Alves contou que, quando viaja para falar sobre arte urbana, geralmente as pessoas não acreditam que Porto Alegre possa ter um acervo tão rico de monumentos e esculturas públicas, inclusive de arte contemporânea. Lembrou que enviou um exemplar de seu livro A Escultura Pública de Porto Alegre para a biblioteca da Universidade de Barcelona e acabou sendo convidado para ministrar um curso por lá, “tal a importância que viram no acervo”.
O palestrante informou que Porto Alegre tem uma infinidade de monumentos que homenageiam datas e pessoas, peças das artes cemiterial e contemporânea e “até daquela arte que visa a dar status cultural” a algum espaço. “Todas essas categorias são muito fortes na cidade, acima da média em relação às outras capitais”, frisou. Alves também citou o fachadismo como característica singular do município. “Não existe na América Latina cidade que tenha uma produção tão grande em estatuaria em fachadas”, afirmou. “Esse fenômeno só ocorreu aqui.”
Segundo Alves, o vandalismo é, infelizmente, outra característica marcante de Porto Alegre, tendo se acentuado nos últimos 15 anos. “Os equipamentos urbanos e as obras de arte sofrem muita depredação; é um problema crônico que não se repete no Brasil nesse nível”, atestou. “Os bancos e lixeiras podem ser substituídos, mas as obras de arte não.”
Na opinião de Alves, ainda é possível reverter a situação de destruição. Ele lembrou de uma audiência pública ocorrida na Câmara sobre obras de arte públicas. “Vi que muitos vereadores estavam preocupados e reconheceram que a Câmara deve fazer mais sobre esse assunto”, disse. Também recordou do público que destacou o quanto importante é cuidar do patrimônio.
Alves citou que as obras de arte públicas de Porto Alegre têm diversas origens: concursos, eventos - como a Bienal – e autorizadas pela Câmara. Dessa forma, na sua opinião, seria fundamental a criação, pela prefeitura, de uma comissão específica de avaliação das peças. Lembrou que, para a inserção de qualquer monumento ou obra ao ar livre, precisam ser levados em conta diversos aspectos, entre eles qualidade plástica e segurança para a população. “São questões que envolvem as áreas da cultura, do planejamento urbano e meio ambiente”, considerou.
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