prepotente ou de desprezo em relação aos outros. Não, não creio que a questão seja escolher entre Paris Hilton e Xuxa, dilema que menospreza a percepção da audiência e desconhece que os consensos estabelecidos em determinado período podem ser desagregados e dar lugar a novos consensos, que impliquem atender outros interesses que não os tradicionais.
É, por exemplo, o que ocorreu com a pobreza e a fome no país. Depois de décadas sem qualquer movimentação significativa na distribuição de renda, exceto para concentrá-la, um conjunto de políticas e ações do governo passou a alterar esse ciclo perverso. Os diferentes programas voltados para estimular o mercado interno e aumentar o poder de compra dos setores tradicionalmente excluídos; assim como as ações internacionais que diversificaram as relações comerciais e políticas para além da dependência para com o mercado americano, não foram conquistados com uma postura subalterna e conformista, mas colocaram o país num patamar que ainda não havia obtido no mundo.
Foi exatamente para não ficar prisioneiro do dilema de ser atraído sempre pelo menos ruim, é que o povo brasileiro decidiu eleger Lula como presidente e escolheu construir outro caminho, que não está sendo construído sem grandes dificuldades e ferozes críticas, inclusive pessoais aos seus dirigentes. Afinal, para construir novos consensos, baseados na luta contra as desigualdades sociais e na incorporação de setores excluídos historicamente, é preciso desfazer as redes que mantinham os privilégios de poucos: econômicos e sociais. Talvez seja esta a razão essencial que fez a Bárbara, que tão pouco interesse tem pelo Marco Aurélio, sentir-se “obrigada a comentar suas ilações” e não tenha deixado de colocar o sugestivo título: How do you do, Dilma?"
Gerson Almeida é sociólogo
gerson.a.silva@terra.com.br
Oposição nervosa com Dilma - do blog do Zé Dirceu
Oposição nervosa com Dilma
Publicado em 22-Fev-2010
A oposição ficou nervosa com o discurso da ministra Dilma Rousseff no 4º Congresso Nacional do PT. Não sem razão. Ela tocou num dos pontos fracos dos tucanos e democratas: o papel do Estado e as privatizações. Sem argumentos para contestá-la, agora, respondem com agressividade, acusando a ministra de mentir. Mas, o fato histórico é que os tucanos embarcaram na onda do Consenso de Washington, na prática neoliberal, e só não levaram o Brasil à ruína pela resistência da oposição sindical, popular e política (o PT à frente) e pela vitória do presidente Lula em 2002. A prova desse embarque está na crise do sistema elétrico brasileiro e nas tentativas de privatizar a Petrobras. Ninguém esqueceu a Petrobrax.
A oposição ficou nervosa com o discurso da ministra Dilma Rousseff no 4º Congresso Nacional do PT. Não sem razão. Ela tocou num dos pontos fracos dos tucanos e democratas: o papel do Estado e as privatizações. Sem argumentos para contestá-la, agora, respondem com agressividade, acusando a ministra de mentir. Mas, o fato histórico é que os tucanos embarcaram na onda do Consenso de Washington, na prática neoliberal, e só não levaram o Brasil à ruína pela resistência da oposição sindical, popular e política (o PT à frente) e pela vitória do presidente Lula em 2002.
A prova desse embarque está na crise do sistema elétrico brasileiro e nas tentativas de privatizar a Petrobras. Ninguém esqueceu a Petrobrax. A impressão digital que deixaram de sua opção pelo Estado mínimo é ainda muito mais extensa: está no abandono dos investimentos públicos na infraestrutura, inclusos aí os setores estratégicos de petróleo, gás, energia, portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e principalmente, o desenvolvimento tecnológico e a área de inovação.
Está no desmonte do Estado, na redução dos salários, no inchaço - via terceirização - dos setores estratégicos da burocracia civil, e no esvaziamento dos órgãos de planejamento e gestão. Ficou patente nas privatizações a preço de banana, sem participação do capital e do Estado nacionais (mas com recursos públicos!), na transformação dos bancos públicos de fomento em comerciais financiadores das privatizações. No esvaziamento do papel da CEF (em suas funções de banco de habitação e saneamento), nas tentativas de privatizar o BB e a Petrobras e na quase liquidação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Submeteram o BNDES aos seus projetos de privatização
Tucanos e democratas - estes (ex-PFL) envergonhados do que faziam até mudaram de nome - não estão satisfeitos com esse passado e querem continuar o desmonte. Hoje criticam o papel do BNDES que agora financia nossa infraestrutura e a formação de grandes empresas brasileiras para competir no mercado mundial; nossa indústria, sua inovação e desenvolvimento tecnológico; e as exportações não só de matérias primas, alimentos semi e manufaturados mas também de capital, tecnologia e serviços.
Tucanos e demos nem assim estão realizados. Ao se oporem violentamente à reorganização do Estado e da burocracia civil, às contratações de novos servidores públicos via concurso para os cargos de direção, planejamento, gestão e assessoramento e para prestar serviços à população - médicos, professores, policiais, juízes, delegados, promotores, entre outros - estão contra a retomada do planejamento, contra os projetos de melhoria da gestão pública e o controle e execução das obras
Não escondem o DNA neoliberal e privatista do Estado mínimo, um fracasso em todo o mundo. E atacam essa reorganização com a ferocidade ideológica típica da direita inglesa e americana. Continuam os mesmos.
Publicado em 22-Fev-2010
A oposição ficou nervosa com o discurso da ministra Dilma Rousseff no 4º Congresso Nacional do PT. Não sem razão. Ela tocou num dos pontos fracos dos tucanos e democratas: o papel do Estado e as privatizações. Sem argumentos para contestá-la, agora, respondem com agressividade, acusando a ministra de mentir. Mas, o fato histórico é que os tucanos embarcaram na onda do Consenso de Washington, na prática neoliberal, e só não levaram o Brasil à ruína pela resistência da oposição sindical, popular e política (o PT à frente) e pela vitória do presidente Lula em 2002. A prova desse embarque está na crise do sistema elétrico brasileiro e nas tentativas de privatizar a Petrobras. Ninguém esqueceu a Petrobrax.
A oposição ficou nervosa com o discurso da ministra Dilma Rousseff no 4º Congresso Nacional do PT. Não sem razão. Ela tocou num dos pontos fracos dos tucanos e democratas: o papel do Estado e as privatizações. Sem argumentos para contestá-la, agora, respondem com agressividade, acusando a ministra de mentir. Mas, o fato histórico é que os tucanos embarcaram na onda do Consenso de Washington, na prática neoliberal, e só não levaram o Brasil à ruína pela resistência da oposição sindical, popular e política (o PT à frente) e pela vitória do presidente Lula em 2002.
A prova desse embarque está na crise do sistema elétrico brasileiro e nas tentativas de privatizar a Petrobras. Ninguém esqueceu a Petrobrax. A impressão digital que deixaram de sua opção pelo Estado mínimo é ainda muito mais extensa: está no abandono dos investimentos públicos na infraestrutura, inclusos aí os setores estratégicos de petróleo, gás, energia, portos, aeroportos, rodovias, ferrovias e principalmente, o desenvolvimento tecnológico e a área de inovação.
Está no desmonte do Estado, na redução dos salários, no inchaço - via terceirização - dos setores estratégicos da burocracia civil, e no esvaziamento dos órgãos de planejamento e gestão. Ficou patente nas privatizações a preço de banana, sem participação do capital e do Estado nacionais (mas com recursos públicos!), na transformação dos bancos públicos de fomento em comerciais financiadores das privatizações. No esvaziamento do papel da CEF (em suas funções de banco de habitação e saneamento), nas tentativas de privatizar o BB e a Petrobras e na quase liquidação do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Submeteram o BNDES aos seus projetos de privatização
Tucanos e democratas - estes (ex-PFL) envergonhados do que faziam até mudaram de nome - não estão satisfeitos com esse passado e querem continuar o desmonte. Hoje criticam o papel do BNDES que agora financia nossa infraestrutura e a formação de grandes empresas brasileiras para competir no mercado mundial; nossa indústria, sua inovação e desenvolvimento tecnológico; e as exportações não só de matérias primas, alimentos semi e manufaturados mas também de capital, tecnologia e serviços.
Tucanos e demos nem assim estão realizados. Ao se oporem violentamente à reorganização do Estado e da burocracia civil, às contratações de novos servidores públicos via concurso para os cargos de direção, planejamento, gestão e assessoramento e para prestar serviços à população - médicos, professores, policiais, juízes, delegados, promotores, entre outros - estão contra a retomada do planejamento, contra os projetos de melhoria da gestão pública e o controle e execução das obras
Não escondem o DNA neoliberal e privatista do Estado mínimo, um fracasso em todo o mundo. E atacam essa reorganização com a ferocidade ideológica típica da direita inglesa e americana. Continuam os mesmos.
PT terá que se reposicionar diante do lulismo, afirma André Singer
PT terá que se reposicionar diante do lulismo, afirma André Singer
No momento em que completa 30 anos de sua fundação, o Partido dos Trabalhadores se vê diante de um novo fenômeno eleitoral, o lulismo, que pode obrigá-lo a ter que se reposicionar no cenário político brasileiro. Esta é a opinião do jornalista e cientista político André Singer (foto) pesquisador do sistema eleitoral brasileiro e ex-porta-voz do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em entrevista ao sítio BBC Brasil, 19-02-2010.
Eis a entrevista.
Como aconteceu esse realinhamento eleitoral em 2006 que deu origem a este fenômeno que o senhor chamou de lulismo?
A minha hipótese é que esse realinhamento foi resultado de políticas públicas que foram executadas no primeiro mandato do presidente Lula. Eu acredito que (ele é fruto de um) conjunto de políticas voltadas para a população de baixíssima que ficou (mais) conhecido pelo Bolsa Família. Na realidade, é um conjunto de medidas que envolvem o aumento do salário mínimo, o crédito consignado, além de uma série de políticas focalizadas, como, por exemplo, o (programa) Luz para Todos, a construção de cisternas no semi-árido nordestino, a regularização de terras quilombolas, só para citar algumas. É o conjunto dessas políticas que produziu uma mudança na qualidade de vida de um setor de muito baixa renda, que o economista Marcelo Néri, da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, costuma chamar de "o Real do Lula".
O lulismo é o resultado da combinação entre esse conjunto de políticas e a manutenção da estabilidade. Eu parto da hipótese que eu verifiquei em pesquisas que essa população (de baixíssima renda), que eu chamo de 'subproletariado' , é uma fração de classe que tem um aspecto conservador, que é o de temer o conflito político e, portanto, preferir ou aspirar que as mudanças que eles querem sejam feitas sem ameaça à ordem estabelecida. Então, o primeiro mandato do presidente Lula acabou por executar esse programa político.
Esse realinhamento pode levar a uma hegemonia do PT por algumas décadas?
No governo Fernando Henrique, o então ministro Sergio Motta falava de 20 anos de PSDB no poder. Eu acho que o PSDB pensava nisso e eu penso que, de alguma maneira, o PT também pensa nisso. Não sei o quanto é consciente, mas eu acho que um pouco esse pano de fundo está presente. Não sei se dá para chamar de hegemonia, porque este é um conceito mais amplo, diz respeito a uma capacidade de liderança intelectual e moral, que não é propriamente de um partido, mas é de uma classe que esse partido pode expressar.
Acho que os dois grandes partidos brasileiros, que são o PSDB e o PT, têm um pouco esse projeto, que é legítimo, não há nada que fira as normas democráticas, desde que os processos competitivos continuem. Eu diria que, sem dúvida, se a minha hipótese do realinhamento se confirmar, isso pode favorecer uma permanência do PT em um período mais longo, talvez próximo de 20 anos no poder. Mas tudo isso é especulativo e muito difícil de afirmar categoricamente, porque o comportamento eleitoral é tão imprevisível quanto a meteorologia.
Até que ponto o senhor acha que pode haver alguma consciência por parte do presidente Lula em relação a esse processo? Porque ele abandonou o discurso de esquerda clássico e fala muitas vezes diretamente com essa população.
Isto eu não saberia dizer, eu acho que o presidente Lula é dotado de uma intuição política poderosíssima, e é possível que essa intuição tenha levado ele a perceber, se é que a minha hipótese está correta. É possível que ele tenha intuído isto, mas eu não posso ir além de uma especulação.
Há uma identificação por parte deste eleitorado com a trajetória de vida de Lula? Não há um aspecto personalista no lulismo? Como a ministra Dilma Rousseff pode lidar com esse eleitorado, até porque ela tem um caráter mais técnico.
Não é exatamente que exista uma identificação com a trajetória de vida do presidente, mas o contrário. O fato de ele ter vivido pessoalmente a situação de vida que essa fração de classe vive, em minha opinião, fez diferença no governo. Há uma série de situações da vida cotidiana que a maioria dos políticos e dos analistas políticos que vêm da classe média não conhecem, e esta sensibilidade vem mais fácil para quem viveu essa situação.
Eu faço uma referência no artigo a esse aspecto, de que a biografia pessoal do presidente ajudou na conformação deste conjunto de políticas que teve esse resultado. Além disso, eu digo uma outra coisa, que é de que ele tem mais legitimidade para falar em nome desta fração de classe do que, por exemplo, o presidente Getúlio Vargas ou o presidente João Goulart, que eram latifundiários, que eram de uma classe social abastada.
Você diz que há aspectos personalistas nessa caracterização do lulismo. Eu acho que há elementos de carisma no lulismo. O carisma, na definição do (sociólogo alemão Max) Weber, é aquela situação em que você atribui a uma determinada pessoa características tão especiais que só essa pessoa vai fazer tal coisa, porque ela é dotada de características únicas, excepcionais.
Entendido o carisma desse modo, há um elemento de carisma no lulismo, sobretudo no Nordeste, mas ele não é o elemento predominante, a meu ver. O elemento predominante é mais fácil você ver no Sudeste, por exemplo. Se você pega uma cidade como São Paulo, o lulismo não é como no Nordeste. Ele não tem essa característica carismática, ele é mais a adesão a um conjunto de políticas públicas de maneira racional.
Então, se o lulismo for predominantemente, a adesão a um projeto político que é encarnado pelo presidente Lula neste momento, eu diria que não é tão difícil a transferência (de votos para Dilma), porque não é tanto a visão de que só ele pode executar esse projeto, mas sim, de que é um projeto coletivo.
Supondo que não tenha nenhuma interferência do governo nisso, mas o fato de ter sido feito um filme sobre a vida de Lula enquanto ele ainda é presidente não quer dizer que o carisma é mais forte? É um filme baseado na história de vida deste "mito".
A questão do filme é interessante, e eu poderia dizer que sim, de um certo ponto de vista, o fato de que tenha gerado um filme é um sinal de valorização da figura dele. Mas eu diria, ao mesmo tempo, que o fato de que o filme parece não ter tido o sucesso esperado, sobretudo no Sudeste, pode ser um sinal do que eu estou dizendo, de que é menos uma adesão carismática a ele e mais o reconhecimento de um determinado projeto.
Em uma entrevista na semana passada, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso classificou a candidata Dilma como dogmática, a colocou como mais à esquerda do que o presidente Lula. O senhor acha que isto pode ser uma boa estratégia para a oposição, porque, pela hipótese do senhor, esse eleitorado que foi junto com o Lula em 2006 gosta da estabilidade. Colocar que a candidata Dilma é mais à esquerda que Lula, tem um passado de guerrilheira, não pode gerar uma aversão à candidata dentro deste eleitorado?
Pode, pode. Acho que, sem dúvida, a oposição deve estar mirando nisto. De fato, esse eleitorado é um eleitorado que, de acordo com o que eu percebi nas pesquisas, tem a questão da ordem como uma questão importante, ao mesmo tempo em que tem um forte apreço pela intervenção do Estado em favor da distribuição da renda. É aí onde a oposição fica sem discurso. A meu ver, por exemplo, não foi casual que o assunto das privatizações entrou em pauta no segundo turno de 2006, porque, embora não houvesse uma proposta de novas privatizações, a oposição ficou identificada com uma posição privatista.
O fato de o governador de São Paulo, José Serra – que até agora não assumiu sua candidatura – ter evitado qualquer tipo de confronto com o presidente Lula, qualquer crítica mais acentuada ao governo, mostra que ele deve seguir nesse sentido?
Ele não pode fazer diferente, ele está obrigado a isso. Nos estudos de comportamento eleitoral, a avaliação do governo é um item muito importante, no sentido de saber se queremos continuar ou queremos mudar (as políticas atuais). Como a população está avaliando muito positivamente este governo (Lula), o candidato da oposição não pode fazer outra coisa a não ser dizer que vai dar continuidade a essas políticas. Eu não tenho nenhuma dúvida de que, se o governador Serra for o candidato do PSDB, ele vai continuar com essa estratégia de não brigar com o governo.
E qual deve ser o peso do possível candidato Ciro Gomes (PSB) e da candidata Marina Silva (PV) nessa disputa?
Ciro Gomes já foi candidato por duas vezes, e ele tem, nessas candidaturas, uma trajetória bem coerente. Ele está procurando ocupar um espaço de centro-esquerda, que era o espaço original do PSDB e que o PSDB abandonou quando fez uma aliança à direita com o então PFL, hoje Democratas, e uma política mais conservadora. Nesse sentido, ele (Ciro Gomes) tem razão quando diz que disputa também com o candidato do PSDB, que ele pode tirar votos do candidato do PSDB.
Ao mesmo tempo, como o PT se deslocou em direção ao centro, o PT também passou a disputar esse espaço, a partir de 2002. Então, eu diria que ele (Ciro) tira votos de um e de outro. Já a candidatura Marina é um pouco diferente. Ela é uma candidatura nova, que tem, a meu ver, um potencial de atrair setores de classe média, sobretudo universitários, que têm muita simpatia pela causa ambientalista.
Ela, de fato, será a primeira candidatura que os cientistas políticos chamam de pós-materialista, porque ela vai tentar sair um pouco da agenda principal, que é a questão da distribuição da renda. Como eu acho que o Brasil ainda é um país em que a questão da distribuição de renda está muito presente, eu não acredito que ela tenha possibilidade de passar muito de 10% dos votos. Mas esses 10% seriam já uma votação muito significativa e podem ser o fiel da balança.
O senhor aponta uma desconexão entre o voto no Lula e o voto no PT, que continuaria forte entre a classe média, o operariado. Qual será o futuro do PT? Ele terá que se tornar um partido lulista? Como será o PT pós-Lula?
Eu acho que isso é uma das grandes interrogações do momento. No artigo, eu cito um trabalho da professora Wendy Hunter e do professor Timothy Power. Eles verificaram que, na eleição de 2006, essa penetração do lulismo no interior do país, nas cidades menores, no eleitorado de renda mais baixa, não se deu em relação ao PT.
De 2006 para cá, eu acho que pode estar acontecendo um processo de confluência entre o lulismo e o petismo. Eu vejo indícios possíveis disso quando a gente a analisa a eleição municipal de 2008, quando o PT não foi bem nas capitais, que são colégios eleitorais influenciados pela classe média, mas foi bem no entorno das capitais, que são as regiões metropolitanas onde há uma população de baixa renda mais predominante.
Isto pode ser um sinal de que o eleitorado lulista está começando a convergir para o PT, começando a votar em candidatos a prefeito, a deputado, a vereador, a governador do PT. Se isso acontecer, se isso estiver acontecendo, será um processo lento, e é uma das possibilidades de institucionalizaçã o do lulismo, que ele seja canalizado para o PT. Se isso acontecer, é provável que a gente assista a um processo de transformação do PT.
O PT é um partido com uma origem ideológica muito marcada como um partido de esquerda e que manteve até hoje um ethos de esquerda bastante nítido, em que pese o fato de ele ter sofrido transformações. O partido se institucionalizou muito, o PT deixou de ser um partido com forte influência sindical e passou a ser um partido com forte influência parlamentar, o partido não tem mais a força da militância que tinha antes, está mais profissionalizado.
Houve também algumas mudanças programáticas, mas se você olhar para o conjunto, o PT tem um ethos de partido de esquerda. e o lulismo realmente for para o PT, é provável que haja alguma mudança, porque o lulismo não tem essa característica de esquerda que o PT tem. Ele tem aspectos de esquerda na aspiração de intervenção do Estado para redistribuição de renda, mas tem aspectos que não são de esquerda. Então é possível que o PT venha a ser uma resultante do encontro entre essas duas forças.
O lulismo pode matar o petismo?
É muito difícil fazer uma afirmação categórica. Como eu acho que o PT construiu uma trajetória sólida, é mais provável que haja uma resultante que seja a fusão das duas coisas do que o claro predomínio de uma delas.
O senhor diz que o fato de Lula ter mantido a estabilidade tirou dos partidos de centro a plataforma que usavam para atingir o eleitorado mais pobre. Como ficam o PSDB e o DEM?
Eu acho que eles estão em uma situação muito difícil momentaneamente, porque perderam uma parte de seu discurso, que era o discurso do medo. Tentaram substituir pelo discurso da ética, mas esse discurso da ética não tem a mesma eficiência eleitoral, porque esse setor do eleitorado (mais pobre) prioriza as questões relativas às condições vida, que são pra eles fundamentais. Por hora, mantidas as condições atuais, eles estão condenados a fazer uma mágica, que é provar para o eleitorado que a oposição é melhor para dar continuidade aos programas do governo do que o próprio governo.
E a esquerda, dentro do PT e fora do PT, como fica diante desse fenômeno?
A esquerda está diante de um desafio, assim com a direita e o centro. O surgimento de uma força política nova, com características ideológicas diferentes, coloca para a esquerda a necessidade de se reposicionar. Diante de uma liderança, de um movimento, como é lulismo, que tem características populares muito arraigadas, a esquerda se vê diante da necessidade de adotar uma posição que ao mesmo tempo reconheça essas características populares, que são importantes, mas reafirme o seu ponto de vista ideológico, que é diferente do lulismo.
Nenhum partido no Brasil que queira ter eficiência eleitoral pode prescindir desse eleitorado (de baixa renda), porque até a eleição de 2006, eu estimo, ele poderia ser metade de todo eleitorado. Eu quero fazer uma ressalva que é a seguinte: as mesmas políticas que levaram ao surgimento do lulismo estão também fazendo com que uma parte deste eleitorado mude de condição, se transformando nessa nova Classe C.
Como deve se comportar essa nova Classe C?
Esta é uma das perguntas mais interessantes deste momento, para a qual eu não tenho resposta, porque as pesquisas ainda não iluminaram este aspecto. A gente pode pensar duas coisas contraditórias: ou que, ao mudarem de condição de vida, eles passem a votar diferente, até para se diferenciarem da condição de vida anterior; ou que, em uma perspectiva de reconhecimento de que a mudança teve relação com a implementação de certas políticas, eles vão votar pelo prosseguimento dessas mesmas políticas. As duas coisas são possíveis.
Se a ministra Dilma perder a eleição, isto desestabilizaria o PT, o lulismo?
Eu diria que, se a ministra perder as eleições, provavelmente o lulismo terá se comprovado uma hipótese menos importante do que eu estou imaginando. Para o PT, vai representar uma derrota importante, como foi para o PSDB em 2002 e 2006, mas, até onde eu consigo enxergar, o partido me parece consolidado o suficiente para poder permanecer na oposição e se reapresentar em 2014, 2018.
Talvez com o próprio Lula?
Possivelmente com o próprio presidente Lula.
O novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, afirma que a campanha de Dilma será pragmática e que o PT hoje é um partido pragmático. O Brasil perdeu a esquerda ideológica do PT dos anos 1980?
Esse é um aspecto importante. Eu acho que o PT, menos do ponto de vista programático e mais do ponto de vista de sua política de alianças, transitou para uma postura pragmática que eu acho excessiva, e isso não só em função do próprio PT, mas em função do que o PT significa para o sistema partidário brasileiro. Eu acho que o PT, ao privilegiar a aliança com o PMDB, se descaracteriza como partido essencialmente programático, porque o PMDB tem essa característica, é um partido que não tem um programa claro perante a sociedade brasileira.
Certamente tem um programa registrado, mas não tem um programa que o eleitorado consiga discernir, e é isso que permite ao PMDB apoiar o segundo mandato do governo Fernando Henrique, que foi privatizante, e o segundo mandato do presidente Lula, que teve características bem diferentes, se quisermos usar palavras mais fortes, foi estatizante. O PMDB, como um partido sem programa e sendo o ponto mais importante da composição que o PT está construindo, ajuda a descaracterizar o PT enquanto partido programático. Esse aspecto é hoje o principal problema do sistema político partidário brasileiro, ele está ficando excessivamente pragmático.
O PT pode então estar seguindo o mesmo caminho do PSDB quando se aliou com o então PFL?
Em um certo sentido sim, se você desconsiderar as questões exclusivamente pragmáticas. Do ponto de vista pragmático, a escolha do PMDB é totalmente compreensível. O PMDB tem um tempo longo na televisão e tem uma estrutura nacional importante, embora seja muito heterogêneo.
Então, a escolha do PMDB é uma escolha pragmaticamente compreensível, mas eu diria que, do ponto de vista dos interesses da sociedade, e não exclusivamente dos interesses partidários, o PT está cometendo um erro parecido com aquele que o PSDB cometeu ao fazer uma aliança com o PFL, que, de um certo ponto de vista, descaracterizou definitivamente o PSDB. (O PSDB) continua sendo um partido importante, mas não tem mais aquelas características ideológicas que tinha de início.
Existe espaço para um partido de esquerda programática no mundo de hoje?
No mundo inteiro, nós estamos vivendo um processo de americanização da política. Esta americanização, inclusive na Europa, é um processo de pragmatização do comportamento partidário. Nesse sentido, eu diria que a tendência é na direção contrária. No entanto, isto está levando a um esvaziamento da democracia, o que é um processo perigoso. À medida que você tem partidos que não são programáticos, que não são ideológicos, a sociedade passa a considerar que a política é um assunto dos políticos, que é um assunto de interesse dos políticos para si mesmos, o que é um grande problema. Isto, por sua vez, produz um distanciamento do eleitorado com relação ao processo político, e esse distanciamento vai reforçando o descolamento que existe entre a esfera política e a esfera social, com o agravamento de uma série de problemas que existem em todos os países democráticos.
Eu diria que, se de um lado existe pouco espaço para partidos ideológicos, ao mesmo tempo eles nunca foram tão necessários, porque aparentemente não há outra maneira de você revitalizar a política democrática, que precisa ser revitalizada quase que desesperadamente.
A conquista das mulheres ao direito de votar
Há 78 anos, exatamente no dia 24 de fevereiro de 1932, as mulheres brasileiras conquistaram o direito ao voto. Mas não eram todas que podiam, apenas as casadas e com a autorização dos maridos e, exceção, algumas solteiras e viúvas que tivessem renda própria.
Em 1934, na Assembléia Nacional Constituinte, entre 254 constituintes havia apenas duas mulheres: Carlota Pereira de Queiroz, eleita pelo Estado de São Paulo, e Almerinda da Gama, escolhida delegada classista pelo Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos. Na Constituinte de 1946 não havia mulheres legisladoras, já na de 1988 eram 25 as mulheres.
A primeira Lei que instituiu o sistema de cotas, em 1995, nas eleições municipais, determina um mínimo de 20% de candidatas mulheres. Em 1997 a Lei 9.504/97 amplia para o mínimo de 30% e no máximo 70% o número de candidatos de cada sexo. Mas, o resultado das eleições evidencia a debilidade da lei, pois os partidos e/ou coligações apresentam número inferior a 30% de mulheres nas chapas, não apoiando nem estimulando candidaturas de mulheres. Uma razão é a fragilidade da lei, que não prevê sansão alguma para o seu não cumprimento.
Na presidência municipal do Partido dos trabalhadores, quero levantar essa discussão de forma ampla, com a participação dos grupos de mulheres, que têm acúmulo nessa área, e com todos os companheiros e companheiras. É preciso fortalecer as candidaturas de mulheres e sua participação em todas as instâncias do partido, é preciso mudar um quadro eminentemente machista em que muitas vezes as companheiras são chamadas apenas para compor chapas, mas não para assumir posições de fato e direito. Com a colaboração de todas e todos, vamos buscar aumentar a participação política das mulheres em todas as instâncias.
Sabemos da capacidade de nossas companheiras quando assumem qualquer espaço, seja no Executivo, Legislativo ou na direção partidária. O Partido dos Trabalhadores tem em sua história personalidades que comprovam isso, nossas parlamentares, companheiras que estão nas direções do governo nacional e governos municipais. Lembrando todas aqui, quero referir Dilma Rousseff, Ministra-Chefe da Casa Civil e as companheiras Iria Charão, primeira mulher presidente do PT Municipal, e Maria Eulália Nascimento e Margarete Moraes, únicas mulheres a presidir o PT Estadual.
Adeli Sell
Vereador e Presidente do Diretório Municipal do PT Porto Alegre
Em 1934, na Assembléia Nacional Constituinte, entre 254 constituintes havia apenas duas mulheres: Carlota Pereira de Queiroz, eleita pelo Estado de São Paulo, e Almerinda da Gama, escolhida delegada classista pelo Sindicato dos Datilógrafos e Taquígrafos. Na Constituinte de 1946 não havia mulheres legisladoras, já na de 1988 eram 25 as mulheres.
A primeira Lei que instituiu o sistema de cotas, em 1995, nas eleições municipais, determina um mínimo de 20% de candidatas mulheres. Em 1997 a Lei 9.504/97 amplia para o mínimo de 30% e no máximo 70% o número de candidatos de cada sexo. Mas, o resultado das eleições evidencia a debilidade da lei, pois os partidos e/ou coligações apresentam número inferior a 30% de mulheres nas chapas, não apoiando nem estimulando candidaturas de mulheres. Uma razão é a fragilidade da lei, que não prevê sansão alguma para o seu não cumprimento.
Na presidência municipal do Partido dos trabalhadores, quero levantar essa discussão de forma ampla, com a participação dos grupos de mulheres, que têm acúmulo nessa área, e com todos os companheiros e companheiras. É preciso fortalecer as candidaturas de mulheres e sua participação em todas as instâncias do partido, é preciso mudar um quadro eminentemente machista em que muitas vezes as companheiras são chamadas apenas para compor chapas, mas não para assumir posições de fato e direito. Com a colaboração de todas e todos, vamos buscar aumentar a participação política das mulheres em todas as instâncias.
Sabemos da capacidade de nossas companheiras quando assumem qualquer espaço, seja no Executivo, Legislativo ou na direção partidária. O Partido dos Trabalhadores tem em sua história personalidades que comprovam isso, nossas parlamentares, companheiras que estão nas direções do governo nacional e governos municipais. Lembrando todas aqui, quero referir Dilma Rousseff, Ministra-Chefe da Casa Civil e as companheiras Iria Charão, primeira mulher presidente do PT Municipal, e Maria Eulália Nascimento e Margarete Moraes, únicas mulheres a presidir o PT Estadual.
Adeli Sell
Vereador e Presidente do Diretório Municipal do PT Porto Alegre
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
Caros generais, almirantes e brigadeiros - Parte II
Buenas, eu pensei que a esquerda que me segue, os democratas que leem meu blog, fossem fazer comentários.
Mas vejo que tenho gente que não concorda nem um pouco comigo ideologicamente me seguindo, mandando seu recados, postando.
Espero que, como digo nos meus boletins, o debate seja livre, sem xingamentos, mas com exposição de idéias.
Os comentários não são de MINHA RESPONSABILIDADE, mas do que a escrevem.
Gostaria que não fossem comentários anônimos.
Dias atrás, publiquei uma nota de uma pessoa, lascando o pau num comentário meu. Publiquei, outra pessoa leu, achou que era minha posição, desencou comigo.
Eu sou um democrata.
Novas gerações tem que saber o que se passou na I e II Grande Guerras.
Tem que saber que o stalinismo nada tem a ver com marxismo.
Nem a URSS é exemplo de socialismo e democracia.
Nunca fui e nunca serei castrista.
Já fui trotskista, na juventude. Não renego. Muito aprendi.
Hoje sou um democrata, que luta por teses sociais, como redistribuição de renda, contra a pobreza, pela Bolsa Família vinculada a formação para o mundo do trabalho, por geração de renda e trabalho, por impostos diferenciados etc
O debate está mais do que aberto.
Mas vejo que tenho gente que não concorda nem um pouco comigo ideologicamente me seguindo, mandando seu recados, postando.
Espero que, como digo nos meus boletins, o debate seja livre, sem xingamentos, mas com exposição de idéias.
Os comentários não são de MINHA RESPONSABILIDADE, mas do que a escrevem.
Gostaria que não fossem comentários anônimos.
Dias atrás, publiquei uma nota de uma pessoa, lascando o pau num comentário meu. Publiquei, outra pessoa leu, achou que era minha posição, desencou comigo.
Eu sou um democrata.
Novas gerações tem que saber o que se passou na I e II Grande Guerras.
Tem que saber que o stalinismo nada tem a ver com marxismo.
Nem a URSS é exemplo de socialismo e democracia.
Nunca fui e nunca serei castrista.
Já fui trotskista, na juventude. Não renego. Muito aprendi.
Hoje sou um democrata, que luta por teses sociais, como redistribuição de renda, contra a pobreza, pela Bolsa Família vinculada a formação para o mundo do trabalho, por geração de renda e trabalho, por impostos diferenciados etc
O debate está mais do que aberto.
DESCONFIE DE ALGUMAS ONGS
DESCONFIE DE ALGUMAS ONGS
ADELI SELL*
É isto mesmo, eu que sempre defendi auto-organização de movimentos, sindicatos, entidades em geral, venho a público para alertar: desconfiem de algumas ONGs.
Estas que, de cara, em seus sites e blogs - agora virou moda - apelam grosseiramente para que se coloque publicidade, desconfie. Pode até ser um acaso, mas, regra geral, não é.
Claro, ninguém vive sem apoio ou até publicidade. Mas apelos patéticos? Desconfie. Principalmente, daqueles que vivem mandando e-mails com várias contas bancárias, para urgências das urgências, como se "tivesse que tirar alguém da forca".
Desconfie daquelas ONGs que te enrolam, não esclarecem o foco do trabalho, não tem dossiê do seu trabalho - "por falta de tempo" - não tem sede para mostrar, se tiverem, escondem, enrolam.
Tem que ter sede? Não, não necessariamente, mas digam pelo menos por que motivo não tem sede, listem os locais em que trabalham, defendam porque agem só pela Internet.
Conheço gente que vive e vive bem, explorando a boa vontade alheia, pessoas que querem ajudar, que se sensibilizam com certos temas. E vão largando grana, já que não podem realizar o dito trabalho comunitário ou social.
E tem temas que mobilizam muito: adoção de pessoas e animais, ambientalismo, luta contra a exploração sexual, defesa de gênero, a questão do combate ao racismo, a questão indígena, só para citar alguns temas que "movem montanhas".
Quando aparecem Projetos de Lei, vindos do Executivo, dando título de Utilidade Pública, na Câmara, sempre peço mais informações, para poder votar, mesmo assim às vezes "compramos gato por lebre".
Com esta denúncia pretendo incentivar a todos(as) que busquem dados e informações acerca das entidades, principalmente aquelas que você vai ajudar.
Com esta denúncia pretendo incentivar a todos(as) a colaborar com as boas institutições. E tem muitas. Tem gente que "faz das tripas coração" para montar, manter, organizar uma ONG para realizar, ajudar, mudar, transformar as coisas. Terão todo o meu apoio.
Mas as brechas de nossa legislação são verdadeiros "canions" jurídicos, por isso, tanta cooperativa picareta, tanta ONG que não passa de ING (Indivíduo Não Governamental), feitas exclusivamente para burlar a lei, para benefício pessoal e familiar ou um grupo de apaniguados. E não só logram pessoas, mas logram governos ou fazem maracutaisas combinadas com certos agentes públicos.
E nós, especialmente, parlamentares, não estamos livres das chantagens. A moda agora é pedir ajuda ao parlamentar. Se você questiona, ficam furiosos, reclamam, ficam ofendidos por "colocar em dúvida sua idoneidade", mas não é o caso. Direito de saber e ver. Ponto final. Visitar? ah, aí vem a enrolação, marcam uma ida no local, desmarcam, marcam uma reunião no gabinete para discutir, não vem, enrolam, desmarcam, depois vão para a Internet achincalhar os que não ajudam, ficam falando que tal ou qual vereador é um pão duro, não ajuda, etc.
E é claro que esta gente sempre tem o apoio de alguns internautas inescrupulosos. Que fazem o seu jogo, não pesquisam, apenas reproduzem tudo o que chega a eles.
Por estas razões, venho de público chamar a vossa atenção para o que anda acontecendo em nossa sociedade.
E quando alguém vem falar mal de outros, pense bem, antes de acreditar.
Com meus respeitos, vou defender à morte as boas instituições, mas vou denunciar à morte também as instituições picaretas.
* ADELI SELLé vereador do PT-POA.
ADELI SELL*
É isto mesmo, eu que sempre defendi auto-organização de movimentos, sindicatos, entidades em geral, venho a público para alertar: desconfiem de algumas ONGs.
Estas que, de cara, em seus sites e blogs - agora virou moda - apelam grosseiramente para que se coloque publicidade, desconfie. Pode até ser um acaso, mas, regra geral, não é.
Claro, ninguém vive sem apoio ou até publicidade. Mas apelos patéticos? Desconfie. Principalmente, daqueles que vivem mandando e-mails com várias contas bancárias, para urgências das urgências, como se "tivesse que tirar alguém da forca".
Desconfie daquelas ONGs que te enrolam, não esclarecem o foco do trabalho, não tem dossiê do seu trabalho - "por falta de tempo" - não tem sede para mostrar, se tiverem, escondem, enrolam.
Tem que ter sede? Não, não necessariamente, mas digam pelo menos por que motivo não tem sede, listem os locais em que trabalham, defendam porque agem só pela Internet.
Conheço gente que vive e vive bem, explorando a boa vontade alheia, pessoas que querem ajudar, que se sensibilizam com certos temas. E vão largando grana, já que não podem realizar o dito trabalho comunitário ou social.
E tem temas que mobilizam muito: adoção de pessoas e animais, ambientalismo, luta contra a exploração sexual, defesa de gênero, a questão do combate ao racismo, a questão indígena, só para citar alguns temas que "movem montanhas".
Quando aparecem Projetos de Lei, vindos do Executivo, dando título de Utilidade Pública, na Câmara, sempre peço mais informações, para poder votar, mesmo assim às vezes "compramos gato por lebre".
Com esta denúncia pretendo incentivar a todos(as) que busquem dados e informações acerca das entidades, principalmente aquelas que você vai ajudar.
Com esta denúncia pretendo incentivar a todos(as) a colaborar com as boas institutições. E tem muitas. Tem gente que "faz das tripas coração" para montar, manter, organizar uma ONG para realizar, ajudar, mudar, transformar as coisas. Terão todo o meu apoio.
Mas as brechas de nossa legislação são verdadeiros "canions" jurídicos, por isso, tanta cooperativa picareta, tanta ONG que não passa de ING (Indivíduo Não Governamental), feitas exclusivamente para burlar a lei, para benefício pessoal e familiar ou um grupo de apaniguados. E não só logram pessoas, mas logram governos ou fazem maracutaisas combinadas com certos agentes públicos.
E nós, especialmente, parlamentares, não estamos livres das chantagens. A moda agora é pedir ajuda ao parlamentar. Se você questiona, ficam furiosos, reclamam, ficam ofendidos por "colocar em dúvida sua idoneidade", mas não é o caso. Direito de saber e ver. Ponto final. Visitar? ah, aí vem a enrolação, marcam uma ida no local, desmarcam, marcam uma reunião no gabinete para discutir, não vem, enrolam, desmarcam, depois vão para a Internet achincalhar os que não ajudam, ficam falando que tal ou qual vereador é um pão duro, não ajuda, etc.
E é claro que esta gente sempre tem o apoio de alguns internautas inescrupulosos. Que fazem o seu jogo, não pesquisam, apenas reproduzem tudo o que chega a eles.
Por estas razões, venho de público chamar a vossa atenção para o que anda acontecendo em nossa sociedade.
E quando alguém vem falar mal de outros, pense bem, antes de acreditar.
Com meus respeitos, vou defender à morte as boas instituições, mas vou denunciar à morte também as instituições picaretas.
* ADELI SELLé vereador do PT-POA.
Ficha limpa na gaveta, suja nas eleições
Ficha limpa na gaveta, suja nas eleições
Dom Tomás Balduino1 (FSP, 14/02/2010, p. A3.)
Um milhão e quinhentas mil assinaturas entregues a Michel
Temer (PMDB-SP), presidente da Câmara dos Deputados, em 29 de setembro de 2009,
foram o fruto de uma bela e esperançosa campanha nacional visando apresentar um
projeto de lei exigindo ficha limpa dos candidatos a cargos eleitorais.
Um evento histórico da maior importância para a democracia
brasileira.
Houve destacada participação do Movimento de Combate à Corrupção
Eleitoral (MCCE), da presidência da CNBB, dom Geraldo Lyrio e dom Dimas
Barbosa, insistindo, na coletiva do dia 11 de dezembro, na agilidade da
aprovação do projeto para barrar a corrupção na política.
A magnitude do acontecido mereceria uma comemoração das mais
festivas. O que se viu, entretanto, depois da entrega oficial, foi um Congresso
silencioso, reticente, triste…
O deputado Michel Temer, desde o primeiro momento, se
entrincheirou no adiamento da pauta do projeto para fevereiro de 2010, alegando
agenda cheia, recesso parlamentar e outras prioridades. Dizia estar dialogando
com os líderes para que esse projeto de lei não corresse o risco de “não ser
aprovado”.
Passado um mês de sua entrega, não havia relator designado e
entrou no inexorável ritmo do passo lento daquela pesada máquina burocrática.
Uma decepção! A ficha limpa foi para a gaveta de Michel Temer.
Quanto aos demais deputados, não se tem registro de
posicionamento público, a não ser o do deputado José Genoino (PT-SP), que subiu
à tribuna, em 4 de novembro, para criticá-lo.
Para Genoino, a proposta é “inconstitucional” e
“autoritária”. É preciso recordar, porém, que ele é réu no processo do mensalão
que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Seu discurso recebeu apoio de quatro deputados, entre eles o
de Geraldo Pudim (PR-RJ), que já foi alvo de questionamentos na Justiça, e
Ernandes Amorim (PTB-RO), que admitiu responder a processos e inquéritos judiciais.
Genoino se posiciona pela liberação das fichas sujas nas
eleições, pela manutenção da impunidade dos que acorrem à campanha eleitoral em
busca de um cargo público, para lhes garantir fórum especial e blindá-los
contra os instrumentos comuns e normais da Justiça.
Vários políticos se precipitam em busca da eleição logo após
terem cometido crimes, até de homicídio.
Conseguem multiplicar recursos financeiros e,
consequentemente, o número suficiente de eleitores para elegê-los.
Agora, na semana passada, depois de quatro meses de espera
na Câmara, os líderes partidários decidiram criar uma comissão para,
simplesmente, modificar o texto da proposta porque, segundo eles, haveria
dificuldades de aprovar o veto à candidatura de políticos com condenação em
primeira instância na Justiça.
A gente se pergunta: a quem, afinal, esse Congresso
representa? Qual a relação que esses nobres deputados têm com a sociedade civil
organizada para que uma mobilização popular séria, prevista na Constituição,
como a que ofereceu à nação um número tão expressivo de assinaturas, acabe, na
Câmara, num leviano joguete de interesses escusos de senhores votando em causa
própria?
Está de parabéns dom Dimas, secretário-geral da CNBB, que
mais uma vez se posicionou com o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral:
“Não se tolera mais adiamento do projeto. O movimento topa dialogar com quem de
direito no Congresso. Não aceita, porém, alterações redacionais que venham
desfigurar os princípios que norteiam a iniciativa”.
A ficha limpa é um passo de suma importância para salvar a
democracia e para garantir a credibilidade do processo eleitoral. Mas não é
tudo, pois uma análise mais profunda do nosso processo eleitoral nos leva à
melancólica conclusão de que ele é estruturalmente corrupto.
Vou citar, para concluir, uma autoridade no assunto, João
Heliofar de Jesus Villar: “Como procurador regional eleitoral no Rio Grande do
Sul, tive a oportunidade de atuar em quatro eleições e refletir demoradamente
sobre essa loucura que é o processo das eleições no Brasil. Quem trabalha na
fiscalização dos pleitos sabe que o sistema está desenhado para não funcionar.
Não se trata de fiscalização ineficiente e sim de fiscalização impossível. (…)
Há um consenso silencioso na classe política de que o caixa dois é uma
necessidade inafastável.” (“Corrupção: o ovo da serpente”,
“Tendências/Debates”, 4/1).
Antes de qualquer reforma política entregue a esses mesmos
senhores, emerge, pois, a nossa inarredável responsabilidade como sociedade
civil organizada.
1 Dom Tomás Balduino, 87, mestre em teologia e pós-graduado
em antropologia e linguística, é bispo emérito da cidade de Goiás e conselheiro
permanente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O ADEUS A VILMA CASTILHOS
Companheiras e Companheiros:
Terminou a pouco a cerimônia de despedida da companheira
Vilma, na capela E do cemitério Jardim da Paz, na Lomba do Pinheiro, em Porto
Alegre.
Após meses de internação no Hospital do Câncer Santa Rita,
Vilma conseguiu ser transferida para uma casa de repouso na Lomba do Pinheiro,
onde estava a pouco mais de vinte dias.
Esta semana, contudo, ao comparecer a uma consulta de
controle do quadro delicado de saúde, na quarta-feira, dia 10, o oncologista
informou aos acompanhantes, a gravidade de seu estado, após
Neste domingo à tarde, 16h, entre muitas senhoras da
comunidade católica da Igreja Pompéia e alguns poucos companheiros de luta,
Vilma recebeu as homenagens que encerram sua participação aqui na terra.
Há quase trinta anos no Brasil e em Porto Alegre, para onde
veio desenvolver estudos na universidade federal, Vilma estabeleceu um amplo
leque de relacionamentos, todos eles mobilizados pelas visões socialista,
solidária, humanitária ou internacionalista, típicas de Vilma. A estas
relações, sempre emprestou apoio e crítica construtiva, além de espontâneo
trabalho militante, assim que se apaixonava pela nova causa.
Vilma não possuia familiares no país, tampouco bens ou
riquezas, mas nos deixa uma formidável lição a partir de sua postura nesta
vida: tudo o que precisamos ter para transformar o mundo são: princípios em
favor da vida; uma ética de compartilhamento; e um amor intransigente ao próximo.
Nos próximos dias, informaremos data, hora e local da missa
de sétimo dia e aproveitamos para um convite antecipado: façamos uma última
homenagem, presenteando-a com a nossa presença!
Saudações Petistas,
--
Sady Jacques
domingo, 14 de fevereiro de 2010
Minha luta pelo fim das carroças, em defesa da vida
Minha luta pelo fim das carroças, em defesa da vida
Por Adeli Sell*
Fui criado na roça, no meio de bichos variados. Chorei quando mataram meu cachorro Baito, envenenado. Não conseguia entender esta maldade de tirar a vida de um bicho tão bom e companheiro. Muito usei a carroça na roça. Puxada por bois. Havia o chicote. Contraditório, chorei a morte do cachorro, mas usava o chicote do pai. Mas ele, iletrado, mas sábio, alertava: nunca "judia" dos bichos. Felizmente, a lição ficou.
Hoje, milito por convicção, pelo bem estar animal, pois animal tem que ser bem tratado, é um ser vivo como a gente, sofre como a gente, com o calor, com o frio, com maus tratos etc.
Castigar um cavalo como se vê em nossas ruas é uma questão cultural. Não se trata do sujeito ser ou não um sujeito culto. Tem gente letrada e culta que odeia gato e cachorro, bate e chuta os bichos como se chutasse uma boa por prazer.
É a cabeça das pessoas.
E nós que sabemos que está errado maltratar, temos que tomar atitudes. Sim, o mundo só muda com atitudes.
Por isto, minha atitude é a militância diária, cotidiana, pelo bem estar animal.
Não sou o melhor exemplo de protetor, deixo por razões várias, por outras atividades, de afazeres, da pressa, passar batido algumas barbaridades. Não quero aqui dar uma de populista, como fazem alguns políticos, que mais parecem deuses vindos do Olimpo: nunca erraram, fazem tudo perfeito, errado é que são os outros.
Não, nós todos somos limitados, falhos e pecamos.
Mas como muitos quero o fim das carroças em nossa cidade. Pelo trânsito. Sim, até por isto. Mas essencialmente pelo fim do sofrimento animal. Não se coaduna o veículo de tração animal neste caos urbano.
E o homem, a mulher, as pessoas que dependem do cavalo? Olho com carinho por eles, pois fazem um trabalho servil, desumano, não apropriado aos dias que vivemos. Temos que garantir dignidade às familias de carroceiros, catadores, recicladores, que vivem do seu trabalho, de outra forma. Temos que criar imediatamente um Fundo Municipal de Reinserção na Atividade Produtiva para carroceiros, carrinheiros e catadores de nossa Porto Alegre.
Votei pela Lei que dá 8 anos para o seu fim. Eu até tinha uma Emenda que propunha ser mais radcial, acabar com elas em 4 anos. E nós podemos hoje em dia fazer com que todos os que vivem da carroça e do cavalo em poucos meses possam viver com outro afazer. Sobram empregos em Porto Alegre. Falta qualificação de mão de obra. Mãos à obra, portanto, gestores públicos municipais, sem tergiversações, sem falsas promessas, sem populismo eleitoral, já que estamos num ano eleitoral.
E que todos nós continuemos assim, lutando pelo bem estar animal.
Pelo fim das carroças em 8 anos
Novos empregos e trabalho digno aos carroceiros, carrinheiros e catadores.
* Adeli Sell é vereador do PT em Porto Alegre, RS
ALIMENTAÇÃO É DIREITO
CONSEGUIMOS MAIS UMA VITORIA NO BRASIL!
A ALIMENTAÇÃO PASSA A INTEGRAR A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, COMO UM DIREITO SOCIAL DO POVO BRASILEIRO E RESPONSABILIDADE CONJUNTA DOS GOVERNANTES EM TODOS OS NIVEIS,
PROGRAMAS DE COMBATE A FOME E DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA QUE JA RETIRARAM MAIS DE 20 MILHÕES DE PESSOAS DA EXTREMA POBREZA, EM NOSSO PAIS, AÇÕES DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA, MERENDA ESCOLAR DE QUALIDADE EM TODAS AS ESCOLAS DO PAÍS,PASSAM A SER POLÍTICA DE ESTADO, DA NAÇÃO BRASILEIRA.
"ESTA É UMA IMPORTANTE VITORIA DO POVO BRASILEIRO QUE SE MOBILIZOU DE NORTE A SUL DO PAIS, ESTIMULADO PELO TRABALHO SÉRIO E COMPROMETIDO DO CONSEA - CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR COM O APOIO DO GOVERNO FEDERAL E A SENSIBILIDADE DO PARLAMENTO BRASILEIRO QUE RESPONDEU AO CLAMOR NACIONAL E APROVOU A ALIMENTAÇÃO COM UM DIREITO DE TODAS AS PESSOAS, AFIRMOU A DEPUTADA EMILIA FERNANDES.
E ACRESCENTOU, SEI QUE FIZ A MINHA PARTE, NA DEFESA DESSA BANDEIRA DE LUTA, QUE ABRACEI DESDE O PRIMEIRO DIA DO MEU MANDATO DE DEPUTADA FEDERAL", MAS OS NOSSOS APLAUSOS SÃO REALMENTE PARA O CONSEA PELO COMPROMISSO INCANSÁVEL E CONTAGIANTE DE SEU PRESIDENTE RENATO MALUF E SUA EQUIPE, QUE RESULTOU NA CONSQUISTA DE CORAÇÕES, CONSCIÊNCIAS E VOTOS".
UM ABRAÇO
EMILIA FERNANDES
DEPUTADA FEDERAL PT- RS
PRESIDENTA DO FÓRUM DE MULHERES DO MERCOSUL - CAPÍTULO BRASIL
A ALIMENTAÇÃO PASSA A INTEGRAR A CONSTITUIÇÃO FEDERAL, COMO UM DIREITO SOCIAL DO POVO BRASILEIRO E RESPONSABILIDADE CONJUNTA DOS GOVERNANTES EM TODOS OS NIVEIS,
PROGRAMAS DE COMBATE A FOME E DE DISTRIBUIÇÃO DE RENDA QUE JA RETIRARAM MAIS DE 20 MILHÕES DE PESSOAS DA EXTREMA POBREZA, EM NOSSO PAIS, AÇÕES DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA, MERENDA ESCOLAR DE QUALIDADE EM TODAS AS ESCOLAS DO PAÍS,PASSAM A SER POLÍTICA DE ESTADO, DA NAÇÃO BRASILEIRA.
"ESTA É UMA IMPORTANTE VITORIA DO POVO BRASILEIRO QUE SE MOBILIZOU DE NORTE A SUL DO PAIS, ESTIMULADO PELO TRABALHO SÉRIO E COMPROMETIDO DO CONSEA - CONSELHO NACIONAL DE SEGURANÇA ALIMENTAR COM O APOIO DO GOVERNO FEDERAL E A SENSIBILIDADE DO PARLAMENTO BRASILEIRO QUE RESPONDEU AO CLAMOR NACIONAL E APROVOU A ALIMENTAÇÃO COM UM DIREITO DE TODAS AS PESSOAS, AFIRMOU A DEPUTADA EMILIA FERNANDES.
E ACRESCENTOU, SEI QUE FIZ A MINHA PARTE, NA DEFESA DESSA BANDEIRA DE LUTA, QUE ABRACEI DESDE O PRIMEIRO DIA DO MEU MANDATO DE DEPUTADA FEDERAL", MAS OS NOSSOS APLAUSOS SÃO REALMENTE PARA O CONSEA PELO COMPROMISSO INCANSÁVEL E CONTAGIANTE DE SEU PRESIDENTE RENATO MALUF E SUA EQUIPE, QUE RESULTOU NA CONSQUISTA DE CORAÇÕES, CONSCIÊNCIAS E VOTOS".
UM ABRAÇO
EMILIA FERNANDES
DEPUTADA FEDERAL PT- RS
PRESIDENTA DO FÓRUM DE MULHERES DO MERCOSUL - CAPÍTULO BRASIL
sábado, 13 de fevereiro de 2010
SERRA EM MAUS LENCÓIS
Dois artigos da Folha, pode?
É que a coisa anda mal para o Senhor Serra......
Inferno astral
RICARDO MELO
SÃO PAULO - José Serra está diante de uma decisão política dramática. Lideranças tucanas dão como favas contadas a sua candidatura à Presidência da República. Já falam em comparar a biografia do ex-militante da Ação Popular com a da ex-militante da VAR-Palmares e colocam Serra em um tour país afora e Estado adentro para ampliar sua visibilidade -com direito a Madonna e recadinhos via Twitter.
Os resultados, no entanto, têm sido magérrimos. As pesquisas eleitorais, todas elas, exibem Serra na descendente e Dilma lad eira acima. Aliados do tucano alegam que a trajetória atual era esperada, uma vez que Dilma é candidata assumida, tem o apoio de um campeão de popularidade e conta com a máquina federal. Já os rivais veem uma tendência irresistível a favor da petista.
De todo modo, os lances mais recentes do xadrez eleitoral são desfavoráveis ao governador. O presidente do PSDB, Sergio Guerra, adora falar, mas, quando fala, gela a espinha dos correligionários. A entrada em cena do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se fez algum barulho, irritou os tucanos que aceitam tudo, menos o que o FHC propôs: o tal debate plebiscitário com o governo Lula. No Congresso, a refrega mostra-se previsível e desanimadora, com oposição e governo trocando xingamentos.
Num cenário em que inclusive a meteorologia parece atrapalhar, Serra tem cada vez menos tempo para escolher entre uma possível reele ição estadual e o imponderável no plano nacional. Além dos números das pesquisas; da água que sobra na propaganda da Sabesp, mas falta nas torneiras de contribuintes; e da fragilidade do discurso do partido que o abriga, não escapa ao governador o fato de que o principal aliado do PSDB, o DEM, carrega o fardo de um megaescândalo de Brasília.
Serra nunca foi daqueles de ir para o sacrifício "em nome do partido", até porque um partido como o PSDB nunca faria isso por ele ou qualquer de seus caciques. Não será surpresa se, na hora H, o refúgio dos Bandeirantes falar mais alto.
Nos ombros de Serra
JANIO DE FREITAS
FHC, Sérgio Guerra e Tasso caíram na esparrela de Lula; quem pagará outra vez é o governador de São Paulo
POR MAIS QUE Lula avisasse do seu desejo de confronto plebiscitário com o PSDB, ainda assim Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Guerra, presidente do partido, e Tasso Jereissati caíram na esparrela -e quem vai pagar outra vez por ideias que nunca teve é José Serra.
Uma das causas da limitação eleitoral de Serra em 2002 foi não expor sua divergência frontal com a política econômica anticrescimento de Fernando Henrique, só apoiada pelas classes alta e média alta (o que ficou um tanto esquecido). Com tal cautela, Serra omitiu de sua campanha os temas de maior interesse do eleitorado, que eram sua pretendida política econômica e os projetos sociais. Enquanto Lula aproveitou e explorou os dois temas por si e por Serra. Só de novos empregos seriam 10 milhões, e nem é possível lembrar de quantas reformas .
Ainda que da fraude à realidade seja o mesmo que da campanha ao governo, os feitos do governo Lula, atabalhoados e descriteriosos embora, deixam o governo de Fernando Henrique sem condições reais de comparação. Nem mesmo com os truques de inverdade desvendados na Folha por Gustavo Patu.
É, porém, com essa imensidão de incomparáveis que Fernando Henrique e seus dois acompanhantes identificam Serra para o eleitorado. E já o compelem a adotar na campanha, porque Lula e Dilma Rousseff não abandonam mais esse presente, o papel em que os três caíram. Então, ou Serra se omite outra vez e será criticado pelos próprios companheiros-candidatos do PSDB, ou pespega na testa corresponsabilidades que não tem e por muito de que discordava mesmo.
São notórias a velha competição entre Fernando Henrique e Serra, a relação muito prec ária entre Tasso Jereissati e Serra, e o desagrado de Sérgio Guerra com a maneira como Serra impôs sua (pré?) candidatura. Mas a mesma bomba duas vezes sobre a mesma vítima é um tanto excessivo. Inclusive porque José Serra parece não saber o que fazer.
Umazinha
Por falar em Serra, quando ele se queixa está, quase sempre, fora do tom e do momento. Sua queixa contra a insistência da TV Brasil, sobre o que diria da falta de água para 750 mil paulistanos, esqueceu-se de que a pergunta era incômoda, mas compensava um pouco o protetor silêncio de tantos meios de comunicação a respeito. Como de outras perversas sequelas, ainda tão vivas como sofrimento, das últimas semanas em São Paulo.
É que a coisa anda mal para o Senhor Serra......
Inferno astral
RICARDO MELO
SÃO PAULO - José Serra está diante de uma decisão política dramática. Lideranças tucanas dão como favas contadas a sua candidatura à Presidência da República. Já falam em comparar a biografia do ex-militante da Ação Popular com a da ex-militante da VAR-Palmares e colocam Serra em um tour país afora e Estado adentro para ampliar sua visibilidade -com direito a Madonna e recadinhos via Twitter.
Os resultados, no entanto, têm sido magérrimos. As pesquisas eleitorais, todas elas, exibem Serra na descendente e Dilma lad eira acima. Aliados do tucano alegam que a trajetória atual era esperada, uma vez que Dilma é candidata assumida, tem o apoio de um campeão de popularidade e conta com a máquina federal. Já os rivais veem uma tendência irresistível a favor da petista.
De todo modo, os lances mais recentes do xadrez eleitoral são desfavoráveis ao governador. O presidente do PSDB, Sergio Guerra, adora falar, mas, quando fala, gela a espinha dos correligionários. A entrada em cena do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se fez algum barulho, irritou os tucanos que aceitam tudo, menos o que o FHC propôs: o tal debate plebiscitário com o governo Lula. No Congresso, a refrega mostra-se previsível e desanimadora, com oposição e governo trocando xingamentos.
Num cenário em que inclusive a meteorologia parece atrapalhar, Serra tem cada vez menos tempo para escolher entre uma possível reele ição estadual e o imponderável no plano nacional. Além dos números das pesquisas; da água que sobra na propaganda da Sabesp, mas falta nas torneiras de contribuintes; e da fragilidade do discurso do partido que o abriga, não escapa ao governador o fato de que o principal aliado do PSDB, o DEM, carrega o fardo de um megaescândalo de Brasília.
Serra nunca foi daqueles de ir para o sacrifício "em nome do partido", até porque um partido como o PSDB nunca faria isso por ele ou qualquer de seus caciques. Não será surpresa se, na hora H, o refúgio dos Bandeirantes falar mais alto.
Nos ombros de Serra
JANIO DE FREITAS
FHC, Sérgio Guerra e Tasso caíram na esparrela de Lula; quem pagará outra vez é o governador de São Paulo
POR MAIS QUE Lula avisasse do seu desejo de confronto plebiscitário com o PSDB, ainda assim Fernando Henrique Cardoso, Sérgio Guerra, presidente do partido, e Tasso Jereissati caíram na esparrela -e quem vai pagar outra vez por ideias que nunca teve é José Serra.
Uma das causas da limitação eleitoral de Serra em 2002 foi não expor sua divergência frontal com a política econômica anticrescimento de Fernando Henrique, só apoiada pelas classes alta e média alta (o que ficou um tanto esquecido). Com tal cautela, Serra omitiu de sua campanha os temas de maior interesse do eleitorado, que eram sua pretendida política econômica e os projetos sociais. Enquanto Lula aproveitou e explorou os dois temas por si e por Serra. Só de novos empregos seriam 10 milhões, e nem é possível lembrar de quantas reformas .
Ainda que da fraude à realidade seja o mesmo que da campanha ao governo, os feitos do governo Lula, atabalhoados e descriteriosos embora, deixam o governo de Fernando Henrique sem condições reais de comparação. Nem mesmo com os truques de inverdade desvendados na Folha por Gustavo Patu.
É, porém, com essa imensidão de incomparáveis que Fernando Henrique e seus dois acompanhantes identificam Serra para o eleitorado. E já o compelem a adotar na campanha, porque Lula e Dilma Rousseff não abandonam mais esse presente, o papel em que os três caíram. Então, ou Serra se omite outra vez e será criticado pelos próprios companheiros-candidatos do PSDB, ou pespega na testa corresponsabilidades que não tem e por muito de que discordava mesmo.
São notórias a velha competição entre Fernando Henrique e Serra, a relação muito prec ária entre Tasso Jereissati e Serra, e o desagrado de Sérgio Guerra com a maneira como Serra impôs sua (pré?) candidatura. Mas a mesma bomba duas vezes sobre a mesma vítima é um tanto excessivo. Inclusive porque José Serra parece não saber o que fazer.
Umazinha
Por falar em Serra, quando ele se queixa está, quase sempre, fora do tom e do momento. Sua queixa contra a insistência da TV Brasil, sobre o que diria da falta de água para 750 mil paulistanos, esqueceu-se de que a pergunta era incômoda, mas compensava um pouco o protetor silêncio de tantos meios de comunicação a respeito. Como de outras perversas sequelas, ainda tão vivas como sofrimento, das últimas semanas em São Paulo.
Lula: Governar um país é tratar todos com igualdade
Lula: Governar um país é tratar todos com igualdade
Disposto a não deixar sem resposta insinuações de políticos que fazem oposição ao seu governo, o presidente Lula afirmou na última sexta-feira (12), durante inauguração das obras da Barragem do Ribeirão João Leite, em Goiânia (GO), que nunca discriminou governadores de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul, estados comandados pelo PSDB. Ele lembrou, como exemplos, a compra do Nossa Caixa, em São Paulo.
Lula pediu para que os prefeitos fossem indagados sobre como eram tratados no passado e no momento atual. Lula explicou que no passado só recebiam recursos do governo aqueles políticos ligados aos partidos aliados.
O presidente Lula citou como exemplo o governador de Goiás, Alcides Rodrigues, para explicar que na campanha em 2006 apoiou o ex-governador Maguito Vilela. Porém, ao ser eleito, o presidente manteve o canal de entendimento com Rodrigues, não lhe recusando recusos para obras em Goiás. E a inauguração da barragem, segundo o presidente, é outra confirmação de que “governar um país é tratar todos com igualdade”.
"Perguntem ao companheiro Alcides se faltou para ele um centavo que Goiás tivesse direito e que tivesse projeto? Aliás, deveriam perguntar para o outro se ele quando governador de um partido de oposição, se faltou dinheiro? Perguntem aos governadores de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul. Não é assim que se governa um país. Governar um país não é criar um grupo de amigos mas tratá-los todos em igualdades de condições", enfatizou.
O presidente Lula afirmou que uma das vertentes de sua administração é o investimento em saneamento básico. Alguns obstáculos enfrentados devem-se ao fato de o Brasil ter ficado mais de 25 anos sem investimentos em infraestrutura.
Lula lamentou o excesso causado pela legislação para liberar obras no país e afirmou que vai se mobilizar para tornar a legislação mais funcional – pediu para isso ajuda aos parlamentares. Lembrou ainda os entraves que existem para as obras do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mas garantiu que tão logo os problemas estejam sanados, irá pedir pressa na construção.
Disposto a não deixar sem resposta insinuações de políticos que fazem oposição ao seu governo, o presidente Lula afirmou na última sexta-feira (12), durante inauguração das obras da Barragem do Ribeirão João Leite, em Goiânia (GO), que nunca discriminou governadores de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul, estados comandados pelo PSDB. Ele lembrou, como exemplos, a compra do Nossa Caixa, em São Paulo.
Lula pediu para que os prefeitos fossem indagados sobre como eram tratados no passado e no momento atual. Lula explicou que no passado só recebiam recursos do governo aqueles políticos ligados aos partidos aliados.
O presidente Lula citou como exemplo o governador de Goiás, Alcides Rodrigues, para explicar que na campanha em 2006 apoiou o ex-governador Maguito Vilela. Porém, ao ser eleito, o presidente manteve o canal de entendimento com Rodrigues, não lhe recusando recusos para obras em Goiás. E a inauguração da barragem, segundo o presidente, é outra confirmação de que “governar um país é tratar todos com igualdade”.
"Perguntem ao companheiro Alcides se faltou para ele um centavo que Goiás tivesse direito e que tivesse projeto? Aliás, deveriam perguntar para o outro se ele quando governador de um partido de oposição, se faltou dinheiro? Perguntem aos governadores de São Paulo, Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul. Não é assim que se governa um país. Governar um país não é criar um grupo de amigos mas tratá-los todos em igualdades de condições", enfatizou.
O presidente Lula afirmou que uma das vertentes de sua administração é o investimento em saneamento básico. Alguns obstáculos enfrentados devem-se ao fato de o Brasil ter ficado mais de 25 anos sem investimentos em infraestrutura.
Lula lamentou o excesso causado pela legislação para liberar obras no país e afirmou que vai se mobilizar para tornar a legislação mais funcional – pediu para isso ajuda aos parlamentares. Lembrou ainda os entraves que existem para as obras do Aeroporto Santa Genoveva, em Goiânia, mas garantiu que tão logo os problemas estejam sanados, irá pedir pressa na construção.
SEM VETOS
SEM VETOS
Só não publicaria xingações e ataques pessoas.
É claro que eu gostaria que os posts não fossem anônimos, com e-mails de preferência, até para proporcionar um bom debate.
Mas não veto não....
Estou é com atraso em respostas aos meus e-mails e blog, mas estou aproveitando o Carnaval para me colocar em dia.
Afnal, tive alguns dias de muito tumulto. Assumi agora a presidencia do PT de Porto Alegre e problemas não me faltam e não me faltarão
Mas eu tenho certeza de que todos os que acreditam em meu trabalho, vão me ajudar.
Sou um lutador da democracia.
Livre pensar é sempre bem pensar. Pode-se até errar. E muitos erram ao atacar boas causas sociais, direitos humanos, direitos de bichos, defesa ambiental.
Um dia pagaremos cara esta conta, com juros e correção monetária.
Viva a democracia.
Bom carnaval
Só não publicaria xingações e ataques pessoas.
É claro que eu gostaria que os posts não fossem anônimos, com e-mails de preferência, até para proporcionar um bom debate.
Mas não veto não....
Estou é com atraso em respostas aos meus e-mails e blog, mas estou aproveitando o Carnaval para me colocar em dia.
Afnal, tive alguns dias de muito tumulto. Assumi agora a presidencia do PT de Porto Alegre e problemas não me faltam e não me faltarão
Mas eu tenho certeza de que todos os que acreditam em meu trabalho, vão me ajudar.
Sou um lutador da democracia.
Livre pensar é sempre bem pensar. Pode-se até errar. E muitos erram ao atacar boas causas sociais, direitos humanos, direitos de bichos, defesa ambiental.
Um dia pagaremos cara esta conta, com juros e correção monetária.
Viva a democracia.
Bom carnaval
Um líder, sem liderados, por Adão Villaverde*
ZH - ARTIGOS
12 de fevereiro de 2010
Um líder, sem liderados, por Adão Villaverde*
O professor FHC, “príncipe da sociologia”, como é reconhecido pelos seus próprios parceiros de cátedra, distribuiu, de forma articulada para toda a imprensa nacional, um artigo intitulado “Sem medo do passado”, onde busca um intencional reducionismo da gestão de Lula, hoje reconhecida nacional e internacionalmente, e coloca na sua esteira seu objetivo central, que é a desqualificação da ministra Dilma.
Talvez, de um lado, impactado pelas últimas pesquisas, que revelam uma enorme popularidade e confiança no governo do presidente Lula e, de outro, angustiado e incomodado por nenhum autêntico representante do tucanato estar, até então, defendendo seu período de governo. O ex-presidente jogou-se numa ação similar à batalha de Dom Quixote contra os Moinhos de Vento, num nítido movimento de um líder no ostracismo, enquanto os ventos da era Lula sopram de forma indiscutivelmente intensa, em sentido contrário ao seu período.
Uma análise desapaixonada e mais rigorosa de seu pronunciamento revela ausência de rumo e total desespero. Sem rumo porque há muito tempo o PSDB abandonou o debate de projeto e de conteúdo para o país, pois sua visão passou à história como um modelo que paralisou o desenvolvimento, excluiu socialmente e implementou a subordinação e a dependência sem nenhuma teoria, renunciando sua tese máxima da “Teoria da dependência”, como, aliás, o fez com muitas outras. Desespero porque vê a nação retomar o crescimento e desenvolvimento, mesmo em meio à brutal crise mundial do modelo neoliberal mercantil-desregulado, ao mesmo tempo em que as funções públicas de Estado estão sendo recuperadas como condição mínima de reparo aos danos causados por sua própria era no poder.
Tudo isto é amplificado quando o próprio prócer da sociologia, a cada ano eleitoral, é evitado e criticado por seus próprios parceiros. E ainda o presidente Lula é reconhecido mundialmente como “personalidade global”.
Daí decorrem as desequilibradas e desproporcionais reações que o alto de sua arrogância e prepotência não são capazes de suportar. Ainda mais que sua alternativa é o mesmo governador paulista que submergiu recentemente com a gestão tucana nas enchentes naquele Estado e que, em 2002, antes de Lula derrotá-lo, cunhou a máxima: “a política cambial de FHC foi um desastre total. Suas consequências foram devastadoras em muitas áreas da economia, inclusive comprometendo as metas do processo de privatização”.
Portanto, à semelhança com Quixote, que ao descolar sua consciência da realidade criou seu mundo imaginário, a FHC restam as ilusões de um líder, sem liderados.
*Professor, engenheiro e deputado estadual PT/RS
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Adeli Sell assume presidência do PT em Porto Alegre
Defendendo o trabalho, a ética e a coragem, o vereador Adeli Sell tomou posse na noite desta quinta-feira (11/02) como o novo presidente do PT de Porto Alegre. Com a presença de líderes comunitários, do partido e militantes de base, o novo dirigente da sigla afirmou que sua gestão deverá primar pela mudança para os novos tempos."Temos que avançar com firmeza nos princípios, grandeza na compreensão das complexidades e das diferenças", registrou.
Ver. Mauro Pineiro prestigia a posse Lider da bancada Ver. Comassetto
Estiveram presentes todos os colegas da Bancada, os vereadores Mauro Pinheiro, Eng. Comassetto, Aldacir Oliboni, Maria Celeste, Sofia Cavedon e Carlos Todeschini, o Deputado Estadual Adão Villaverde, a Deputada Federal Maria do Rosário e o Secretário de Educação Profissional e Tecnologia do MEC, Elieser Pacheco.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
Balanço Geral e os palhaços da Câmara de Vereadores
Reproduzo na íntegra o e-mail enviado pela senhora Maria Tereza à todos os vereadores sobre o programa Balanço Geral e a conivencia de alguns vereadores:
Prezados senhores vereadores
Não sei como os nobres vereadores se deixam ridicularizar por um programa de tv. A imagem dos políticos não é boa. No senso comum, TODOS os políticos são safados, corruptos e só se interessam por aquilo que ira trazer benefício eleitoral e/ou financeiro a eles. Pelo menos nos últimos 10 anos em que acompanho a camara de Porto Alegre, não vi nenhum caso de corrupção, ou pelo menos não veio a público. O que a record e esse pretenso jornalista Sacomori, fazem é um absurdo. Denigrem a imagem do legislativo municipal e os srs ainda aplaudem. Pior que isso, participam desta palhaçada. Ajudam a afundar cada vez mais a imagem daqueles políticos que se interessam em resolver os problemas da sociedade. Não consigo entender por que no afã de aparecer uns minutinhos na TV os senhores se submetem ao picadeiro do Circo Sacomori. Senhores vereadores e vereadoras, lugar de palhaços não é nos legislativos. DEFINAM SEUS PAPEIS! Esse ano tem eleição e com certeza, não irei querer a Assembléia como picadeiro de palhaços.
Maria Tereza
Respondo:
Maria,
Palhaço, mau caráter e jornalista de quinta categoria é o senhor saconmory, a quem jamais vou dar uma entrevista. Nem morto. Eu nunca falto, trabalho integralmente meu mandato, dou o melhor de mim para cumprir meu mandato, me viro em dez. Não será este sujeito que vai me pautar. Estou constituíndo um advogado para processar esse mau caráter e a record. Abraços e obrigado pela cobrança.
Adeli Sell
Vereador do PT Porto Alegre
Prezados senhores vereadores
Não sei como os nobres vereadores se deixam ridicularizar por um programa de tv. A imagem dos políticos não é boa. No senso comum, TODOS os políticos são safados, corruptos e só se interessam por aquilo que ira trazer benefício eleitoral e/ou financeiro a eles. Pelo menos nos últimos 10 anos em que acompanho a camara de Porto Alegre, não vi nenhum caso de corrupção, ou pelo menos não veio a público. O que a record e esse pretenso jornalista Sacomori, fazem é um absurdo. Denigrem a imagem do legislativo municipal e os srs ainda aplaudem. Pior que isso, participam desta palhaçada. Ajudam a afundar cada vez mais a imagem daqueles políticos que se interessam em resolver os problemas da sociedade. Não consigo entender por que no afã de aparecer uns minutinhos na TV os senhores se submetem ao picadeiro do Circo Sacomori. Senhores vereadores e vereadoras, lugar de palhaços não é nos legislativos. DEFINAM SEUS PAPEIS! Esse ano tem eleição e com certeza, não irei querer a Assembléia como picadeiro de palhaços.
Maria Tereza
Respondo:
Maria,
Palhaço, mau caráter e jornalista de quinta categoria é o senhor saconmory, a quem jamais vou dar uma entrevista. Nem morto. Eu nunca falto, trabalho integralmente meu mandato, dou o melhor de mim para cumprir meu mandato, me viro em dez. Não será este sujeito que vai me pautar. Estou constituíndo um advogado para processar esse mau caráter e a record. Abraços e obrigado pela cobrança.
Adeli Sell
Vereador do PT Porto Alegre
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Nós e nossa memória, por Ivan Izquierdo *
Nós e nossa memória, por Ivan Izquierdo *
O filósofo Norberto Bobbio disse uma vez que “somos o que recordamos”. Somos aquilo de que guardamos memória; não somos mais aquilo que esquecemos, nem podemos ser o que ainda não conhecemos. O que já desapareceu de nosso cérebro, ou aquilo que nunca esteve nele, não é nosso. Por isso é tão desolador perder memórias, e nos preocupa tanto: porque perdemos parte do que nos pertence, parte de nós.
Não é bom, porém, lembrar de tudo, todo o tempo. Mas uma coisa é não lembrar algo; outra é perdê-lo. Não gostamos de lembrar situações ruins, mas não podemos nos dar ao luxo de apagá-las completamente. Não é bom lembrar todo o tempo da vez que um ônibus quase nos atropela; mas é importante ter essa memória presente cada vez que devemos atravessar a rua, para olhar para os lados, prestar atenção. A memória de um perigo nos serve para evitar outros, ou para não repetir o mesmo. Lembrar das histórias sobre tigres nos ajuda a não botar os dedos na gaiola.
Algumas memórias, porém, devemos perder para poder funcionar na vida diária. Um personagem de Borges, Funes o Memorioso, era capaz de lembrar um dia inteiro de sua vida, mas para isso precisava outro dia inteiro de sua vida, até o último milissegundo. Esse conto é usado habitualmente como demonstração de que a memória perfeita não existe. E ainda bem que é assim, porque seria prejudicial para nós lembrar de uma namorada antiga quando estamos prestes a beijar a atual.
Existe um equilíbrio entre o que é preciso guardar ou esquecer. O cérebro sabe disso; nos faz lembrar o que realmente é importante, e nos permite descartar o que não é necessário. Por meio de pesquisas, verificamos que essa função melhora depois dos 40, ou seja, aproximadamente na metade da nossa expectativa de vida. A função de “descarte” mede-se pelo esquecimento de informações tidas como triviais: dados sobre filmes vistos na TV uma ou mais semanas atrás. Nossa memória madura descarta o trivial, mas lembra do importante.
Quando o cérebro começa a esquecer do importante, seja em qual idade for, é bom consultar um neurologista. Pode estar acontecendo algum transtorno da memória e, se for o caso, será útil tratá-lo. A distinção entre o esquecimento corriqueiro, benigno (onde deixei as chaves e onde estacionei o carro?), e a amnésia que requer tratamento (esse aí é meu filho?), quando não é óbvia, deve ser deixada nas mãos de um profissional.
* Pesquisador do Centro de Memória, no Instituto do Cérebro da PUCRS
O filósofo Norberto Bobbio disse uma vez que “somos o que recordamos”. Somos aquilo de que guardamos memória; não somos mais aquilo que esquecemos, nem podemos ser o que ainda não conhecemos. O que já desapareceu de nosso cérebro, ou aquilo que nunca esteve nele, não é nosso. Por isso é tão desolador perder memórias, e nos preocupa tanto: porque perdemos parte do que nos pertence, parte de nós.
Não é bom, porém, lembrar de tudo, todo o tempo. Mas uma coisa é não lembrar algo; outra é perdê-lo. Não gostamos de lembrar situações ruins, mas não podemos nos dar ao luxo de apagá-las completamente. Não é bom lembrar todo o tempo da vez que um ônibus quase nos atropela; mas é importante ter essa memória presente cada vez que devemos atravessar a rua, para olhar para os lados, prestar atenção. A memória de um perigo nos serve para evitar outros, ou para não repetir o mesmo. Lembrar das histórias sobre tigres nos ajuda a não botar os dedos na gaiola.
Algumas memórias, porém, devemos perder para poder funcionar na vida diária. Um personagem de Borges, Funes o Memorioso, era capaz de lembrar um dia inteiro de sua vida, mas para isso precisava outro dia inteiro de sua vida, até o último milissegundo. Esse conto é usado habitualmente como demonstração de que a memória perfeita não existe. E ainda bem que é assim, porque seria prejudicial para nós lembrar de uma namorada antiga quando estamos prestes a beijar a atual.
Existe um equilíbrio entre o que é preciso guardar ou esquecer. O cérebro sabe disso; nos faz lembrar o que realmente é importante, e nos permite descartar o que não é necessário. Por meio de pesquisas, verificamos que essa função melhora depois dos 40, ou seja, aproximadamente na metade da nossa expectativa de vida. A função de “descarte” mede-se pelo esquecimento de informações tidas como triviais: dados sobre filmes vistos na TV uma ou mais semanas atrás. Nossa memória madura descarta o trivial, mas lembra do importante.
Quando o cérebro começa a esquecer do importante, seja em qual idade for, é bom consultar um neurologista. Pode estar acontecendo algum transtorno da memória e, se for o caso, será útil tratá-lo. A distinção entre o esquecimento corriqueiro, benigno (onde deixei as chaves e onde estacionei o carro?), e a amnésia que requer tratamento (esse aí é meu filho?), quando não é óbvia, deve ser deixada nas mãos de um profissional.
* Pesquisador do Centro de Memória, no Instituto do Cérebro da PUCRS
Caros generais, almirantes e brigadeiros
Caros generais, almirantes e brigadeiros
Marcelo Rubens Paiva
Eu ia dizer "caros milicos". Não sei se é um termo ofensivo. Estigmatizado é. Preciso enumerar as razões?
Parte da sociedade civil quer rever a Lei da Anistia. Sugeriram a Comissão da Verdade, no desastroso Programa Nacional de Direitos Humanos, que Lula assinou sem ler. Vocês ameaçaram abandonar o governo, caso fosse aprovado.
Na Argentina, Espanha, Portugal, Chile, a anistia a militares envolvidos em crimes contra a humanidade foi revista. Há interesse para uma democracia em purificar o passado.
Aqui, teimam em não abrir mão do perdão. E têm aliados fortes, como o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que apesar de civil apareceu num patético uniforme de combate na volta do Haiti. Parecia um clown.
Vocês pertencem a uma nova geração de generais, almirantes, tenentes-brigadeiros. Eram jovens durante a ditadura. Devem ter navegado na contracultura, dançado Raul Seixas, tropicalistas. Usaram cabelos compridos, jeans desbotados? Namoraram ouvindo bossa nova? Assistiram aos filmes do cinema novo?
Sabemos que quem mais sofreu repressão depois do Golpe de 64 foram justamente os militares. Muitos foram presos e cassados. Havia até uma organização guerrilheira, a VPR, composta só por militares contra o regime.
Por que abrigar torturadores? Por que não colocá-los num banco de réus, um Tribunal de Nuremberg? Por que não limpar a fama da corporação? Não se comparem a eles. Não devem nada a eles, que sujaram o nome das Forças Armadas. Vocês devem seguir uma tradição que nos honra, garantiu a República, o fim da ditadura de Getúlio, depois de combater os nazistas, e que hoje lidera a campanha no Haiti.
Sei que nossa relação, que começou quando eu tinha cinco anos, foi contaminada por abusos e absurdos. Culpa da polarização ideológica da época.
Seus antecessores cassaram o meu pai, deputado federal de 34 anos, no Golpe de 64, logo no primeiro Ato Institucional. Pois ele era relator de uma CPI que investigava o dinheiro da CIA para a preparação do golpe, interrogou militares, mostrou cheques depositados em contas para financiar a campanha anticomunista. Sabiam que meu pai nem era comunista?
Ele tentou fugir de Brasília, quando cercaram a cidade. Entrou num teco-teco, decolou, mas ameaçaram derrubar o avião. Ele pousou, saltou do avião ainda em movimento e correu pelo cerrado, sob balas.
Pulou o muro da embaixada da Iugoslávia e lá ficou, meses, até receber o salvo-conduto e se exilar. Passei meu aniversário de cinco anos nessa embaixada. Festão. Achávamos que a ditadura não ia durar. Que ironia...
Da Europa, meu pai enviou uma emocionante carta aos filhos, explicando o que tinha acontecido. Chamava alguns de vocês de "gorilas". Ri muito quando a recebi.
Ainda era 1964, a família imaginava que fosse preciso partir para o exílio e se juntar na França, quando ele entrou clandestinamente no Brasil.
Num voo para o Uruguai, que fazia escala no Rio, pediu para comprar cigarros e cruzou portas, até cair na rua, pegar um táxi e aparecer de surpresa em casa. Naquela época, o controle de passageiros era amador. Mas veio a luta armada, os primeiros sequestros, e atuavam justamente os filhos dos amigos e seus eleitores – ele foi eleito deputado em 1962 pelos estudantes.
A barra pesou com o AI-5, a repressão caiu matando, e muitos vinham pedir abrigo, grana para fugir. Ele conhecia rotas de fuga. Tinha um aviãozinho. Fernando Gasparian, o melhor amigo dele, sabia que ambos estavam sendo seguidos e fugiu para a Inglaterra. Alertou o meu pai, que continuou no País.
Em 20 de janeiro de 1971, feriado, deu praia. Alguns de vocês invadiram a nossa casa de manhã, apontaram metralhadoras. Depois, se acalmaram.
Ficamos com eles 24 horas. Até jogamos baralho. Não pareciam assustadores. Não tive medo. Eram tensos, mas brasileiros normais. Levaram o meu pai, minha mãe e minha irmã Eliana, de 14 anos. Ele foi torturado e morto na dependência de vocês. A minha mãe ficou presa por 13 dias, e minha irmã, um dia.
Sumiram com o corpo dele, inventaram uma farsa (a de que ele tinha fugido) e não se falou mais no assunto.
Quando, aos 17 anos, fui me alistar na sede do Segundo Exército, vivi a humilhação de todos os moleques: nos obrigaram a ficar nus e a correr pelo campo. Era inverno.
Na ficha, eu deveria preencher se o pai era vivo ou morto. Na época, varão de família era dispensado. Não havia espaço para "desaparecido". Deixei em branco.
Levei uma dura do oficial. Não resisti: "Vocês devem saber melhor do que eu se está vivo." Silêncio na sala. Foram consultar um superior. Voltaram sem graça, carimbaram a minha ficha, "dispensado", e saí de lá com a alma lavada.
Então, só em 1996, depois de um decreto-lei do Fernando Henrique, amigo de pôquer do meu pai, o Governo Brasileiro assumiu a responsabilidade sobre os desaparecidos e nos entregou um atestado de óbito.
Até hoje não sabemos o que aconteceu, onde o enterraram e por quê? Meu pai era contra a luta armada. Sabemos que antes de começarem a sessão de tortura, o Brigadeiro Burnier lhe disse: "Enfim, deputadozinho, vamos tirar nossas diferenças."
Isso tudo já faz quase 40 anos. A Lei da Anistia, aprovada ainda durante a ditadura, com um Congresso engessado pelo Pacote de Abril, senadores biônicos, não eleitos pelo povo, garante o perdão aos colegas de vocês que participaram da tortura.
Qual o sentido de ter torturadores entre seus pares? Livrem-se deles. Coragem.
Marcelo Rubens Paiva
Eu ia dizer "caros milicos". Não sei se é um termo ofensivo. Estigmatizado é. Preciso enumerar as razões?
Parte da sociedade civil quer rever a Lei da Anistia. Sugeriram a Comissão da Verdade, no desastroso Programa Nacional de Direitos Humanos, que Lula assinou sem ler. Vocês ameaçaram abandonar o governo, caso fosse aprovado.
Na Argentina, Espanha, Portugal, Chile, a anistia a militares envolvidos em crimes contra a humanidade foi revista. Há interesse para uma democracia em purificar o passado.
Aqui, teimam em não abrir mão do perdão. E têm aliados fortes, como o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que apesar de civil apareceu num patético uniforme de combate na volta do Haiti. Parecia um clown.
Vocês pertencem a uma nova geração de generais, almirantes, tenentes-brigadeiros. Eram jovens durante a ditadura. Devem ter navegado na contracultura, dançado Raul Seixas, tropicalistas. Usaram cabelos compridos, jeans desbotados? Namoraram ouvindo bossa nova? Assistiram aos filmes do cinema novo?
Sabemos que quem mais sofreu repressão depois do Golpe de 64 foram justamente os militares. Muitos foram presos e cassados. Havia até uma organização guerrilheira, a VPR, composta só por militares contra o regime.
Por que abrigar torturadores? Por que não colocá-los num banco de réus, um Tribunal de Nuremberg? Por que não limpar a fama da corporação? Não se comparem a eles. Não devem nada a eles, que sujaram o nome das Forças Armadas. Vocês devem seguir uma tradição que nos honra, garantiu a República, o fim da ditadura de Getúlio, depois de combater os nazistas, e que hoje lidera a campanha no Haiti.
Sei que nossa relação, que começou quando eu tinha cinco anos, foi contaminada por abusos e absurdos. Culpa da polarização ideológica da época.
Seus antecessores cassaram o meu pai, deputado federal de 34 anos, no Golpe de 64, logo no primeiro Ato Institucional. Pois ele era relator de uma CPI que investigava o dinheiro da CIA para a preparação do golpe, interrogou militares, mostrou cheques depositados em contas para financiar a campanha anticomunista. Sabiam que meu pai nem era comunista?
Ele tentou fugir de Brasília, quando cercaram a cidade. Entrou num teco-teco, decolou, mas ameaçaram derrubar o avião. Ele pousou, saltou do avião ainda em movimento e correu pelo cerrado, sob balas.
Pulou o muro da embaixada da Iugoslávia e lá ficou, meses, até receber o salvo-conduto e se exilar. Passei meu aniversário de cinco anos nessa embaixada. Festão. Achávamos que a ditadura não ia durar. Que ironia...
Da Europa, meu pai enviou uma emocionante carta aos filhos, explicando o que tinha acontecido. Chamava alguns de vocês de "gorilas". Ri muito quando a recebi.
Ainda era 1964, a família imaginava que fosse preciso partir para o exílio e se juntar na França, quando ele entrou clandestinamente no Brasil.
Num voo para o Uruguai, que fazia escala no Rio, pediu para comprar cigarros e cruzou portas, até cair na rua, pegar um táxi e aparecer de surpresa em casa. Naquela época, o controle de passageiros era amador. Mas veio a luta armada, os primeiros sequestros, e atuavam justamente os filhos dos amigos e seus eleitores – ele foi eleito deputado em 1962 pelos estudantes.
A barra pesou com o AI-5, a repressão caiu matando, e muitos vinham pedir abrigo, grana para fugir. Ele conhecia rotas de fuga. Tinha um aviãozinho. Fernando Gasparian, o melhor amigo dele, sabia que ambos estavam sendo seguidos e fugiu para a Inglaterra. Alertou o meu pai, que continuou no País.
Em 20 de janeiro de 1971, feriado, deu praia. Alguns de vocês invadiram a nossa casa de manhã, apontaram metralhadoras. Depois, se acalmaram.
Ficamos com eles 24 horas. Até jogamos baralho. Não pareciam assustadores. Não tive medo. Eram tensos, mas brasileiros normais. Levaram o meu pai, minha mãe e minha irmã Eliana, de 14 anos. Ele foi torturado e morto na dependência de vocês. A minha mãe ficou presa por 13 dias, e minha irmã, um dia.
Sumiram com o corpo dele, inventaram uma farsa (a de que ele tinha fugido) e não se falou mais no assunto.
Quando, aos 17 anos, fui me alistar na sede do Segundo Exército, vivi a humilhação de todos os moleques: nos obrigaram a ficar nus e a correr pelo campo. Era inverno.
Na ficha, eu deveria preencher se o pai era vivo ou morto. Na época, varão de família era dispensado. Não havia espaço para "desaparecido". Deixei em branco.
Levei uma dura do oficial. Não resisti: "Vocês devem saber melhor do que eu se está vivo." Silêncio na sala. Foram consultar um superior. Voltaram sem graça, carimbaram a minha ficha, "dispensado", e saí de lá com a alma lavada.
Então, só em 1996, depois de um decreto-lei do Fernando Henrique, amigo de pôquer do meu pai, o Governo Brasileiro assumiu a responsabilidade sobre os desaparecidos e nos entregou um atestado de óbito.
Até hoje não sabemos o que aconteceu, onde o enterraram e por quê? Meu pai era contra a luta armada. Sabemos que antes de começarem a sessão de tortura, o Brigadeiro Burnier lhe disse: "Enfim, deputadozinho, vamos tirar nossas diferenças."
Isso tudo já faz quase 40 anos. A Lei da Anistia, aprovada ainda durante a ditadura, com um Congresso engessado pelo Pacote de Abril, senadores biônicos, não eleitos pelo povo, garante o perdão aos colegas de vocês que participaram da tortura.
Qual o sentido de ter torturadores entre seus pares? Livrem-se deles. Coragem.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
ELEIÇÕES - O começo do jogo
O começo do jogo
O comentário de ontem estranhando a alta rejeição da ministra Dilma Rousseff nas recentes pesquisas, rejeição de certa forma inexplicável porque ele nunca se candidatou a cargo eletivo, mereceu do vereador porto-alegrense Adeli Sell (PT) um bom comentário. “A tua análise da Dilma é real. Mas tem um forte elemento que é a atuação e presença do Lula e do seu governo em geral, bem como a aceitação tanto de Lula quanto do governo”, diz ele.
“Eu tinha dúvidas, como todo militante sincero deveria ter, sobre o potencial eleitoral da ministra. Mas hoje vejo que ela tem boas chances. E se o vice for o Henrique Meireles vai ser mais fácil”. Adeli mostra neste comentário porque é respeitado. Não foge da raia enquanto outros militantes cochicham como aldeões inquietos à espreita de espíritos malignos.
Vale o mesmo para José Serra. Se Dilma não tem ginga, o governador paulista também não é exatamente um campeão de simpatia. Mas isso é assunto para outra hora.
DA NEWSLETTER DO FERNANDO ALBRECHT ----www.fernandoalbrecht.com.br
O comentário de ontem estranhando a alta rejeição da ministra Dilma Rousseff nas recentes pesquisas, rejeição de certa forma inexplicável porque ele nunca se candidatou a cargo eletivo, mereceu do vereador porto-alegrense Adeli Sell (PT) um bom comentário. “A tua análise da Dilma é real. Mas tem um forte elemento que é a atuação e presença do Lula e do seu governo em geral, bem como a aceitação tanto de Lula quanto do governo”, diz ele.
“Eu tinha dúvidas, como todo militante sincero deveria ter, sobre o potencial eleitoral da ministra. Mas hoje vejo que ela tem boas chances. E se o vice for o Henrique Meireles vai ser mais fácil”. Adeli mostra neste comentário porque é respeitado. Não foge da raia enquanto outros militantes cochicham como aldeões inquietos à espreita de espíritos malignos.
Vale o mesmo para José Serra. Se Dilma não tem ginga, o governador paulista também não é exatamente um campeão de simpatia. Mas isso é assunto para outra hora.
DA NEWSLETTER DO FERNANDO ALBRECHT ----www.fernandoalbrecht.com.br
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
A mudança no PT já começou
Nos últimos dias participei de agendas com importantes nomes da organização da luta em nosso partido, que estiveram em Porto Alegre por acasião do Fórum Social Mundial: Cida Abreu, Secretária Nacional de Combate ao Racismo, e Laisy Moriére, Secretária Nacional de Mulheres.
Aproveitei a vinda das companheiras para, junto com militantes locais, conversar sobre temas importantes de nosso partido.
Na pauta, propostas para mobilizar e incluir de forma protagonista setores que, muitas vezes, são chamados de minorias e convocados para a ação apenas em momentos eleitorais ou em datas ditas "comemorativas", como o dia de Zumbi dos Palmares ou o 8 de Março. Conversamos também sobre a a elaboração dos programas de governo de Tarso e Dilma, para o qual é fundamental a mobilização e contribuição destes dois setores, com suas propostas, nascidas da prática e da luta diária.
Uma discussão que precisamos tirar da papel e levar para nossa prática cotidiana é o respeito à cota de no mínimo 30% e no máximo 70% de companheiros de cada sexo em postos de direção e representação no partido, que muitas vezes não é respeitada.
Aliás, é importante saudar a atitude de aproximação das secretarias nacionais às setoriais, com vistas à construção partidária e aos programas de governo estaduais e nacional.
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