segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Porto Alegre já foi demais!

Por Fábian Chelkanoff, retirado do Blog Etconteudo 

Quando saí de Santa Cruz do Sul, em 1991, de mala e cuia, para morar em Porto Alegre, sabia que estava chegando numa cidade grande. Comparado com Santa Cruz, é melhor nem comparar… Cheguei aqui com alguns medos. Entre eles, a insegurança. A Capital era uma cidade escura, feia, suja. Tinha lixo por tudo que era lado. As ruas não eram iluminadas. Para um guri do interior, dava medo. Meus amigos e colegas, no entanto, tiravam de letra.

Porto Alegre mudou muito nestes 20 anos. Muito, mesmo. Hoje, depois de conhecer boa parte das 27 capitais brasileiras (contando Brasília, é claro), tenho certeza de que Porto Alegre está bem. Na verdade, estava bem. Nos últimos anos, aquela cidade que conheci em 1991, retorna vagarosamente.

Pegando apenas um lado desta história… Está cada vez mais difícil dirigir na capital. Por vários motivos, que fique claro. Um dos principais problemas somos nós, motoristas. Somos incompetentes e arrogantes: estou pra ver lugar com menos ajuda no trânsito. Dar espaço para um carro entrar, passagem para um ciclista, pedestre… nem pensar. O que se quer é chegar antes, mesmo que a única maneira seja passando por cima das regras e dos outros.

Mas o poder público se esforça para piorar isso tudo. Sinalização mal feita, pinturas de faixas desgastadas, asfalto muito mal conservado (quando ainda existe) e uma total inexistência de fiscalização educativa.

Eu poderia citar dezenas de casos, mas ficarei com três:

1 – Faixas de segurança nos lugares errados. É inacreditável pensar que um especialista em trânsito possa colocar uma faixa para pedestres numa esquina de rua secundária, na saída de uma grande avenida, sem nenhum recuo. Entendem o que eu quero dizer? Estou numa avenida de grande circulação, quero converter para a direita e, na esquina, uma faixa de segurança. Na esquina! Mas como assim, Flipper? Segurança pra quem? O pedestre, se atravessar, correrá risco. O motorista se parar, pode ocasionar um acidente. Quem é o inteligente que pensa nisso? E ganha para isso? E para melhorar, dois azuizinhos ficam parados, na equina, caneteando quem não oferece espaço para os pedestres. Ok, ok… mentes iluminadas. Por favor, façam uma defesa com grades por uns 30 metros e criem a passagem, com segurança, mais no meio da quadra. Assim, os carros poderão parar sem ter medo de provocar acidentes. As pessoas poderão confiar que atravessarão a rua em segurança. Um parceiro já escreveu sobre isso. Olhem lá o post do Rodrigo Machado.

2 – Sinalização mal pintada no chão. Quem anda pela Princesa Isabel, ao chegar ao início da Bento Gonçalves, na direção da Azenha, se depara com uma outra ideia brilhante. São três faixas. A da direita está pintada indicando que só pode ser usada para quem quer converter. Mas é claro, todos a utilizam para aliviar o gargalo e o congestionamento, e seguem reto. Ao entrar na Azenha, são apenas duas faixas e uma tranqueira só. Minimamente pode existir uma sinalização mais efetiva. Um conjunto de placas ajudaria. Marcações verdadeiras no chão e não apenas pinturas esquecidas. Nunca vi uma economia tão grande em sinalização correta e uma alegria em liberar pinturas sem nenhum cabimento no asfalto. Deve custar muito caro para o poder público fazer a coisa certa. Mas muito, infinitamente mais barato do que os acidentes que ali ocorrem.

3 – Asfalto mal conservado (quando existe). Aqui está o ponto mais irritante. Porto Alegre é um queijo suíço. O asfalto da cidade é tão mal conservado que já foi cenário para um jogo de golfe, realizado por publicitários. Não lembras? Confere aí, como os caras dizem que é o Paraíso do Golfe. Vergonhoso.


Quem anda pelas principais avenidas da cidade sabe do que estou falando. São buracos, rachaduras, crateras, mais buracos, novos buracos, antigos buracos e enormes buracos. Sem contar aquelas partes de mil, 2 mil metros em que o asfalto se foi e ficou alguma coisa não conhecida no lugar. Alguém sabe o nome? Andem pela Ipiranga. Façam esse desfavor pra vocês. De ônibus, parece um liquidificador. De carro, uma batedeira. De moto ou bicicleta, uma aventura. Agora, imaginem se as avenidas estão assim, o que resta para as ruas secundárias?!

Essa foto é da rua Machado de Assis, quase esquina com Av. Ipiranga, quatro quadras distante do Bourbon Ipiranga. Todos se acharam? Muito bem localizado, né? Pois fui morar na rua em novembro de 2009 e o buraco já existia. Em dias de chuva, vira uma lagoa perigosa. Pode engolir uma roda. Essa foto foi tirada ontem, sexta, dia 28 de outubro de 2011. E o poder público não faz nada. Ou melhor, coloca um cavalete para sinalizar, de vez em quando…


O ano de 2012 nos é pródigo. É ano de eleição. Não estou dizendo que a culpa é somente de quem está no poder. Mas não sou daqueles que acha que em três anos não da para fazer nada. Porto Alegre pode ser muito mais. Acreditem. E nem precisa de musiquinha ridícula e propaganda de Zaffari para convencer ninguém.

Um comentário:

KahrlaNy disse...

Só posso dizer se "Porto Alegre é de mais" sai fora. Fico impressionada com dificuldade administratica e gerencial da atual gestão e quando à SMT de Porto Alegre não há possibilidade de comentários favoráveis, só buracos...
Muito bom o texto.