terça-feira, 21 de maio de 2013

Doces bárbaros: a fiel tradição da Maomé


Não fosse as ousadias, o que seria do mundo? O turco-otomano não teria chegado a Santa Cruz, no Sul do Brasil, avô do Antonio, Maria Teresinha, Vera, Ana, Leila, filhos de Maomé (Mohamad Harb). Nem teria este se encontrado com Dona Therezinha, de Cachoeira do Sul, com sangue italiano nas veias e doçura nas mãos de confeiteira.

Desde o encontro deles nas águas termais de Iraí suas famílias ficaram unidas pelos doces, até sua morte em 2000. E Dona Therezinha, para a nossa sorte, continua firme com seus doces bárbaros.

Alguns mais idosos se lembram dos Harb, em Cruz Alta, da da Bombonière Worthman, que o Maomé comprou, e esquentou tantas vezes o forno, embora tenha ousado e  se mandou para Porto Alegre.

Fiel por adesão ao catolicismo para estudar em Cruz Alta, pois o avô era muçulmano, resolveu alugar um local disponível no Salão Paroquial da Igreja Santa Teresinha. E de 77 até hoje está ali a Confeitaria Maomé, num prédio tombado pelo patrimônio histórico-cultural. Mas começou bem diferente, pasmem, porque começou com granito, mármore e, num cantinho, os doces. É que seu Maomé sempre gostou de mexer com construção também.

E foi a ambrosia caseira de Dona Therezinha, vendida na rua aos fiéis, que fez nascer a tradição dos doces bárbaros, nome que veio na onda da tropicália, pela ousadia de um publicitário, amigo da família.
Fidelização pela tradição, pela ética de fazer produto de qualidade e de bem atender que o negócio que era só da família, hoje emprega 30 pessoas, sendo que um antigo colaborador, Paulo, virou sócio. As gurias, menos a Maria, já falecida, estão nas suas profissões como arquiteta, nutricionista e odonto-pediatra.

Antonio, único filho homem, toca o projeto com a mãe, com o Paulo e seus colaboradores. Houve até tentativas de a Maomé tomar outros rumos, mas o retorno, a concentração, as melhorias e as mudanças só ajudaram a manter a tradição e o público fiel.

Poucas padarias e confeitarias abrem cedo para o café da manhã. A Maomé abre 360 dias por ano, das 8 às 8, com café matinal, almoço e chá da tarde a quilo. Além dos doces caseiros, as tortas de todos os tipos, têm os sanduíches e quiches, mais o bom e generoso café "gourmet". Tem vinhos de qualidade, cerveja da boa, e qualidade no atendimento.

Vi ali desde as vovós até as crianças, gerações que ajudam a manter a tradição e o jeito fiel de ser cliente Maomé.

Um comentário:

Confeitaria Maomé disse...

Lemos e relemos aqui na Confeitaria Maomé seu espirituoso texto e vi a sua vocação para tal empreendimento, no sentido de destacar ótimas oportunidades aos visitantes da nossa Porto Alegre, e ao estarmos inseridos no projeto, muito nos honra.


Parabéns e saudações de seu novo admirador