sábado, 30 de janeiro de 2010

10 ANOS DE FÓRUM E SUAS LIÇÕES

Adeli Sell

Centralizado em Porto Alegre, largado pelo mundo ou em vários locais ao mesmo tempo? Fácil. Centralizado em Porto Alegre seria a garantia mínima de sua sobrevivência e eficácia.

Plural, democrático, autônomo, lá isto ele é. Mas a dispersão não constrói avanços na democracia, nas conquistas sociais e na sustentabilidade. Ideias, demandas, aspirações, sonhos têm que ter um destinatário. Emissores há muitos, mas não haverá comunicação se isto tudo não chegar aos gestores de todas as partes do mundo, aos parlamentos e aos que não conseguiram contribuir com o debate, e muito menos chegar até aqui, no evento.

De um Fórum ao outro é preciso suar a camisa, não apenas pensar em como fazer ou esperar que os governantes, por um passe de mágica, façam tudo o que se quer. Lula deu uma boa dica no seu discurso no Gigantinho: entre o fim deste Fórum e o outro, do ano que vem, ajudem a reconstruir o Haiti. Ajudem a reconstruir o Haiti, realizando campanhas efetivas, não apenas denunciando os desmandos dos seus sucessivos governos e o hegemonismo americano. Ajudem a fazer algo pelo meio ambiente todos os dias.

Só de ver as atividades do Fórum, deu para ver que não foi pensada nenhuma campanha de reciclagem para valer. Num espaço que tanto se consome e tanto se polui, o que será deixado de retorno de sustentabilidade para Porto Alegre?

Não adianta falar mal da Coca e da Pepsi, se não formos capazes de nos articular para garantir o guaraná Fruki ou a Água da Pedra para todos.

Força existe ainda no Fórum. A caminhada de abertura foi pujante. As centrais sindicais botaram força e até parecia que tinham feito isso para medir estatura. Houve bons debates. Mas, também houve visível esvaziamento de pessoas de fora. Pouca gente de fora do Brasil, pouca gente de estados mais distantes. E, sob o ponto de vista dos investimentos, não foi a melhor das coisas.

Houve gastos exagerados das prefeituras com eventos musicais, sempre para o mesmo público, como acontece regra geral com a nossa cultura.

Vivemos a sociedade do espetáculo, e o Fórum não fugiu disso.

Felizmente, alguns debates se destacaram, como o dos Direitos Humanos, cujas propostas governamentais recebem ataques violentos. Então, foi bom para o debate brasileiro. O lançamento da coleção de livros sobre a ditadura, na Assembléia, foi um sucesso sem precedentes. Houve várias oficinas sobre o tema, e todas com bons resultados. É exultante, porque ninguém quer mais ditadura, tortura e censura em lugar algum do mundo.

Voltarei ao tema do Fórum, e também das Casas Bahia.  Aguardem.

Adeli Sell é vereador e presidente do PT-Porto Alegre

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