Onde está o busto de Apolinário?
Neste dia 29 de agosto transcorrem os 165 anos de nascimento daquele que foi considerado um dos maiores intelectuais da Província do Rio Grande do Sul: Apolinário Porto Alegre. Natural da cidade de Rio Grande, ele veio para a capital ainda na adolescência e aqui escreveu uma trajetória brilhante, mas ao mesmo tempo trágica. Apolinário viu a esposa que amava falecer em seus braços e quatro meses depois viu a cena se repetir com sua filhinha. Tudo isto no trágico ano de 1891. Mas Apolinário iria também sofrer a sanha perseguidora de uma política feita com ódio, que não suportava contestadores e opiniões contrárias às forças governamentais então vigentes na época quando aqui no estado transcorria a carnificina da Revolução Federalista, onde se degolavam opositores e se apoderavam de suas vestimentas. Incrivelmente, Apolinário escapou ileso de três atentados, mas teve que exilar-se no Uruguai para garantia da própria vida.
Homem de inúmeras aptidões que lhe permitiam ser, ao mesmo tempo, poeta, romancista, educador, dramaturgo e jornalista, ele exerceu uma grande influência na formação mental da mocidade da sua época. Fez do seu retiro rural da “Casa Branca”, durante anos, “’a verdadeira sede da atividade intelectual do Rio Grande”. Nas palavras de Guilhermino César “raras vezes, na história do pensamento brasileiro, ter-se-á visto um homem tão bem dotado para tarefas diversas. Interessado por todos os aspectos da cultura… E pelo conjunto de seus trabalhos Apolinário Porto Alegre há de ser lembrado como um dos grandes vultos nacionais”. Ele foi também o fundador da Sociedade Partenon Literário, instituição cultural que marcou a história deste estado e agregava os maiores intelectuais da época como Caldre e Fião, Múcio Teixeira, Lobo da Costa e a pioneira do feminismo, a professora Luciana de Abreu.
Apolinário Porto Alegre viveu os seus últimos anos imerso em tristeza e solidão. Mas nunca abdicou de seus princípios, de suas opiniões e sempre acreditou no sonho de um Rio Grande mais livre e mais justo. Neste dia em que comemoramos os 165 anos de seu nascimento, a melhor forma de homenageá-lo é pedir, ou melhor, reivindicar, a reconstrução do busto erguido em sua homenagem na Praça Argentina, no centro da capital, e dilapidado recentemente. O desaparecimento do busto em sua homenagem demonstra o desrespeito não só à memória deste grande escritor, mas também um desrespeito ao Patrimônio Público. A Sociedade Partenon Literário, ciente da importância e gravidade desta situação começa a partir de 29/08/09 uma “Campanha pela reconstrução do Busto de Apolinário”, principal fundador desta entidade no ano de 1868. Cooperem com esta iniciativa. Todo o apoio é fundamental.
Benedito Saldanha
Escritor e pesquisador
Presidente do Partenon Literário
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