domingo, 18 de julho de 2010

E o que fazer com os pequenos Postos de Saúde?



Publicado com autorização do autor


Li com muito interesse os artigos sobre “As UPAs e a superlotação das emergências”, pois trata de um assunto que levantamos já há algum tempo: pequenos postos de saúde sem resolução. Os prefeitos do interior do Estado optam pelos pequenos postos de saúde, a maioria com poucos profissionais e pouca resolutividade. Perdem muitas vezes a credibilidade da população, que sabe não adiantar ir até lá, pois não haverá fichas para consulta... Já outros optam por um posto 24 horas com atendimento das especialidades básicas e o principal: ambulâncias! E não porque os gestores locais queiram trazer todos para Porto Alegre, mas sim pela ausência de serviços de alta complexidade próximos que sirvam de referência para aquele pequeno município e as referências regionais nem sempre funcionam de acordo com o pactuado entre os municípios.

Muitos desses pequenos postos, não têm condições de prestar serviços ou pessoal suficiente para isso. Normalmente, faltam “fichas”, ou seja, falta oferta de serviço para aquela demanda que procura aquele pequeno posto de saúde, são pequenos postos de saúde sem resolutividade, motivo pelo qual vários prefeitos têm optado pelos postos 24 horas, com atendimento ininterrupto nas especialidades básicas e com um pequeno ambulatório e enfermaria para a primeira medicação. As UPAs são apenas uma outra denominação para isso, terão resolutividade, evitarão a ida direta às emergências, mas precisarão de profissionais, e a Lei de Responsabilidade Fiscal está aí, impedindo novas nomeações. Retirar os médicos que já trabalham precariamente nos pequenos postinhos? Quem vai ter a coragem de tomar essa medida administrativa e política? Em época de eleições?

Apesar da propaganda insistir que tudo se resolverá com medicina de família ou cuidados preventivos, muitas vezes a doença está já instalada e é grave. A soma de fatores onde as baixas condições sociais são o mais importante leva essa mesma população a procurar os serviços de urgência, pois a doença já está em atividade e não é mais uma questão de prevenção e sim de atendimento médico. Se o pequeno posto de saúde está fechado ou sem profissionais atendendo, onde mais procurar atendimento? Nas emergências e hospitais. Nos plantões!

Vale a pena discutir antes das eleições: manter pequenos postos de saúde com poucos profissionais com um pequeno número de atendimentos além de pequenos cuidados em enfermagem? Ou juntar todos esses recursos em UPAs, com profissionais em número suficiente, com ambulatório de enfermagem, meios diagnósticos e manter as equipes de saúde da família voltadas para sua finalidade básica, que é evitar que as pessoas adoeçam e cheguem até o atendimento médico localizado dentro das emergências? Evoluir, porém, sem destruir, para isso a discussão parlamentar e das comunidades.

José Andersen Cavalcanti Júnior
Médico Perito Judicial
Medico Perito Federal
Ex Médico Chefe da Junta Médica da Receita Federal do RS
Ex Médico Assistente Técnico da Advocacia Geral da União
Ex Chefe do Grupo de Perícia Médica dos Servidores Federais MS / RS
jose_andersen@via-rs.net

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