(Texto de Zé Dirceu)
Os donos de jornais, rádios e TVs gostam muito de defender a “sua” liberdade de imprensa e expressão, mas não de conceder a outros essa mesma liberdade. Também têm medo de enfrentar o debate.
É por isso que seis das oito entidades empresariais que participavam da comissão organizadora da Conferência Nacional de Comunicação (CONFECOM), convocada pelo governo Lula, atendendo a um reclamo da sociedade e com realização prevista para o período de 1 a 3 de dezembro próximo, anunciaram formalmente ontem sua saída da Conferência.
O movimento de saída foi liderado pela Globo, por meio da ABERT (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e TV), a entidade dos radiodifusores, e envolveu os representantes de jornais, revistas, TVs por assinatura e provedores de internet. Só permaneceram na comissão organizadora a ABRA - dissidência da ABERT - que tem como principais sócios a Bandeirantes e a Rede Vida!, e a Telebrasil, entidade das operadoras e da indústria de telecomunicações. Além dos representantes da sociedade civil e do governo.
A decisão de saída acontece porque esses empresários queriam limitar a pauta da Conferência ao futuro - enquanto a sociedade civil quer discutir o passivo da radiodifusão - e também exigiam quórum qualificado para determinadas votações. O governo até aceitou o quórum qualificado para temas relativos à ordem econômica, mas descartou qualquer poder de veto ao debate.
O aceno das autoridades não alterou a situação pois, de fato, a decisão de sair, segundo participantes da reunião das entidades empresariais, já estava tomada antes da primeira reunião com os ministros coordenadores da Conferência: Hélio Costa, das Comunicações; Franklin Martins, da Comunicação Social; e Luiz Dulci, da Secretaria Geral.
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