sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Nos 32 anos, PT faz auto-crítica e debate perspectivas

Cerca de 60 pessoas, entre militantes, vereadores e dirigentes, compareceram ao almoço
Para festejar os 32 anos de fundação do PT, o Diretório Municipal promoveu nesta sexta-feira (10.02) uma atividade que tinha por objetivo fazer uma profunda auto-crítica e uma discussão democrática sobre os caminhos que o PT trilhou até aqui e os rumos que tomará no futuro. O Almoço Temático “O PT pensa o PT” foi realizado no Centro de Eventos Iole Kunze, nos fundos da sede municipal – agora ampliado e disponível para todos os militantes do partido.

O prefeito de Canoas Jairo Jorge, o deputado federal Ronaldo Zulke e o advogado e militante Antônio Castro foram os palestrantes da atividade, mediada pela secretária de Comunicação do PT-POA, Michele Sandri, e pelo presidente do diretório, vereador Adeli Sell, que na sua saudação inicial lembrou que nesses 32 anos, o PT mudou com o Brasil, mas continua fiel a seus compromissos iniciais de construir uma sociedade igualitária, pautado sempre pela vontade majoritária das bases.

Muito se falou sobre a criação do PT, um partido que segundo os palestrantes nasceu para transformar e mudar o Brasil e que permitiu a todos e todas sonhar a construção de uma sociedade justa e solidária.

O militante Antônio Castro acredita que o PT é diferente dos outros partidos porque as circunstâncias de sua criação na década de 80 eram diferentes. Tratava-se de um tempo em que a classe trabalhadora estava em ascensão, migrando para os grandes centros urbanos do País. “Havia a necessidade de criar um partido plural, de massas, presente em todas as lutas sociais”, afirmou.

Ele enumerou o que considera as três distinções estruturantes do PT: é um partido dos trabalhadores, como o próprio nome diz, porque sempre se destinou a ser o representante político das mais variadas classes; governa e luta pelas massas e por isso irá existir enquanto houver luta social; além de sempre ter almejado governar, e por isso chegou lá.

Castro acredita, no entanto, que a perspectiva revolucionária saiu da pauta dos socialistas. “Num mundo robotizado e tecnológico, não há mais espaço para o operário”, revelou. Mas afirma que o partido não pode abrir mão de aprofundar e resgatar o sentimento de utopia e de democracia. “O mundo só será socialista se as massas assim o quiserem”.

Movimentos Sociais
O deputado federal Ronaldo Zulke, segundo a discursar, lembrou que sua trajetória política se confunde com a história do partido e falou com saudades dos idos de 1980, quando os fundadores do PT iam de bairro em bairro colher assinaturas de novos filiados para que conseguissem criar o partido. “Nós conseguimos e com o passar do tempo fomos construindo uma grande vanguarda popular e social”.

Lamentou o fato de hoje o partido estar “consideravelmente afastado dos movimentos sociais” e reforçou a necessidade de retomar os diálogos. Por outro lado, citou como positivo a atuação do partido no Parlamento e no Executivo. “Nossa experiência no poder passou a ser referência mundial. Temos muito o que comemorar, porque contribuímos muito com a democracia, que avançou e se consolidou com a presença do PT”.

Novos desafios
Jairo Jorge, prefeito de Canoas, lembrou que o grande elemento diferencial na criação do partido foi a ideia de emergência, de construir um partido de baixo para cima. “A ideia dos caciques, da verticalização era uma marca da política brasileira na década de 80. O PT nasceu com outra visão, da horizontalidade, da não pactuação”, sintetizou.

Embora o sucesso do partido, ele considera que o PT hoje tem novos desafios e precisa avançar, principalmente nos cinco itens que enumerou: democracia participativa; questão ética; modelo de desenvolvimento - acrescentando não somente o social, mas também o ambiental; garantia de oportunidades e efetividade das ações. Esta última foi a que mais mexeu com os presentes, que concordaram que o modo petista de governar precisa estar centrado no interesse público, sempre respondendo e propondo mudanças para as novas angustias da população.

O prefeito canoense acredita que o maior desafio do PT é a inovação. “Precisamos ter novas soluções para os problemas que também são novos”, disse ele, acrescentando que “para sermos novos não basta repetir o passado. Temos que nos reinventar e adotar outro discurso, sempre calcado nos setores médios e baixos da sociedade”.

Empoderamento popular
Os vereadores Engenheiro Comassetto, Mauro Pinheiro e Sofia Cavedon também participaram do debate e trouxeram importantes contribuições. Na avaliação de Sofia, uma das soluções para a reinvenção do PT estaria no empoderamento da fala popular.

Embora a auto-crítica, o fato é que trinta e dois anos se passaram, e o PT tem muito a comemorar. Nesse tempo elegeu além do primeiro operário presidente, a primeira mulher presidenta, muitos deputados estaduais, federais, senadores, prefeitos e vereadores. Parte deles já se foram, outros se perderam pelo caminho, oportunistas e aventureiros se aproximaram, mas o PT se transformou na maior experiência de luta, organização política dos trabalhadores e modelo para outros países.

É claro que o PT precisa se reiventar, mas o grande desafio do PT não é diferente do objetivo para o qual o PT foi fundado: reconstruir sonhos, motivações para a militância fazendo o Brasil cada vez mais igualitário, justo e lutar para implementar um dos principais desafios de nossa presidenta Dilma Roussef:a erradicação da pobreza extrema e a criação de oportunidades para todos.

O próximo Almoço Temático será realizado no dia 02 de março, inaugurando as atividades do partido da semana da mulher.

Por Tatiana Feldens, Asscom PT-POA

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