Artigo originalmente publicado no Sul 21
Lá se vão os anos. Revivendo nosso momento de fundação – comemorado no próximo domingo, dia 10 de fevereiro - me dou conta de que os fatos da atualidade atropelaram os sonhos do passado. O Brasil, da década de 80, ano da nossa consolidação, não existe mais. Hoje, somos outro País, com democracia, liberdade, avanços econômicos e menos desigualdades.
Se naquela época fazíamos panfletos em mimeógrafos para dizer “Fora FMI”, hoje disparamos e-mails e postamos no Facebook nosso apreço e auxílio às nações vizinhas. As resoluções partidárias que antes eram enviadas pelo Correio deram lugar às postagens em blogs e sites. Se falávamos em inflação, aumento do déficit público e crescimento da dívida externa e interna; hoje, no Twitter, festejamos patamares de primeiro mundo em no máximo 140 caracteres.
Trinta e três anos se passaram, nesse tempo elegemos além do primeiro operário presidente, a primeira mulher presidenta, deputados estaduais, federais, senadores, prefeitos e vereadores. Muitos se foram, outros se perderam pelo caminho, oportunistas e aventureiros se aproximaram, e o PT se transformou na maior experiência de luta, organização política dos trabalhadores e modelo para outros países.
O Brasil foi mudando e nós do PT também. Não abandonamos nossos sonhos de um mundo igualitário, possível, com inclusão social, sustentabilidade econômica, social e ambiental, mas optamos pelo caminho da união com alguns setores até conservadores, para poder fazer as mudanças que tanto o Brasil almejava.
A partir de metas ousadas, tiramos cerca de 40 milhões de brasileiros da miséria. Soubemos aliar equilíbrio financeiro com ampliação da oferta de serviços públicos à população e, ao mesmo tempo, colocamos em prática uma política de investimentos que tirou do discurso o potencial econômico do país sem descuidar do respeito ao meio ambiente. O Brasil não é mais o país do futuro, ele é o país do presente.
São mais de três décadas fazendo história. E não há quem faça história sem percalços, sem erros. Sabemos que ela muitas vezes não se justifica, mas está escrita para ser pensada e avaliada, como estamos fazendo agora com o PT.
Que continuemos ousados e radicais, na busca pela democracia como valor universal e na incessante luta contra a pobreza. Valeu ousar. Valeu ter feito. Temos que festejar intensamente esses 33 anos de muitas lutas e conquistas.
Por Adeli Sell
Presidente Municipal do PT
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